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Liberdade de expressão

De onde vem a censura sobre a Internet? – Parte 2

O que diferencia o TikTok das demais plataformas de comunicação na Internet?

A partir da edição nº 7452, o Diário Causa Operária (DCO) deu início à série De onde vem a censura sobre a Internet?. Diante dos ataques que as liberdades de expressão e de imprensa na Internet vêm sofrendo não só no Brasil, mas no mundo, procuramos explicar quais são as forças políticas que lutam para censurar tudo aquilo que vá contra os seus interesses. Leia a primeira parte aqui.

A Lei de Proteção dos Americanos contra Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros, assinada esta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não nomeia uma plataforma específica como alvo, mas seus elaboradores tinham um alvo muito evidente em mente: o TikTok. Já há alguns anos, a plataforma de origem chinesa tem sido alvo de críticas do establishment político norte-americano, tanto republicanos, como democratas. A discussão transparece como uma crítica ao controle do Partido Comunista Chinês (PCCh) sobre a ByteDance, empresa fundada em Pequim, dona do TikTok, base do aposto “controlados por adversários estrangeiros” que vai no nome à legislação antidemocrática recém-aprovada.

O problema com a plataforma, porém, passa longe de sua suposta conexão com o governo chinês. Segundo seus próprios usuários, a seção “Para você”, do aplicativo, parece conhecê-los melhor do que eles próprios. Isso preocupa o governo norte-americano, que não quer que informações de interesse público contra o interesse da burguesia imperialista se disseminem com a rapidez característica das redes sociais.

Para entendermos a peculiaridade do TikTok, precisamos antes voltar um pouco no tempo. O Facebook foi lançado em 2004 e teve seu ápice no início da década de 2010. Caso notório de seu uso em favor de mobilizações populares foi a Primavera Árabe, particularmente o caso egípcio, onde a ditadura pró-imperialista e pró-sionista de Hosni Mubarak, que durava mais de 30 anos, caiu após série de mobilizações organizadas principalmente por estudantes pelo Facebook, que arrastou para as ruas amplos setores sociais. A vitória popular refluiu com golpe organizado pelo imperialismo contra o governo democraticamente eleito de Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, mas acendeu um alerta à burguesia quanto ao poder das redes sociais e o perigo de deixá-las “soltas”.

No Brasil, em junho de 2013, milhões de jovens foram às ruas do País em mobilizações colossais que também terminaram num refluxo após infiltração da direita. Os atos, convocados inicialmente em São Paulo por eventos publicados no Facebook, tiveram grande adesão e ganharam simpatia de jovens em outros lugares do Brasil, que viram, também pelas redes sociais, imagens da brutal repressão policial na capital paulista.

Nessa época, tanto Facebook como outras plataformas ainda jovens, como o Instagram (que viria a ser adquirido pela Meta, empresa-pai do Facebook) e o YouTube, tinham algoritmos que entregavam conteúdo a seus usuários com base em seus interesses e conexões pessoais. Esse tipo de funcionamento tinha um reflexo claro em situações de grande polarização política e, não por acaso, passou por uma grande intervenção na década seguinte, onde dois grandes eventos, o Brexit e a eleição de Donald Trump, atacaram pela direita a estabilidade do regime político imperialista. Uma das grandes mudanças realizadas no funcionamento do algoritmo do YouTube está documentada no livro A Era da Censura das Massas, escrito por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta, e demonstra com dados como uma “simples” mudança nas regras da plataforma reduziu pela metade o alcance de diversas redes de comunicação de esquerda como Blog da Cidadania, Causa Operária TV e Brasil 247.

Dessa forma, o TikTok seria como uma rede social à moda antiga. O conteúdo curado para seus usuários é fortemente orientado ao comportamento de cada um e a seus interesses, e não segue as diretrizes aplicadas aos monopólios norte-americanos, que ativamente buscam conter certos tipos de conteúdo, por mais que sejam gerem engajamento. De certa forma, o TikTok é a única plataforma que ainda atua como uma empresa capitalista no ramo, que busca otimizar sua receita, oriunda de propagandas exibidas aos seus usuários, otimizando a permanência dos mesmos no aplicativo apresentando-os conteúdo de alta relevância. Ainda há uma moderação de conteúdo, mas não chega perto da censura prévia e da política de banimento que há nas demais plataformas, algo que é prejudicial para o próprio funcionamento da empresa enquanto empreendimento capitalista.

Segundo o portal Statista, o TikTok é a quinta maior rede social em números de usuários ativos. Dentre as cinco que lideram o páreo, é a única que não é norte-americana, ou seja, a única que não está oficialmente infiltrada pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos, como ficamos sabendo pelas denúncias de Edward Snowden e por outras denúncias, como os recentes Twitter Files. Essa falta de colaboração mostra porque o imperialismo, através de seus funcionários no Congresso norte-americano, se mobiliza contra a plataforma e também explica porque vídeos em defesa da Palestina e da resistência palestina espalham-se muito mais rápido no TikTok que nas demais redes controladas. 

Não foi o TikTok que ocasionou as grandes mobilizações de jovens nas universidades norte-americanas. A defesa do povo palestino é um assunto extremamente popular, ainda mais em meio à juventude, e foi apenas no TikTok que esses jovens puderam se expressar livremente sobre o tema, e encontrar e se juntar a outros que pensam como eles.

Em 2021, o jornal The Wall Street Journal realizou uma reportagem em que revelava o “segredo” do algoritmo do TikTok. Segundo a investigação, entre 90% e 95% do conteúdo oferecido aos usuários é baseado no motor de recomendação da plataforma, isto é, em seu algoritmo. Em pouco mais de 30 minutos de vídeos assistidos – dos quais a plataforma captura sinais como tempo que o usuário passou no vídeo, se foi repetido, curtido, compartilhado etc. -, o TikTok já é capaz de entender bem seus hábitos e recomendar vídeos específicos, “de nicho”, segundo WSJ, que causem maior engajamento. Para o jornal imperialista, essas opiniões “de nicho”, afastadas do status quo, seriam um perigo à sociedade. Acusam a plataforma de estimular a divisão na sociedade norte-americana através de seu conteúdo muito bem curado no que talvez seja a forma mais cínica de defesa da censura à Internet.

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