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Meio Ambiente

Uma fachada ‘verde’ para defesa da ditadura dos monopólios

Empresário quer que negócios que "prejudiquem" o planeta sejam considerados ilegítimos; mas quem o fará?

Em sua coluna no portal Brasil 247, o ex-deputado federal Mauro Passos reproduziu, no dia 22 de dezembro, o artigo Se faz mal para o planeta, não é investimento, publicado originalmente pela revista Época Negócios, por um tal Fabio Alperowitch, que diz ter sido eleito, em 2014, “um dos 99 melhores investidores do mundo”. Logo em seu primeiro parágrafo, Alperowitch vai direto ao ponto: “investimentos prejudiciais ao planeta não são sustentáveis e, portanto, não deveriam ser reconhecidos como investimentos legítimos”.

Alperowitch não dá maiores detalhes sobre o que seria reconhecer um investimento como “ilegítimo”. Ilegítimo para quem? Quem tomaria essa decisão? Quais seriam as consequências? Considerando que Fabio Alperowitch é um empresário e escreveu seu artigo para uma revista de negócios, é de se supor que seu interesse é discutir as consequências de um ponto de vista comercial ou, até mesmo, político. Afinal, não se trata de um padre, para quem o debate sobre o que é ou não legítimo poderia ter um caráter meramente especulativo.

No mundo dos negócios, se uma coisa é considerada “ilegítima”, isso significa que ela deveria ser boicotada. Isto é, que não se deveria comprar os produtos da empresa “ilegítima”, que ela não deveria ser considerada uma parceira comercial etc. Que este é o interesse de Alperowitch, fica claro no seguinte trecho:

“O ano de 2023 evidenciou casos extremos, iniciando com a descoberta de uma fraude bilionária em uma varejista tradicional, passando pela violação de direitos humanos de centenas de trabalhadores escravizados por vinícolas nacionais e encerrando com uma grande empresa sendo reincidente no rompimento de barragens e afetando a vida de dezenas de milhares de maceioenses. Deveria o dinheiro financiar tais práticas?”

Na esfera política, um negócio considerado ilegítimo poderia levar até à sanção de toda a economia de um país. Tornar um negócio “ilegítimo” consistiria, em termos políticos, em estabelecer impostos para desincentivar a compra de determinados produtos, O interesse em discutir o problema sob um ponto de vista político pode ser visto no trecho abaixo:

“Além disso, a crescente conscientização pública e regulamentações mais rigorosas estão pressionando muitas indústrias a reconsiderar suas práticas. Investidores que reconhecerem e se adaptarem a essa transição estarão mais bem posicionados para se benefícios a longo prazo, inclusive incrementando seus retornos financeiros.”

Agora explicado bem o que o empresário propõe, passemos ao mundo concreto. Segundo Alperowitch, se uma empresa brasileira produz algo “prejudicial ao planeta”, ela deveria ser forçada à falência. Por quem? Ora, por quem tem condições de fazê-lo: os grandes monopólios da economia mundial, que são quem têm condições de levar adiante uma campanha bem sucedida para o boicote de uma determinada empresa. E quem irá definir se uma determinada empresa é ou não “prejudicial”? Ora, organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU), que são frequentemente convocados para dar os seus pitacos sobre o que seria ou não “sustentável” para o planeta. Vale lembrar que quem normalmente faz previsões apocalípticas de que a ação humana estaria levando à destruição do planeta se baseia nos levantamentos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um instituto da ONU.

O que está sendo dito aqui não é mera especulação: acaba de ser visto durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, a chamada COP28. Durante o evento, a imprensa se referiu várias vezes ao presidente da COP28, o sultão Al Jaber, como “negacionista”. E por quê? Porque ele declarou, em entrevista, que não havia “ciência” que comprovasse que a queima de combustíveis fósseis estaria relacionada com supostas mudanças climáticas no planeta. O que Al Jaber falou, no entanto, era um fato: ele não se negou a basear as decisões da COP28 na ciência, nem negou que seria importante se preocupar com o “meio ambiente”, tudo o que disse é que ainda não foi comprovado que há uma relação direta entre a queima de combustíveis e o aquecimento da Terra.

Em outra entrevista, também em função da COP28, Al Jaber deu outra declaração muito esclarecedora:

“O mundo vai continuar precisando de fontes de energia, e nós somos os únicos no mundo que têm descarbonizado seu próprio petróleo e seu próprio gás. (…) Eu não ouço vocês falarem com os noruegueses da mesma forma como falam conosco.”

No final das contas, quem detém o monopólio de classificar governantes, empresas e países como “prejudiciais” ao planeta é o imperialismo. É sua imprensa, são suas empresas, são seus governos.

E é isso que o autor do artigo defende. Ao dizer que quem “prejudica o planeta” deve ser punido, ele, consciente ou não, está pedindo para que o imperialismo analise quais empresas e países têm ou não o direito de explorar os seus recursos naturais.

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