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Eleições municipais

Debate sobre Marta Suplicy parece conversa de loucos

A chapa Boulos-Suplicy não deveria nem mesmo estar em discussão

Dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), a discussão em torno do retorno de Marta Suplicy ao partido e sua indicação como vice na chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo é dos acontecimentos mais grotescos de que se tem notícia na política recente do País.

O último episódio do caso consiste em artigo do dirigente petista Valter Pomar, publicado no portal Brasil 247 no dia 31 de janeiro, em que ele comenta entrevista concedida pelo ex-deputado do Partido dos Trabalhadores, Adriano Diogo, ao Diário do Centro do Mundo, no dia 10 de janeiro. Nessa entrevista, Adriano Diogo defende que “tinham que fazer uma estátua para Marta em São Paulo”.

O ex-deputado rasga elogios à gestão de Marta de Suplicy em São Paulo ― gestão, inclusive, da qual ele foi secretário do Meio Ambiente. Segundo Diogo, “Marta foi um governo maravilhoso. Espetacular. A Marta Suplicy tem marcas na periferia, como o Bilhete Único, os CEUs. A Marta fez um governo gigantesco“.

Definitivamente, não há limites para o ridículo. Conhecida como “Martaxa”, pela criação de uma profusão de novos tributos municipais, o mais famoso dos quais foi a famigerada “taxa do lixo”, Marta Suplicy e seu governo municipal estiveram a quilômetros de distância de algo remotamente espetacular, sobretudo para os padrões de um governo dirigido por um partido de esquerda.

Diogo dobra a aposta e mergulha de ponta no ridículo e no grotesco ao explicar a participação de Marta Suplicy no golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff do governo em 2016. Para ele, Marta “foi uma das molas propulsoras da eleição da Dilma Rousseff. Depois, lá no governo, houve um desentendimento em que ela errou naquele simbolismo de levar flores para Janaina Paschoal perto daquela senadora do Rio Grande do Sul. Ela errou. Mas a gente precisa ver na política os antecedentes. É uma maravilhosa notícia que a Marta volte ao PT“.

De que forma e por qual meio Marta Suplicy teria sido uma das “molas propulsoras” da eleição de Dilma, ninguém sabe. Diogo também não oferece nenhuma pista. Marta foi prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004 e, na tentativa de se reeleger nas eleições seguintes, perdeu para o tucano José Serra. Ao contrário do que diz Diogo, Marta Suplicy não deixou saudades em S. Paulo e, nesse sentido, não teria a menor condição de servir de “mola propulsora” para Dilma Rousseff.  

A mitologia narrada por Diogo chega ao seu ponto culminante quando afirma que a traição de Marta se limitou ao “simbolismo de levar flores para Janaina Paschoal”. Eis o “erro” de Marta, segundo Adriano Diogo. O que se tem aqui é uma consideração vergonhosa, quase uma provocação àqueles militantes que lutaram contra o golpe de 2016.

Marta Suplicy aderiu sem cerimônia à campanha suja de calúnias contra Dilma Rousseff, Lula e o Partido dos Trabalhadores; votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff; apoiou o governo golpista de Michel Temer, filiando-se na sequência ao PMDB, um dos pivôs do golpe de Estado; votou a favor da Reforma Trabalhista de Temer, um ataque canalha contra os trabalhadores; até há pouco, detinha um cargo no governo do direitista Ricardo Nunes (MDB), sucessor do tucano Bruno Covas. 

A participação de Marta Suplicy no golpe não teve absolutamente nada de simbólica. Ela prestou apoio e foi uma ferramenta política ativa de uma operação de ataque brutal contra o povo brasileiro. Esconder esse fato é um crime contra o povo brasileiro e prejudica de maneira decisiva a evolução da consciência dos trabalhadores. Adriano Diogo envereda por esse crime, e Valter Pomar capitula completamente.

Pomar não considera ridícula a avaliação de Diogo sobre o governo de Marta. Muito pelo contrário. Adotando uma postura extremamente vacilante na questão acerca do seu retorno e indicação, ele reconhece que “a gestão da então petista Marta como prefeita de São Paulo tem enormes méritos” e que tais “méritos passados” possam trazer benefícios para a candidatura de Boulos. 

Pomar capitula, na verdade. Sua posição se resume a apoiar a indicação de Marta para compor a chapa de Boulos, mas se opõe à filiação dela ao PT. Ele tenta encontrar uma posição de conciliação entre a posição da direção majoritária do partido, que trouxe Marta de volta ao PT, e os setores dentro do partido que aprenderam as lições do golpe de Estado de 2016. Trata-se de uma postura contraditória, que cede, ao fim e ao cabo, à tendência oportunista que encampou a manobra do retorno da ex-prefeita.

Adriano Diogo, enlameando-se dos pés à cabeça no oportunismo, coloca Marta Suplicy num pedestal. Valter Pomar, por sua vez, está disposto a entrar só até a altura da cintura nessa mesma lama. O debate em torno de Marta Suplicy parece um debate de loucos.

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