Nos próximos 10 meses, o mundo passará por eleições em mais de seis dezenas de países, onde se situam mais de dois terços da população do planeta. Entre eles, estão a Venezuela, o Irã, a Rússia e os Estados Unidos. A União Europeia, que reúne 27 países, também terá eleições.
Ao fazer um panorama sobre as disputas em todo o globo, o jornal britânico The Economist chegou à seguinte conclusão: a “democracia” estaria sob risco, por vários motivos distintos.
No Paquistão, as redes sociais e a inteligência artificial estariam afetando o regime político, favorecendo o ex-primeiro-ministro Imran Khan. Nos Estados Unidos, uma provável vitória de Donald Trump poderia “acelerar a reversão da onda democrática instaurada após a Guerra Fria”. Na Venezuela, Nicolás Maduro estaria perseguindo seus opositores, mesmo após ter indicado que iria firmar um acordo com os Estados Unidos visando o fim das sanções.
Ao ler o artigo do periódico britânico, tem-se a impressão de que a tal “democracia” – seja lá o que signifique – está sob intenso ataque. Será mesmo?
Se há um inimigo de qualquer “democracia”, este é o imperialismo. Foi ele, por exemplo, que estabeleceu a ditadura de Dina Boluarte no Peru e a ditadura de Javier Milei na Argentina. Curiosamente, esses países não foram citados pelo jornal. A preocupação não é, portanto, se os povos terão direitos democráticos ou se viverão sob censura e repressão.
A grande preocupação do imperialismo com as eleições de 2024 é que, nos países chave, ele pode ser derrotado. É o caso da Rússia, onde a reeleição de Vladimir Putin são praticamente favas contadas. Assim como o da reeleição de Maduro na Venezuela. Também é o caso das eleições norte-americanas, em que Donald Trump, que representa um setor mais frágil do imperialismo, pode sair vitorioso.
As possibilidades de derrota do imperialismo neste ano também se estendem aos países de segunda linha na importância para a política mundial. No Paquistão, os aliados de Imram Khan já declararam vitória. Na Bielorrússia, a vitória de Aleksander Lukashenko também é certa.
Embora as eleições sejam muito mais um retrato da correlação de forças do que propriamente uma ferramenta para modificar a correlação de forças, o fato é que há um sério risco de o imperialismo sair ainda mais enfraquecido após as disputas do ano de 2024. Tudo isso após a iminente derrota na Guerra da Ucrânia e o sucesso da Operação Dilúvio de al-Aqsa.
A acusação de que a “democracia” estaria sob risco, por sua vez, é mais do que o choro de perdedor. Indica que, para reagir às derrotas, o imperialismo se prepara para uma onda agressiva de golpes de Estado.