No artigo Usando o português correto: quem faz campanha contra as vacinas é criminoso, publicado pelo Brasil 247, o jornalista Bepe Damasco retoma a discussão histérica em torno da vacinação de crianças. O tema, que foi bastante discutido durante a pandemia de coronavírus, voltou a ser debatido após uma sessão no Senado Federal sobre o assunto.
Logo de início, Damasco procura associar qualquer fala contrária à vacina com a prática de um crime. O jornalista cita o artigo 268 do Código Penal, que diz tipifica como crime “infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. Pena: detenção de um mês a um ano e multa. Parágrafo único: a pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde ou exerce a profissão de médico, dentista ou enfermeiro”.
O que ele ignora, no entanto, é que as autoridades públicas não podem passar por cima do Código Civil Brasileiro, que estabelece claramente, em seu artigo 15, que: “ninguém pode ser obrigado a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”.
Se há uma contradição entre o que dizem algumas autoridades públicas e os direitos da população civil, o que deve prevalecer? Obviamente, o último. A premissa de que ninguém deve ser submetido a um tratamento sem o seu consentimento parte, por sua vez, de um princípio democrático: o corpo físico de cada um diz respeito à sua vida privada, não ao Estado.
Bepe Damasco, então, segue, afirmando que:
“Ocorrida dia 26 de fevereiro passado, a tal sessão temática, convocada pelo senador bolsonarista Eduardo Girão, serviu de palco para ataques irresponsáveis de parlamentares e, pasme, de médicos, contra a vacinação de crianças contra a Covid-19, tornada obrigatória pelo Ministério da Saúde.
É moralmente aceitável e obedece a preceitos éticos que o Senado da República, escudado por uma pretensa liberdade de expressão, atente contra a saúde das crianças? Quem suas excelências pensam que são para atestar a ineficácia da vacina nos pequenos? Já os médicos presentes, que não pouparam críticas à vacina, desonram seus diplomas e traem o juramento de Hipócrates prestado durante a formatura. Bem fez a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que, na certa, percebendo a armadilha, não compareceu à sessão.”
Em sua própria argumentação, o jornalista já depõe contra ele mesmo. Afinal, a ideia de que a vacinação deveria ser obrigatória a todas as crianças porque não traria riscos a elas não é uma unanimidade entre os médicos, pois profissionais da área foram ao Senado testemunhar contra os efeitos da vacina. E não se trata de meia dúzia de malucos, como Bepe Damasco faz crer.
Países como Suécia, Noruega e México não recomendaram a vacinação de crianças contra o coronavírus. Entre os motivos, está a preocupação com os efeitos cardíacos que a vacina pode causar, em especial a produzida pela Pfizer.
O que Bepe Damasco defende, no final das contas, é a supressão do debate sobre a vacina. Defende, portanto, a ditadura de instituições monstruosas da indústria farmacêutica, como a Pfizer.