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Estados Unidos

Antes de Snowden, Chris Pyle expunha vigilância em massa nos EUA

Pyle era um capitão do Exército dos EUA, trabalhando no então Comando de Inteligência. Descobriu a existência de um amplo programa de espionagem doméstica

Em 2013, Edward Snowden, ex-analista da CIA e da NSA, agência de inteligência dos Estados Unidos, divulgou documentos sigilosos desta última agência expondo a vigilância massiva exercida pelo imperialismo norte-americano não apenas contra seus próprios cidadãos, mas contra todo o mundo, inclusive empresas estatais e chefes de Estado de outros países, a exemplo da Petrobrás e da ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff.

Contudo, antes de Snowden, na década de 1970, outro funcionário do governo norte-americano expôs a existência de uma máquina de vigilância em massa da ditadura imperialista contra pessoas consideradas subversivas.

Christopher Pyle era um capitão do Exército dos EUA, trabalhando no então Comando de Inteligência (atualmente, Comando de Segurança e Inteligência). Um especialista em desordem civil, em 1968, ele foi abordado logo após ter realizado uma palestra sobre como os militares poderiam atuar de forma mais eficiente para conter manifestações populares. Poucos dias depois, foi-lhe revelada a existência de um grande programa de espionagem doméstica.

Ao ser levado para uma localidade onde havia uma grande instalação em uma espécie de galpão que anteriormente havia sido utilizado para montar locomotivas ferroviárias. Robert O’ Harrow, Jr., jornalista do Washington Post, descreve em seu livro Sem Lugar Para Se Esconder o que Pyle relatou ter visto dentro da instalação:

“Pyle viu mais de uma dúzia de máquinas de teletipo. O chefe da secção de inteligência do CONUS [sigla para Estados Unidos Continental] disse-lhe que estavam a divulgar relatórios de cerca de mil e quinhentos agentes do Exército sobre manifestações com vinte pessoas ou mais.”

Relatou, igualmente, a existência de listas negras de militantes políticos:

“Pyle entrou na jaula, onde um oficial mostrou a ele livros contendo fotos de fichas policiais. Ele olhou no primeiro volume e viu um rosto familiar. Era Ralph David Abernathy, o assistente de Martin Luther King. Os oficiais chamavam os livros de ‘lista negra’.”

Dois anos depois do que havia presenciado, Pyle, que já havia deixado o exército, conseguiu que uma matéria fosse publicada na revista norte-americana Washington Monthly. Na matéria, denunciou que o Exército dos EUA tinha mais de mil funcionários dedicados a espionar e vigiar manifestantes de todo o espectro político norte-americano:

“O Exército dos Estados Unidos tem observado de perto a atividade política civil dentro dos Estados Unidos. Cerca de 1.000 investigadores à paisana… acompanham protestos políticos de todos os tipos – desde comícios do Klan na Carolina do Norte até discursos anti-guerra em Harvard.”

Ressalta-se a época em que isto ocorreu: os anos da Guerra do Vietnã e dos grandes protestos populares contra a agressão dos EUA contra o país asiático. Um cenário análogo ao que é visto hoje, com a agressão dos EUA à Palestina, através do financiamento de centenas de bilhões de dólares para sustentar o genocídio de “Israel” contra os palestinos, e a repressão que é perpetrada contra os estudantes e demais cidadãos norte-americanos que seguem protestando em dezenas de universidades do país contra esse genocídio.

Denúncia feita, Pyle trabalhou com o senador Samuel James Ervin, então presidente do Subcomitê do Senado para Assuntos Judiciários sobre a Constituição, para investigar e expor em toda sua extensão o programa de espionagem do exército contra o povo dos EUA.

Como consequência do processo colocado em marcha pelas denúncias de Pyle, o Senado criou, em 1975, o Comitê Church, através do qual foram descobertas inúmeras ilegalidades da CIA cometidas entre 1959 e 1973, tais como “realizando vigilância física sobre jornalistas, acumulando arquivos sobre quase 10.000 norte-americanos ligados ao movimento anti-guerra, financiando pesquisa de modificação de comportamento em sujeitos não informados, e tramando assassinar líderes estrangeiros, incluindo o Presidente cubano Fidel Castro e o líder congolês Patrice Lumumba“, segundo reporta a emissora Russian Today (RT).

Contudo, ainda segundo a RT, a principal descoberta do Comitê Church foi o Projeto SHAMROCK, que teve início na década de 1940 e se estendeu até 1970. Através dele, a NSA, com o auxílio de correios norte-americanos como a Western Union, interceptam dezenas ou mesmo centenas de milhares de mensagens de cidadãos norte-americanos mensalmente. No auge, eram cerca 150 mil mensagens que a NSA interceptava. E, conforme a RT, esse programa serviu como base para que o serviço de espionagem dos EUA criasse uma lista de vigilância sobre “milhares de cidadãos norte-americanos, incluindo políticos de alto escalão, celebridades, acadêmicos e ativistas anti-guerra” nos anos 1970. Segundo o senador Frank Church, que deu nome ao comitê investigativo, o Projeto SHAMROCK foi “provavelmente o maior programa de interceptação governamental que afeta os norte-americanos já realizado”. Até então, isto é.

Afinal, o 11 de setembro serviu de pretexto para que o imperialismo norte-americano aumentasse ainda mais a vigilância sobre seus próprios cidadãos e lhes retirasse ainda mais direitos democráticos. Foi nessa época que o governo George W. Bush criou o Ato Patriótico, lei que expandiu o escopo da vigilância por parte do aparato de repressão norte-americano. Isto é, a vigilância massiva que existia não só foi legalizada, como foi aprofunda. Não cumpre aqui expor detalhes sobre o Ato Patriótico. Apenas que, em razão dele (e de outros fatos), Christopher Pyle seria qualificado como um criminoso.

Por outro lado, quando Snowden fez as suas revelações sobre quanto o aparato de vigilância dos EUA havia sido expandido desde as denúncias de Pyle, o ex-militar defendeu Snowden, declarando que “ele é apenas um norte-americano comum. Ele está tentando iniciar um debate nesta nação sobre algo que é extremamente importante. Ele deve ser respeitado por isso e encarado pelo seu valor e devemos avançar para as grandes questões, incluindo a corrupção do nosso sistema que é causada pelo sigilo massivo e por enormes quantidades de dinheiro e política“.

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