Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Marxismo

Abandonar a história do socialismo é render-se ao imperialismo

Dirigente petista se coloca abertamente contra a herança e experiência histórica de luta do movimento operário, pregando uma "libertação da esquerda" de sua própria história

No último domingo, dia 10 de março, o membro da direção do Partido dos Trabalhadores, Alberto Cantalice, publicou uma mensagem em sua conta no X. Apesar de ser apenas um curto parágrafo, Cantalice conseguiu condensar e disseminar uma série de confusões políticas. Aqui, abordaremos as mesmas. A seguir, na íntegra, o texto da publicação:

“As ‘esquerdas’ herdeiras da 3° e 4° Internacional stalinista e trotskista faliram miseravelmente. Na Europa faz figuração. Nos EUA, não existem. No Brasil só enchem o saco nas mídias sociais, mas sem respaldo popular. Romper com essa herança será uma espécie de libertação para as esquerdas no mundo. Principalmente se formos capazes de deixar pseudos aliados, que nem socialistas são, no campo internacional pastarem sozinhos” [o texto foi reproduzido do original, os desvios na escrita são reproduzidos].

Cantalice comete um primeiro erro grotesco que, na realidade, se trata de um ataque frontal à toda a história e ao próprio movimento operário, ao confundir o sentido de herança com a situação específica das organizações a que se refere. A herança é o legado, a experiência, a tradição do movimento, no caso do trotskismo, acumulada ao longo da história de luta da classe operária. No caso do stalinismo, uma herança de políticas contrarrevolucionárias, conciliatórias e sabotadoras. A herança é, portanto, algo estabelecido, imutável, como a experiência da Revolução Russa, ou da Revolução Francesa.

O stalinismo, como um desenvolvimento não natural, mas contraditório em relação ao bolchevismo, ou seja, surgido em oposição àquele, por óbvio, seria um fracasso. Justamente por romper com a herança, a tradição do movimento operário, o marxismo, se estabeleceu como uma aberração contrarrevolucionária dentro da esquerda, levando o movimento operário a derrotas em todo o planeta, afogando a revolução mundial em sangue.

Já a 4ª Internacional nunca se constituiu de fato, defrontada com a pressão do imperialismo e a perseguição stalinista. Logicamente, isso não quer dizer que se trata de uma política errada, demonstrando o contrário, a organização mais coerente hoje na luta contra o imperialismo no País é o PCO, partido trotskista.

Sem participar de luta efetiva alguma, Cantalice projeta sua postura sobre todo o resto da esquerda e declara: “Romper com essa herança será uma espécie de libertação para as esquerdas no mundo”.

Romper com essa herança, no caso, da 4ª Internacional, equivale a romper com toda a experiência de luta do movimento operário, desde antes da Comuna de Paris. Toda a experiência acumulada na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Internacionais, para Cantalice, deve ser jogada no lixo. Afinal, sem a experiência para mostrar onde se deve ir e por quais meios, a esquerda estaria liberta. Liberta da experiência e consequentemente, liberta da luta. Em outras palavras, perdida.

O respaldo popular a que se refere Cantalice é inatingível sem a política precisa, baseada nas tradições do movimento operário, afinal, por isso mesmo, são a herança da luta da classe operária. A proposta de “inovação”, por sua falta de substância e incapacidade, portanto, de formular uma política própria, só pode ser profundamente impopular. Exemplos disso se vê na questão da liberdade de expressão, contra a qual uma ala da esquerda se coloca e visivelmente perde apoio por isso. Justamente, a defesa da liberdade de expressão, oriunda da Revolução Francesa, das revoluções burguesas, se aprofundou com o movimento operário. Tal é a herança, e não segui-la é o que leva à presente situação de falência total de grandes setores da esquerda.

Ao falar em pseudo aliados que nem socialistas são, Cantalice demonstra a sua própria falência. A luta da classe operária é a luta contra o imperialismo, logo, aqueles que enfrentam o imperialismo, setor mais poderoso da burguesia, só podem se apoiar na força das massas para fazê-lo, o que não requer que sejam socialistas, e os direciona necessariamente nesse sentido.

Ademais, cabe hoje à esquerda travar a luta contra o imperialismo, um inimigo monstruoso, experiente, articulado, algo que ela será incapaz de fazer sem recorrer ao acúmulo de experiência do movimento operário. Exemplo disso é a infiltração imperialista na esquerda, com ONGs e políticas vindas de universidades orientadas pelo Departamento de Estado dos EUA. Sem a tradição, a herança do movimento operário, a esquerda está livre inclusive para se alinhar ao imperialismo, para se jogar na mais completa falência, efetivamente um suicídio político.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.