Argentina

A conivência do peronismo com Milei

Em reunião na nesta quarta-feira, com grupo de dirigentes da CGT, Sergio Massa se colocou contrario a paralisação convocada para o dia 24 de janeiro.

Em reunião na nesta quarta-feira, com grupo de dirigentes da Confederación General del Trabajo (CGT), Sergio Massa se colocou contrário à paralisação convocada para o dia 24 de janeiro. Segundo Massa, com apenas pouco mais de 40 dias de governo, não seria ainda o momento para uma greve, considerando a mesma agora como uma decisão apressada.

Greve em 24 de janeiro, atrasada ou apressada?

Mesmo com as medidas de choque contra a população, conhecidas na Argentina como “rodrigazo”, destruindo direitos laborais e democráticos, ao mesmo tempo que entrega ao grande capital o restante da economia Argentina, Massa considera essa greve do dia 24 de janeiro como apressada.

O DNU e a Lei Ônibus, geraram à desvalorização imediata de 118% do peso argentino, além de abolir direitos trabalhistas e liberdades democráticas. Entretanto, Massa persiste: “se tiver greve geral depois de 45 dias, o que você faz depois de 90 dias? Um bombardeio?”.

Massa ainda considera não haver um consenso na população sobre os danos causados por Milei. Esse é um fenômeno comum entre os sindicalistas, não fazem o seu trabalho político e culpam a base pelo ocorrido.

Sua posição, entretanto, não convenceu nem mesmo a direção da CGT, que consideram que houve uma troca de opiniões que, mas que, “não alterou o já anunciado plano de luta”.

A greve do dia 24 de janeiro, longe de apressada, é marcada pela passividade da burocracia que impõe um período de um mês para organizar a reação da classe operária argentina. Mesmo em pleno ataque às condições de vida da população argentina, a burocracia sindical evita uma ação mais enérgica e tenta negociar.

Crise nos poderes

Embora a burguesia argentina veja na política devastadora do imperialismo operada por Milei a solução para seus problemas, a intensidade da aplicação dessa política não tem consenso entre os poderes estatais. O capítulo laboral do DNU foi rejeitado na Câmara do trabalho e Senado não sancionou os “acordos fiscais” com os paraísos fiscais, como Luxemburgo.

Essa situação reflete a dificuldade de se impor a política neoliberal radical de Milei, o qual é forçado a ter duas linhas, uma mais “suave” de negociação e outra mais dura, de choque. Essa dualidade é expressa nos setores do próprio governo que se dividem sob influência dessas políticas distintas. Tudo isso se dá devido à grande impopularidade das políticas de devastação econômica.

Essas duas faces do imperialismo se expressam no FMI e a embaixada norte-americana, que visita à Casa Rosada ao mesmo três vezes por semana, considerando a governabilidade.

A outra face é a da Câmara de Americana de comércio (AmCham), que buscar acelerar a política de choque. A AmCham está em mais de 150 países, com papel central no golpe na Ucrânia e diversas outras guerras da OTAN.

Aonde vai o peronismo?

Essa reunião aparentemente foi uma tentativa de “reorganizar” o peronismo que segue dividido após realizar sua campanha apelando à “luta contra a direita”, participar do governo Milei com quatro ministros. Os ministros da Frente Renovador são Marco Lavagna no Indec, Flavia Royón na Mineração, Mario Russo na Saúde e Leonardo Madcur perante o FMI.

Essa parcela do peronismo apoia parte da política de Milei, e tende a negociar com o governo, considerando sua continuidade. A identificação de Massa com Milei se dá principalmente na questão econômica. Para Massa, a oposição teria que demonstrar que “existe um caminho alternativo ao ajustamento e à desvalorização”.

A tendência da Frente Renovadora é se aproxima do governo nesses pontos e não confrontá-lo. O que implica em seu apoio a toda a maioria da política neoliberal de Milei.

Onde está o “Fora Milei”?

A indulgência de parte da esquerda argentina perante o golpe de Milei lembra a passividade da esquerda brasileira perante o golpe de 2018. No Brasil até o PT, que sofreu os golpes, era contrário à palavra de ordem “Fora Bolsonaro”. Foi necessária toda uma luta política, com o PCO na vanguarda, para que essa palavra se impusesse ao restante da esquerda.

Na Argentina, mesmo com o claro golpe de Estado, um setor da esquerda não tem o compromisso de se opor a política do imperialismo. Essa política fez com que uma parte da esquerda aderisse ao golpe, no mínimo passivamente, permitindo a continuidade do governo Milei.

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