Na última sexta-feira (22) quatro homens armados invadiram o Auditório da Prefeitura de Crocus, na Rússia, à noite, disparando balas nas pessoas pouco antes do grupo de rock da era soviética Picnic. Os quatro foram detidos e conduzidos para uma prisão no tribunal distrital de Basmanny, em Moscou, por oficiais do Serviço de Segurança Federal. Até o momento está registrado que 137 pessoas foram assassinadas e 182 foram feridas.
A Agência de Notícias Reuters divulgou que o Estado Islâmico teria reivindicado a autoria do atentado na casa de concerto aos arredores de Moscou. O grupo dos quais os autores fariam parte é o afiliado do Estado Islâmico no Afeganistão, chamado Estado Islâmico da Província de Khorasan, ou ISIS-K, fundado em 2015. Após a expulsão do imperialismo no Talibã, o ISIS tem travado várias batalhas contra os combatentes da resistência no Afeganistão.
Em uma postagem em sua conta oficial do Telegram em janeiro, o ISIS-K disse estar por trás de um ataque a bomba que matou 84 pessoas em Kerman, no Irã, durante uma procissão em memória do major-general Qassem Suleimani , um reverenciado comandante iraniano que foi morto em um ataque de VANT americano em 2020. O grupo tem feito várias ameaças contra o Irã e também reivindicou vários ataques ao país em períodos anteriores.
Os Estados Unidos se prontificaram, por meio de seus órgãos de imprensa, a atribuir a culpa ao ISIS pelo atentado e, ao mesmo tempo, isentar a Ucrânia de qualquer responsabilidade. Autoridades dos EUA disseram que alertaram a Rússia sobre um ataque iminente no início deste mês. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, questionou as afirmações dos EUA de que o Estado Islâmico, que já buscou o controle de áreas do Iraque e da Síria, estaria por trás do ataque.
Em matéria publicada pelo portal de notícias The Cradle no final de março de 2022, é afirmado que pelo menos 87 ex-membros do ISIS foram alegadamente transferidos para a fronteira sírio-turca em 26 de março, sob a supervisão direta do líder do grupo armado Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Abu Mohammad al-Julani, para a Ucrânia para lutar contra as tropas russas.
Desde o início de Março, o serviço de inteligência estrangeiro da Rússia (SVR RF) emitiu avisos de que os EUA e a OTAN estão fornecendo aos combatentes do ISIS da Síria treinamento especial na base militar do exército dos EUA em Al-Tanf, na Síria, para depois enviá-los à Ucrânia.
Ainda de acordo com o The Cradle, o SVR detalhou a história da operação secreta que descobriram, fazendo constar que “no final de 2021, os EUA libertaram da prisão… várias dezenas de terroristas do Daesh, incluindo cidadãos da Rússia e de países da CEI. Estes indivíduos foram enviados para a base Al-Tanf, controlada pelos EUA, onde foram submetidos a treino especial em métodos de guerra subversivos e terroristas, com foco na região de Donbass.”
No final de 2023, o governo Sírio acusou os EUA de patrocinarem ações do Estado Islâmico e de ameaçar a “soberania e independência” do país presidido por Bashar al-Assad, em ataque terrorista que deixou 26 soldados mortos. “A República Árabe da Síria afirma que esta agressão criminosa e terrorista se enquadra na escalada americana contra a soberania, independência e integridade territorial da Síria e no contexto do apoio e patrocínio dos Estados Unidos a organizações terroristas, principalmente o ISIS, e do seu uso como uma ferramenta para implementar seus planos para a Síria e a região”, disse um trecho do comunicado divulgado pela imprensa estatal do país.
O presidente Vladimir Putin fez questionamentos sobre a responsabilidade do Estado Islâmico pelo atentado da última sexta-feira. Putin disse que algumas pessoas do “lado ucraniano” estavam preparadas para levar os homens armados para o outro lado da fronteira. A Ucrânia negou qualquer papel no ataque e o presidente Volodimir Zelensqui acusou Putin de tentar desviar a culpa pelo ataque à sala de concertos, referindo-se à Ucrânia.
Uma situação é certa: após esse ataque na Rússia, esse tipo de atentado é uma ação desesperada e mostra claramente que o imperialismo está sofrendo diretamente as consequências da derrota para Rússia na Ucrânia. Apesar de ainda não estar muito claro quem está por trás do ato contra a população russa, uma coisa é nítida: o Estado Islâmico, por conta de seu histórico, se trata de uma sigla atualmente a serviço da CIA e dos norte-americanos.
É visível que não se trata de uma organização islâmica ligada à população e com aspirações em defesa do povo da região do levante, da Síria ou do Iraque. Nesse momento está mais para um grupo de mercenários a serviço do imperialismo. Pois se fosse uma organização verdadeiramente islâmica não estaria hostilizando o país – Rússia – que se posiciona em defesa do povo palestino contra o genocídio que é cometido diariamente pelo Estado nazista de “Israel”.