No último domingo, dia 4 de fevereiro, o portal esquerdista Esquerda Online publicou um artigo intitulado “Guerra, fascismo e resistência: perspectivas sobre o imperialismo russo”, artigo que pelo título já mostra a política do sítio. O Esquerda Online prossegue com a comprovada farsa de “imperialismo russo”, termo cunhado pelo imperialismo norte-americano e europeu para acossar o país exportador de petróleo bruto e gás e apontar como agressiva sua reação. Após na primeira linha repetir o jargão, o artigo prossegue a outra afirmação no mínimo não demonstrada:
“Moscou lançou recentemente um ataque maciço de foguetes contra a Ucrânia, visando civis e infraestruturas na véspera de Ano Novo.”
O alvejamento de civis, pelo simples número de mortes civis provocadas na Ucrânia, se mostra que nunca foi um objetivo dos russos. Na realidade, se demonstra o contrário: de acordo com a missão da ONU na Ucrânia, um total de 10.000 civis haviam sido mortos em decorrência da guerra, desde o início da operação militar especial, em 24 de fevereiro de 2022, a 21 de novembro de 2023, ou seja, em um ano e 10 meses. Em contraste, “Israel”, que comprovadamente alveja os civis em Gaza, já matou em quatro meses mais de 27.000 pessoas. O apontamento do Esquerda Online se demonstra uma completa farsa.
Vítimas agressivas?
Na sequência, o portal afirma:
“Vladimir Putin e a classe dominante russa estão determinados a continuar com essa guerra até o fim. […] Ele disse que o objetivo da chamada Operação Militar Especial continua a ser a chamada ‘desnazificação’ e ‘desmilitarização’ da Ucrânia. Isto significa que tenciona continuar a guerra até que atinja uma mudança de regime na Ucrânia e a transformação da Ucrânia em uma semi-colônia russa.”
Aqui vemos uma nova falsificação. A Rússia, e especificamente Vladimir Putin, buscou incessantemente o diálogo com o imperialismo, para evitar a ofensiva que este vinha realizando, através da OTAN. Os apelos russos para uma solução pacífica caíram em ouvidos moucos, e o imperialismo abertamente afirmou que posicionaria cargas nucleares na fronteira russa, na Ucrânia.
Vale lembrar, o governo ucraniano, desde 2014, se tornou um fantoche do imperialismo, após o golpe organizado numa parceria entre EUA e União Europeia, que colocou no poder um governo apoiado em milícias nazistas, patrocinadas pelo próprio imperialismo, como o Batalhão Azov e o Setor Direito (Pravyi Sektor). Este governo tinha o objetivo de submeter econômica e politicamente o país ao imperialismo, e o que vemos hoje é uma continuidade do regime do golpe de 2014.
Com isso estabelecido, fica evidente, a desnazificação e desmilitarização da Ucrânia são plenamente justificadas, e a mudança do regime naquele país não significa necessariamente submetê-lo à Rússia, mas tirá-lo das mãos do imperialismo. O Esquerda Online opera a mesma farsa que as agências de propaganda imperialistas, e oculta e inverte a realidade. E continua:
“Para conseguir isto, seu regime está tentando estabilizar a sociedade russa, alimentar o conflito político com os EUA e os países da OTAN, legitimar seu governo por meio das eleições presidenciais de março e mobilizar as tropas russas para uma nova ofensiva na primavera.”
A guerra, provocada pelo imperialismo, é colocada na conta da Rússia, o que já demonstramos, é uma farsa, mas vamos além, comentando mais alguns pontos. O imperialismo não só deu um golpe na Ucrânia em 2014, como buscou golpear outros países na fronteira russa: a Bielorrússia, em 2020, e o Cazaquistão, em 2021. Mais que isso, logo no início da contraofensiva russa, que veio como resposta às ameaças imperialistas, as forças russas encontraram uma série de laboratórios de armas biológicas próximos a suas fronteiras, e com relação com os EUA. O Esquerda Online, frente a estes fatos públicos e notórios, opera como a CNN ou qualquer outra sucursal da CIA.
Imperialismo sancionado?
O artigo segue para falar em instabilidades na Rússia e realiza mais acusações sem prova alguma, especialmente com relação ao Grupo Wagner. Mas vamos ao “imperialismo russo”.
“Putin também conseguiu estabilizar a economia, pelo menos por enquanto. O regime de sanções não prejudicou a economia russa como esperado. O regime e as empresas do país têm criado modos variados de contornar as sanções.”
Ora, onde já se viu o imperialismo ser sancionado? Muito pelo contrário, o imperialismo impôs sanções à Rússia que chegaram a desfiles de moda, concursos de cachorros, e até cardápios de restaurantes. O Esquerda Online se defronta com a realidade que busca falsificar, e é denunciado por ela.
Repressão contra a dissidência ou combate à infiltração?
Compromissado com o imperialismo, e sem demonstrar nenhuma de suas afirmações, diz o portal:
“Para manter a hegemonia sobre a população, Putin recorreu à repressão e à ideologia neofascista. Ele tem reprimido quase toda a dissidência de esquerda, especialmente os ativistas antiguerra.”
Os tais ativistas antiguerra mencionados, será que compartilham da posição do sítio? Em meio à ameaça do imperialismo, e uma guerra contra a OTAN, o governo russo deveria deixar operar grupos “antiguerra” (contra a reação da Rússia) em seu território? Parece ser a opinião do Esquerda Online que toda a operação militar imperialista na fronteira russa, e apesar das tentativas de diálogo do governo russo, ao longo de anos, poderia ser enfrentada por outro meio, mas qual?
Genocídio legítimo?
Um dos pontos centrais no confronto é a região do Donbas, das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, de maioria russa e que, após o golpe de 2014 na Ucrânia, realizaram plebiscitos para serem integradas ao território russo. A questão racial, para o governo nazista da Ucrânia pós-2014, naturalmente era relevante, e uma guerra se estabeleceu, já naquele ano, entre o governo central e as Repúblicas Populares que, não sendo na época integradas à Rússia, se declararam independentes e, sem exército formal, foram brutalmente atacadas, com bombardeios visando a população civil. A ofensiva russa, nestes territórios, opera em conjunto com as milícias populares de Donetsk e Lugansk contra o exército do governo nazista da Ucrânia, e por sua libertação. Sobre isso, diz o artigo no Esquerda Online:
“Putin quer fazer uma escalada da guerra na Ucrânia. Seu objetivo imediato é tomar o resto da região de Donbas, que possui um significado simbólico no imaginário imperialista de Putin e suas justificações para a guerra.”
Frente ao cenário que apresentamos, e que possui ampla cobertura neste Diário, inclusive com enviados especiais à Rússia e às repúblicas populares já durante a guerra, o Esquerda Online apresenta uma falsificação completa que encobre a tentativa de genocídio da população russa do Donbas pelo próprio portal, o qual se afirma de esquerda.
Revisitaremos este artigo no Esquerda Online numa segunda parte da presente matéria, para responder à sequência da farsa apresentada, que aponta ainda muitas outras falsificações.