O processo de transição da economia mundial, principalmente a partir da década de 1970, compreendeu um enorme rearranjo das forças produtivas dado o grau de desgaste do modelo fordista de produção, levando em consideração as necessidades por parte das grandes potências imperialistas com suas megacorporações transnacionais. Desta forma, o capitalismo a partir da classe dirigente procura romper com o modelo de acumulação gestado no pós-Segunda Guerra para poder avançar no sentido da reorientação para a acumulação.
Podemos afirmar que nesse período que compreende o final da década de 1960 e início de 1970, o esgotamento do padrão fordista de produção e acumulação demonstrou a sua fadiga e escapou a capacidade do sistema capitalista de conseguir se expandir e reproduzir ininterruptamente conforme suas pretensões inerentes. Apesar da capacidade do capital se perpetuar, a contradição do próprio sistema gera crises, por onde observamos a fadiga dos ciclos de expansão que interrompem o processo de acumulação. O ciclo de expansão keynesiano que se esgotou pode também ser denominado “a fase final de expansão do modelo intervencionista ou dirigista keynesiano”. A partir de então, o modelo toyotista (da indústria japonesa) e neoliberal entra em cena; fruto de uma simbiose entre tecnologias mais avançadas, reengenharia e desregulamentação com liberalização financeira.
A denominada “Era de Ouro do Capitalismo”, expressão consagrada na literatura pelo historiador egípcio-britânico Eric Hobsbawn passa a ser descrita como um período histórico do capitalismo, onde o pacto social permitiu o avanço da seguridade social com aumento da produtividade do trabalho e da geração de emprego e renda nos moldes das engrenagens simbióticas entre o modelo keynesiano dirigista intervencionista de investimentos públicos e alocação de recursos de crédito e fomento de empresas alicerçadas no padrão fordista de produção.
A partir do avanço do desgaste desse modelo keynesiano de engrenagem fordista de acumulação que data do final da década de 1960 para os conturbados anos de 1970 passa-se a constituir um novo rearranjo. Sendo assim, uma nova configuração do sistema capitalista passa a operar sob uma lógica de acumulação e reprodução baseada na intensificação de tecnologias lastreadas pela revolução tecnológica da microeletrônica e há uma reorientação rumo a estratégias mais ofensivas de internacionalização das empresas e concentração de poder econômico e político por parte dos grandes conglomerados transnacionais. Nesse momento, no estágio de transformação dos processos passa a ocorrer uma exacerbada mobilidade de capital na direção dos mercados financeiros com o suporte dos Estados imperialistas mais desenvolvidos e dinâmicos economicamente capitaneados pelos EUA.
O neoliberalismo inicia a sua trajetória de expansão e integração com maior força política a partir da década de 1980, atuando com forte impacto sobre as economias atrasadas por intermédio do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco BIS de Basileia e demais instituições multilaterais de suporte do imperialismo na Era da Globalização Econômica Financeira Neoliberal. (EGEFN). As exigências de ajuste fiscal, controle monetário e cambial continua a ser a diretriz mais importante da estratégia do imperialismo nesse início da década de 2020 pós-COVID-19 imposta aos países periféricos como o Brasil, onde o Banco Central tornou-se a instituição nacional mais importante a serviço dos grandes capitalistas internacionais, em especial, banqueiros e rentistas em conluio com a classe dominante nacional oportunista e entreguista historicamente lapidadas.
Artigo publicado, originalmente, em 25 de março de 2023.