A Xcel Energy revelou a autoridades federais norte-americanas, no final de novembro, que sua usina nuclear de Minessota escondeu o vazamento de 400 mil galões de água contaminada com trítio, um material radioativo. No entanto, o caso só foi tornado público nesta quinta-feira.
Assim que o fato foi publicizado, a empresa Xcel emitiu uma declaração, em que afirmava: “tomamos medidas rápidas para conter o vazamento no local da usina, que não representa risco à saúde e à segurança da comunidade local ou do meio ambiente”. Trata-se, obviamente, de uma mentira absurda: como o vazamento de 400 mil galões de água não seria um problema de saúde pública de primeira importância?
Com um cinismo absoluto, respondendo o porquê de não ter comunicado ao público antes, a empresa afirmou: “Entendemos a importância de informar rapidamente as comunidades que atendemos se uma situação representa uma ameaça imediata à saúde e segurança. Nesse caso, não houve tal ameaça”. Além da própria empresa, a Comissão Reguladora Nacional (NRC) dos Estados Unidos também tinha conhecimento do caso e não o tornou público.
Ou seja, a população local foi posta em risco para favorecer a usina nuclear. Há uma forte demagogia em torno do tema, que gira em torno da ideia absurda de que o meio nuclear seria uma fonte “limpa” e “segura” de se produzir energia – trata-se, obviamente, de uma desculpa esfarrapada para desenvolver a produção de armas nucleares pelos países imperialistas.
Para se ter uma ideia do nível de demagogia feita com a questão, com o intuito de defender a energia nuclear, veja-se o que as agências reguladoras publicaram sobre o derramamento de trítio na água consumida pelos moradores:
“O trítio é um isótopo radioativo de hidrogênio que ocorre naturalmente no meio ambiente e é um subproduto comum das operações de usinas nucleares. Ele emite uma forma fraca de radiação beta que não viaja muito longe e não pode penetrar na pele humana, de acordo com o NRC. Uma pessoa que bebesse água de um derramamento receberia apenas uma dose baixa”, diz a Comissão Reguladora Nacional norte-americana.
Isto é, os moradores das localidades próximas às usinas nucleares são obrigados a consumir água com materiais radioativos. A não ser que se queira ser um papagaio da ideologia burguesa, ninguém deve levar a sério a tese de que isso não faz mal à saúde.
Além do mais, depois de terem descoberto o vazamento – que é comum nesse tipo de indústria –, tanto a empresa, quanto a agência reguladora mantiveram os dados em segredo. Ou seja, a população continuou bebendo a água contaminada e se expondo a riscos inimagináveis durante todo esse período.
Quem defende as usinas nucleares como meio “seguro” e “limpo” de produção de energia falha completamente quando tenta dar uma solução a essas questões. Afinal, por que uma energia “limpa” contamina toda água ao redor com materiais radioativos – que elevam o risco de câncer e de diversas outras doenças? Acaso isso não seria muitíssimo pior do que fazem as hidrelétricas, alvos constantes de campanha de ataques dos capitalistas – por conta da falta de abundância de água nos países imperialistas e por conta do esforço para impedir o desenvolvimento dos países atrasados. Enquanto isso, as usinas nucleares são louvadas, porque contribuem para o desenvolvimento do arsenal nuclear do imperialismo, mesmo que ponham em risco toda a população ao redor.
