Apesar da fuga de Edmundo González para a Espanha, a oposição venezuelana, abertamente golpista e a serviço do imperialismo, continua sua campanha de agitação para desestabilizar o regime bolivariano de Nicolás Maduro. Mesmo com a ausência de González no cenário político interno, as declarações de Juan Pablo Guanipa, ex-governador do estado de Zulia, deixam claro que os golpistas não pretendem recuar em seus esforços e têm nos militares um alvo da agitação golpista preferencial.
Segundo o ex-governador, “nossa estratégia é conseguir fazer com que as bases que ainda sustentam Maduro no poder entendam que o que o regime tem feito não é nada bom e que o país precisa respeitar a vontade do povo nas urnas”. O opositor insiste que a saída de González não representa um enfraquecimento da mobilização, afirmando que o ex-diplomata poderá agora articular melhor o apoio internacional para o golpe, especialmente com o “mundo ocidental”.
No entanto, a realidade mostra um cenário diferente do que Guanipa tenta vender. A própria Folha de S.Paulo, em matéria intitulada Apostamos em levante da base militar e institucional na Venezuela, diz opositor, mesmo tradicionalmente alinhado aos interesses imperialistas e golpistas na América Latina, reconheceu na reportagem supracitada que as manifestações opositoras vêm perdendo força. Segundo o jornal, “já há menor participação das favelas, os chamados barrios“.
Essa admissão demonstra que, apesar de toda a agitação promovida pelos golpistas, o apoio popular à oposição está minguando. A tentativa de forjar uma revolta interna contra o governo bolivariano, baseada em pressões externas e propaganda imperialista, não está surtindo os efeitos esperados.
Apesar disso, os Estados Unidos mantêm a ofensiva contra a Venezuela. Recentemente, o governo norte-americano, em mais um ato de agressão, sequestrou um avião venezuelano, buscando aumentar a pressão sobre o país sul-americano. Em retaliação, a Venezuela prendeu um militar da nação imperialista em seu território, demonstrando que o país não cederá às ameaças do imperialismo.
Essas ações refletem a contínua tentativa dos EUA de desestabilizar a Venezuela, utilizando-se de todas as ferramentas disponíveis, desde sanções econômicas até a cooptação de setores da oposição interna, como González e Guanipa. É importante lembrar que essa campanha golpista não é uma novidade.
Desde a ascensão de Hugo Chávez ao poder e a consolidação do regime bolivariano, o imperialismo, liderado pelos EUA, tenta derrubar o governo venezuelano por meio de sabotagens, golpes e pressões internacionais. A chamada “oposição” venezuelana é composta por uma camada da burguesia ligada ao imperialismo, que sempre serviu aos interesses do grande capital e das potências estrangeiras e sempre tentou destruir as conquistas populares e retomar o controle do país para entregá-lo de volta às mãos dos monopólios internacionais.
Guanipa, em sua fala, faz referência às Forças Armadas venezuelanas, tentando insinuar que existe uma divisão nas bases militares e que, por meio de pressões internas e externas, seria possível promover uma ruptura com o regime. Ele afirma: “Note que, antes que tivéssemos os mais de mil presos que temos agora [são quase 1.800 prisões políticas até aqui, segundo a ONG Foro Penal], tínhamos mais militares detidos políticos do que civis”. O opositor tenta usar essas prisões como argumento de que há um descontentamento crescente entre os militares, sugerindo que as “bases” das Forças Armadas podem ser convencidas a apoiar um golpe contra Maduro.
Sobre esse aspecto é necessário ressaltar que os números de presos políticos, alardeados pela oposição e por ONGs como a Foro Penal, devem ser tratados com cautela. Essas cifras são frequentemente manipuladas para justificar a narrativa de que o regime bolivariano seria uma “ditadura”, quando, na verdade, muitas dessas detenções ocorrem em resposta a atos concretos de sabotagem e conspiração contra o governo venezuelano. É fundamental compreender que a Venezuela está em um estado de autodefesa permanente, enfrentando ameaças internas e externas coordenadas pelo imperialismo.
Nos últimos meses, além da fuga de González e das ações golpistas internas, outro acontecimento importante foi a decisão do governo Maduro de revogar a representação brasileira na Embaixada da Argentina na Venezuela. A medida adotada pelo governo brasileiro é claramente um auxílio à política imperialista e mostra a capitulação do governo brasileiro aos interesses estrangeiros.
Desde a eleição de Lula, o Brasil, que historicamente desempenhava um papel de apoio ao regime bolivariano, o governo tem cedido às chantagens da ditadura mundial e se afastado da Venezuela e adotado uma postura cada vez mais conciliadora com o imperialismo. Essa mudança de política externa é extremamente prejudicial para toda a América Latina, que precisa de união para resistir à ofensiva imperialista.
Apesar de todas essas pressões, a Venezuela continua resistindo. O país tem enfrentado sanções econômicas, bloqueios e campanhas de desinformação promovidas pelos principais veículos da imprensa golpista mundial. Mesmo com o abandono de seu principal parceiro na América Latina, o Brasil, a Venezuela se mantém firme na defesa de sua soberania. O governo de Nicolás Maduro, herdeiro do legado de Hugo Chávez, tem sido capaz de sobreviver a essas adversidades graças ao apoio popular e à capacidade de mobilização das forças internas que ainda acreditam no projeto bolivariano.
No entanto, para que essa resistência continue a ter sucesso, é essencial que o governo brasileiro mude sua postura e retome o apoio à Venezuela. O Brasil, como uma das principais potências da região, tem a responsabilidade de se opor às intervenções imperialistas e apoiar seus vizinhos em momentos de agressão externa. O governo Lula deve, urgentemente, abandonar sua política de conciliação com o imperialismo e assumir uma postura de defesa dos interesses dos povos latino-americanos.
A Venezuela continua sendo um bastião de resistência contra o imperialismo na América Latina. Apesar da constante pressão externa e das tentativas de desestabilização promovidas pela oposição golpista, o regime bolivariano permanece firme. A saída de Edmundo González e as manobras golpistas não devem ser subestimadas, mas também não podem esconder o fato de que manifestações opositoras estão perdendo força, como reconhecido pela própria imprensa golpista. Cabe agora ao governo Lula reconhecer a gravidade da situação e adotar uma política externa que esteja à altura da história de solidariedade e luta anti-imperialista da América Latina.