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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Coluna

A esquerda precisa se opor à campanha da direita

Uma esquerda que se confunde com a direita tende a perecer

Essa última semana ocorreram eventos reveladores da situação política, o principal foi o 1º de Maio, mas houve outras demonstrações de capitulação política por parte da esquerda. Essa política confusa de capitulação esboçada nos atos de 1º de Maio esteve presente diversas outras frentes como a greve dos servidores e a questão pela terra.

Greve da Educação

A greve dos servidores técnico-administrativos educacionais continua crescendo com o ingresso de algumas bases docentes. Entretanto, as direções das entidades continuam politicamente confusas, oscilando entre a posição direitista de condenar a greve para supostamente proteger o governo, ou de se alinhar à extrema direita contra o governo, chegando ao “Fora Lula” ou que o valha.

Defender suas condições de vida é um direito de todo trabalhador. Com os trabalhadores da educação, sua luta pelas condições de vida tomam uma dimensão maior, tornando-se uma luta pelo ensino publico.

Ao lutarem por melhorias no Plano de Cargos e Carreiras e valorização dos servidores, acabam lutando pela valorização do ensino em si. Sendo essa luta, por excelência, uma luta política contra a privatização do ensino e contraria, naturalmente, à burocracia universitária.

A direta no governo

Se colocar contra a greve afirmando impossibilidade orçamentaria ou defesa do governo são dois argumentos falsos, simples engôdos que não interessam aos trabalhadores. Essa direita, como Lemann no MEC, dever ser denunciada e combativa através da mobilização.

Hoje, mais de 51% do orçamento federal vai direto para capital especulativo sobre a rubrica de amortização da dívida pública e pagamentos dos juros. Recursos há, a questão é quem tem a força política para se apossa deles.

Quanto à greve se opor ao governo, isso ocorre apenas na medida que o governo capitula perante a direita. Estando o governo alinhado na defesa dos interesses dos trabalhadores, a mobilização destes apenas o fortalecer.

Temos que esclarecer que, para um governo institucionalmente fraco como o Lula III, foi a possibilidade dessa mobilização dos trabalhadores que garantiu a recondução ao governo, e apenas ela que pode garantir sua continuidade e êxito programático.

A esquerda não pode se confundir com a direita

Seja no governo ou nos sindicatos, a esquerda não deve se confundir com a direita. Se colocar contra a greve para “defender” o governo ou defender propostas abaixo das possibilidades da greve não educam a categoria e contribuem apenas com a direita.

Da mesma forma, a política de se opor ao governo em vez de defender os interesse dos trabalhadores é algo confuso que divide e não desenvolve o movimento grevista. Como vimos em 2016, essa política acaba se alinhando com a campanha da direita, servindo apenas a interesses golpistas.

1º de Maio

Com os atos bolsonaristas, a esquerda havia minimizado o poder de mobiliação da extrema direita, mas os atos de 1º de Maio pelo País demonstraram que o poder de mobilização da burocracia é inferior ao da extrema direita.

Os atos minoritários demonstraram que a burocracia, além de distante das bases, está disposta a gastar muito pouco em mobilização. A desorientação política é tamanha que a burocracia não tem os trabalhadores como audiência.

Na reunião de organização do ato de 1º de Maio de João Pessoa que participei, diversas vezes foi justificado fazer o ato na praia para dialogar com outros públicos. A esquerda justificava que não queria ficar “falando com si própria”. De fato, ela deveria esta falando com os trabalhadores.

O resultado, como no restante do País, é que esse foi mais um 1º de Maio esvaziado, no qual os partidos tiveram pouco espaço, a política laboral teve pouco espaço. O maior destaque, que não foi muito, foi dado aos parlamentares, e acredito que pouco contribuirá às suas campanhas nestas eleições de 2024.

Prenúncio das eleições 2024

Os atos de 1º de Maio acabam sendo um prenúncio do cenário que se desenvolve para as eleições de 2024. A política confusa de capitulação da esquerda tende a esvaziar seu único lastro de sustentação real, a mobilização dos trabalhadores.

O resultado eleitoral da esquerda foi fruto do capital político adquirido por esta nas mobilizações dos trabalhadores e do apoio das suas entidades. Todavia, a levada adiante pela esquerda pequeno-burguesa desgasta esse capital se desmoralizado perante os trabalhadores e delapida as entidades classistas, arrefecendo o movimento da sua base.

Há um encaminhamento político evidente das eleições pela burguesia, preparando o terreno para uma ofensiva golpista contra a população. Se o governo já é fraco institucionalmente, com a direita tendo praticamente o Estado em suas mãos, essa política de recrudescimento do regime prepara uma escalada desse cenário alterando as condições da ditadura burguesa.

Fazer das eleições uma tribuna de luta

A esquerda deveria ter em vista fazer das eleições uma tribuna para necessidade dos trabalhadores. Sendo esta uma oportunidade de ampliação da mobilização e construção de uma base solida para a esquerda.

É preciso mobilizar em torno de todos os interesses da classe trabalhadora, fazer um cada aspectos desse um ponto de luta. Colocar os trabalhadores em movimento por esses interesses é uma foram de unificar e dar sentido de classe aos mesmos, sentido este que até as direções sindicais carecem.

Essa distinção e delimitação da direita são essenciais a sobrevivência política da esquerda.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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