A invasão da Rússia pela Ucrânia está levantando as preocupações do governo de Lucashenco na Bielorrússia. Em uma entrevista exibida no domingo (18) pela Russia-1, Lucashenco alertou que a operação ucraniana na região de Kursk representa enormes riscos para a segurança global.
Ele afirmou: “o perigo é que esse tipo de escalada por parte da Ucrânia é uma tentativa de forçar a Rússia a ações assimétricas, por exemplo, o uso de armas nucleares“. “Então, provavelmente, não teríamos mais aliados. Não haveria países simpáticos restantes“, observou. Quer dizer, a Ucrânia estaria provocando a Rússia para fazer uma medida que levaria a uma repulsa mundial.
Lucashenco também respondeu a declarações de autoridades ucranianas de que a incursão em Kursk visava melhorar a posição diplomática da Ucrânia para possíveis negociações com a Rússia. Esse plano é “clássico, mas não funciona em uma luta contra um grande império que nem começou a lutar a sério“.
De acordo com sua atual doutrina nuclear, a Rússia pode usar seu arsenal nuclear apenas “em resposta ao uso de armas nucleares e outros tipos de armas de destruição em massa contra ela ou seus aliados, e também em caso de agressão contra a Rússia com o uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado estiver ameaçada”. O presidente russo Vladimir Putin disse em várias ocasiões que não há necessidade de usar armas nucleares na campanha na Ucrânia.
Lucashenco ainda comentou: “devemos nos sentar à mesa de negociações e discutir as questões. Mas se continuar como na região de Kursk, isso será uma escalada que resultará na destruição da Ucrânia”.
No mês passado, Putin lembrou que o acordo de Istambul, pelo qual a Ucrânia teria concordado com a “neutralidade permanente” e a redução de seu exército enquanto receberia certas garantias de segurança, “permanece sobre a mesa e poderia servir de base” para uma nova rodada de negociações de paz.
Essas negociações estavam à beira de um avanço, mas foram frustradas pelo então primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que exigiu a Ucrânia “continuar lutando.” Embora Johnson tenha negado a acusação, funcionários próximos a Vladimir Zelensqui admitem que ele teve um papel influente.
A Bieolorússia e a guerra
Sobre a defesa do próprio país Lucashenco afirmou: “como o ministro [da Defesa Viktor Khrenin], o Secretário de Estado [do Conselho de Segurança Alexander Volfovich] e o chefe do KGB [Ivan Tertel] sempre me informam, estamos totalmente prontos para enfrentar qualquer ameaça que esteja sendo direcionada à Bielorrússia. Pelo que entendo, temos tudo para repelir possíveis coisas ruins, quero dizer, ataques ou agressões contra a Bielorrússia, à nossa disposição”.
Ele lembrou nesta reunião que o controle sobre a fronteira do país com a Ucrânia foi reforçado após o recente incidente com drones ucranianos. “Além disso, enviamos algumas tropas para lá. Recebi documentos e tenho o mapa correspondente comigo,” disse ele.
No dia 10 de agosto, Lukashenko afirmou que alguns drones vindos da Ucrânia foram abatidos sobre a república no dia anterior. O líder bielorrusso deu instruções para enviar mais tropas para as áreas de Gomel e Mozyr na fronteira com a Ucrânia. O chefe de defesa bielorrusso Khrenin explicou que a decisão de reforçar as tropas na fronteira foi tomada em meio aos acontecimentos na Ucrânia e na Região de Kursk da Rússia.
O presidente disse que a Ucrânia posicionou mais de 120.000 soldados ao longo de sua fronteira com a Bielorrússia. Então afirmou: “vendo sua política agressiva, introduzimos [tropas] lá e colocamos em certos pontos – em caso de guerra, eles seriam defesa – nossas forças militares ao longo de toda a fronteira“.