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Brasil

‘Com o judiciário golpista! Contra o judiciário repressor!’

Em estado de torpor, a esquerda pequeno burguesa segue em sonhos de militares legalistas e juízes que reprimem para o bem

Em nova coluna seguindo a campanha do “golpe” do 8 de janeiro, o portal Brasil 247 publicou artigo do deputado distrital Chico Vigilante, intitulado “O golpe não prosperou por detalhes”. No ar nesta terça-feira, 5 de março, a peça se trata de um verdadeiro espetáculo de incongruências argumentativas, na esteira de seguir a imprensa burguesa pró-imperialista.

Judiciário, uma farsa

Vale ressaltar, a maior parte da peça se trata de uma denúncia do judiciário, destacando a postura generalizada de acusações farsescas e de juízes coniventes (ou incompetentes), com o objetivo de levar a condenações sem substância. O articulista, contudo termina por endossar o mesmo judiciário. Vejamos este ponto e então adentremos no golpe sem golpe:

“Para narrar os fatos, muitas peças de acusação são prolixas e repetitivas, com enxurradas de transcrições e citações, que poderiam ser resumidas em poucos parágrafos. No caso da denúncia contra Lula, referente ao triplex, um procurador chegou a alertar a Deltan que a ‘reduziria à metade, o que não foi contado em trinta folhas, ou no máximo em cinquenta, não merece ser contado’.

“Não foi ouvido. A denúncia foi apresentada com 149 páginas

“Denúncias enormes não são novidade no mundo do processo penal. Não se trata apenas de má redação, mas de um ato deliberado de acoplar aos atos narrados o maior número de adjetivos e advérbios, com o objetivo de confundir o juiz e a opinião pública.”

A outra farsa

Tal é a caracterização do judiciário feita pelo autor. Vamos agora ao que o mesmo aponta sobre o reafirmado golpe do 8 de janeiro:

“Os golpistas não tiveram condições de sustentar a ação, em grande parte, devido a não adesão dos militares, especialmente do exército. Neste sentido, é extremamente positiva a posição do então comandante do exército, o General Freire Gomes, e do seu substituto, o General Tomás Ribeiro, altamente legalistas” (grifo nosso).

É interessante, neste primeiro ponto sobre as Forças Armadas, a constante reafirmação do caráter “legalista” de determinados generais. O que fizeram, porém, os legalistas? Nada. Apenas não adentraram numa empreitada supostamente golpista no momento observado, o que não é garantia alguma para o futuro.

Em outra época talvez longe demais para a memória acessar, um setor da esquerda, profundamente desorientado, também apontava para o caráter legalista de uma ala das Forças Armadas como prova para uma impossibilidade de golpe. À época, a afirmação sobre tal caráter soberanista era mais verdadeira, contudo, este não foi capaz de enfrentar a ofensiva imperialista travestida com fardas nacionais. Segue o articulista:

“A antecipação da data de diplomação de Lula para o dia 12 de dezembro, pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre Moraes, também foi imprescindível para a desarticulação do golpe.”

Chegamos à ponta de lança do combate ao golpismo, Alexandre de Moraes, o ministro indicado pelo grande democrata Michel Temer após a morte misteriosa do então ministro Teori Zavascki (quando este se preparava para um relatório no STF que parecia tender a colocar a operação golpista Lava Jato no esgoto da história antes que esta cumprisse seu objetivo de retirar Lula das eleições), e representante máximo do arbítrio ilegal para a condenação de desafetos políticos no País.

A contradição com o que colocou reiteradamente no mesmo texto Chico Vigilante é evidente. Condenou dois peões da Lava Jato, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, para exaltar um terceiro, fruto do trabalho dos dois anteriores e partidário dos mesmos métodos e da mesma política golpista, tudo denunciado poucos parágrafos acima pelo próprio autor. E o que fez Alexandre de Moraes no dia 8 de janeiro? Nada. Mas como isso é caracterizado pelo articulista?

“E o fatídico dia do golpe em si, 08 de janeiro, no qual invadiram a sede dos três poderes. Não conseguiram. As forças democráticas reagiram para conter a ação. Portanto, houve um golpe. Mas a pronta resposta das instituições do poder executivo e do Supremo Tribunal Federal, assim como o não engajamento do Exército, desarticularam toda a ação golpista” (grifos nossos).

Ou seja, após a invasão das sedes dos três poderes, todas desguarnecidas, houve uma pronta resposta. Essa pronta resposta veio quando? Muitas horas depois. Ora, é um escárnio tal colocação. E Alexandre de Moraes se dispôs a prender velhinhas muitos dias depois. Pode um golpe ser impedido dias após acontecer? Se naquele mesmo dia, com os prédios dos três poderes, não houve sequer a tentativa de uma tomada do poder, e os manifestantes se retiraram por sua própria vontade, como qualquer um poderia caracterizar o ocorrido como uma tentativa de golpe ou, pior ainda, um golpe?!

“O chefe do golpe, Jair Messias Bolsonaro, tem que parar na cadeia. Não adianta os filhotes de capiroto, como enfatizado pelo Alexandre Moraes, adotarem a narrativa de ‘velhinhas com a bíblia na mão’. Caiu por terra. ‘Ali não tinha um monte de oração para subirem e fazer oração”, destacou o ministro do STF. Eram golpistas que devem ser responsabilizados. Atentaram contra as instituições.

“Viva a democracia! Parabéns às Forças Armadas por não embarcarem no golpe!”

Aqui, ao fim de seu artigo, temos um giro de 180 graus com relação ao início. Chico Vigilante passa a defender a prisão de velhinhas com a bíblia na mão, porque, afinal, elas estavam no centro político do País, mas para uma manifestação política, e não para fazer orações. Uma farsa completa e repressiva.

Vigilante se coloca ao lado de Moro, Dallagnol e Moraes numa sanha repressiva injustificada, que exalta e se curva perante os golpistas de fato, contra os golpistas de mentira, e a favor do aumento do poder daqueles que derrubaram a presidenta eleita em 2016, impediram o candidato mais popular de participar do pleito em 2018, e jogaram o povo brasileiro na rua da amargura. Apesar de se tratar do portal Brasil 247, tal peça poderia estar exposta em canais como o G1, a Folha ou o Estadão. Um artigo burguês.

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