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Palestina

Defender o genocídio é ‘democrático’; denunciá-lo é ‘racismo’

Colunista da Folha acusa Genoino de "beneficiar a extrema direita" por ter denunciado o sionismo

No último dia 24 de janeiro, a pesquisadora e professora aposentada da USP Maria Hermínia Tavares publicou coluna na Folha de S. Paulo chamada O que ele não poderia dizer. O artigo toma como gancho a declaração correta de José Genoino contra os empresários sionistas que assinaram carta criticando a posição do governo que apoiou a ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ).

Decerto que a declaração do ex-presidente do PT foi atacada pelo sionismo e pela direita como “antissemitismo”. A cartada é típica dos cínicos para esconder seu apoio ao genocídio e limpeza étnica promovidos por “Israel” contra os palestinos.

A autora se apresenta como defensora de uma “anti-polarização”. A polarização, segundo ela, é um problema de opinião. “Em toda parte, a radicalização sempre foi um empreendimento das lideranças políticas, gerido por seus seguidores mais ativos. No Brasil, desde as eleições de 2014, a disputa pelo poder se encrespou“.

Em suma, para ela, a polarização seria obra de políticos “radicais”, não produto de uma crise social profunda. Seriam, portanto, os “radicais” que produzem a polarização, e não o contrário. Ela não explica, por exemplo, que a “encrespada” disputa política a partir de 2014 foi impulsionada pela direita que ela chama no próprio artigo de “pragmática”.

Essa “direita pragmática”, para livrar-se da esquerda no governo, uma necessidade econômica e política dos setores imperialistas, impulsionou a extrema-direita bolsonarista para um golpe de Estado.

Passados 10 anos, a professora parece ter esquecido desse fato. Agora ela quer uma “pacificação” com os mesmos setores que impulsionaram os bolsonaristas. E, para isso, ela clama pelo controle dos “radicais”:

“O apoio significativo do público sustenta os esforços de pacificação. Contudo, seu êxito exige, de um lado, isolar a extrema direita adepta do autoritarismo; de outro, educar para a tolerância uma parcela da esquerda que se quer democrata, mas, na hora do vamos ver, lhe é refratária.”

A história recente do País mostra que para “isolar a extrema direita”, em primeiro lugar, seria preciso esmagar aqueles que ela chama de “direita pragmática”. Se podemos apontar “lideranças políticas” culpadas pelo que o Brasil passa hoje, seriam esses “pragmáticos”, mas ela quer mais poder para eles.

Em contrapartida, ela quer a esquerda calada, ou “educada”, se usarmos o vocabulário eufemístico da professora. Não pode fazer o que Genoino fez. O problema é que, assim como ela, os bolsonaristas também querem calar opiniões como a de Genoino. Os bolsonaristas, a “direita pragmática”, gritam para calar e até prender Genoino. Mas isso, para a colunista, aparentemente não seria “radicalismo”.

“Pois foi nesse ambiente abrasivo que se propagou país afora que o ex-deputado petista José Genoino defendeu o boicote a ’empresas de judeus’ pela guerra devastadora que Israel move aos palestinos de Gaza, em resposta ao massacre de civis judeus perpetrado pelo Hamas em outubro último. Sendo a declaração escancaradamente racista, é até possível supor que a intenção fosse pregar o boicote a empresas israelenses. O difícil é entender por que um político experiente – e de ficha democrática alentada –resolva alimentar a intolerância que aviva a polarização e beneficia a extrema direita.”

A própria autora considera que o que “Israel” está fazendo é uma “guerra devastadora”. Mais um eufemismo da autora para esconder o genocídio de um Estado fascista contra um povo desarmado. Mesmo assim, ela acredita que é a fala de Genoino que instiga a polarização.

Ela acredita, por exemplo, na acusação, já amplamente desmentida, de que o Hamas tenha feito um massacre contra civis israelenses. Mas é interessante que, na sua luta contra a polarização, a ponderada, educada e eufemística professora entenda a “guerra devastadora de Israel” como equivalente à morte de no máximo mil pessoas promovido pelo Hamas em 7 de outubro – uma mentira contada pelos sionistas.

Lendo o artigo da autora, aprendemos que o massacre e genocídio de quase 30 mil palestinos por bombardeios indiscriminados pelas super equipadas forças israelenses – isso sem contar os outros crimes – vale o mesmo do que os supostos mil israelenses mortos pelo Hamas. Isso é ser ponderado, isso é não estimular a polarização.

Segundo a professora, a declaração – vejam só, uma declaração – de Genoino é “escancaradamente racista”. Defender o genocídio, como vemos aos montes nos jornais, na TV, no abaixo-assinado movido contra o governo, na tentativa de calar os opositores, isso não seria “escancaradamente racista”. Talvez isso seja escancaradamente democrático.

A preocupação da professora não é a democracia ou o fim da polarização. Na realidade, sua posição é uma defesa “eufemística”, se assim podemos dizer, da “guerra devastadora”, do genocídio promovido por “Israel”.

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