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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

eleções 2024 PB

Tensão em João Pessoa

Seguindo o restante do país, até mesmo do mundo, o último mês foi, no aspecto político, bastante agitado, diria até tenso em João Pessoa.

Seguindo o restante do país, até mesmo do mundo, o último mês foi, no aspecto político, bastante agitado, diria até tenso em João Pessoa. Como sempre, as forças de esquerda, mais especificamente da esquerda pequeno-burguesa, não conseguem acompanhar esse movimento. Vamos comentar aqui alguns aspectos importantes do cenário político.

Panorama político em João Pessoa

Desde que se iniciou o processo do golpe de 2016 é visível o deslocamento à direita da Câmara Municipal de João Pessoa. Houve a diminuição dos representantes do PT, não que a legislatura destes fossem o melhor exemplo de esquerda, assim como a diminuição dos representantes de partidos próximos ao PT, com crescimento da extrema-direita.

Mesmo com todo esse cenário negativo, a reação do PT e restante da esquerda não foi no sentido de mobilizar para retomar o espaço. Infelizmente o foco da maioria desses parlamentares sempre foi as campanhas individuais, ignorando o caráter de classe da luta política.

Nota do Diretório Municipal do PT de João Pessoa

No dia 10 de março, o Diretório Municipal do PT emitiu uma nota confirmando a manutenção da oposição ao governo municipal de Cícero Lucena (PP), desautorizando qualquer filiado a se pronunciar nas eleições 2024 e a participar do governo municipal. Na nota também foi colocada a existência de candidatos próprios do PT, competitivos para as eleições de 2024.

Embora o texto não tenha a clareza política ideal para possibilitar a mobilização, é bastante a proposta lançada. Entretanto, a política não é comum a todos os órgão do PT na Paraíba, a direção do diretório estadual se colocou contra a iniciativa.

Mesmo que a iniciativa tenha vindo como reação à investida de Cícero, que mais consciente da situação política tenta eliminar os opositores que são beneficiados pela tendência política geral. Ou seja, iniciou mais como um mecanismo de defesa dos parlamentares do PT, do que uma disputa política de opositores, mas guarda um caráter bastante progressista tendendo a evoluir bastante à esquerda.

A política iniciada com o apoio de Antônio Borba, Cida Ramos, Estela Bezerra e Luciano Cartaxo, já arregimentou nomes como Luiz Couto e Márcia Lucena. Neste momento de polarização, a tendência tende em geral à combatividade, principalmente com Lula no governo federal.

A nota, entre muitos acontecimentos locais, demonstra que uma parte mais burocrática da esquerda aliou-se aos governos estaduais e municipais. O reflexo dessas políticas está presente em todas as atividades locais.

Ato contra a ditadura

No dia 1 de abril, foi realizado em João Pessoa um ato de repúdio à Ditadura Militar de 1964. Na atividade, além do discurso vazio e prolixo da esquerda pequeno-burguesa, dois outros pontos chamaram a atenção.

A primeira insanidade, enfatizada pela UP, foi a defesa do fim da anistia, com acompanhamento de identitarismo. Um discurso que poderia se confundir facilmente com alguns membros do PSDB.

A anistia é para os opositores que lutaram contra o regime político, ou seja, aqueles que lutaram contra o Estado burguês. A crítica que se poderia fazer é que a anistia do fim da ditadura foi uma manobra que serviu para salvar a pele dos torturadores, quando na verdade deveria ser uma anistia aos perseguidos políticos da ditadura. Falado assim, sem explicação, “fim da anistia” é defender o direito do Estado burguês de perseguir politicamente seus opositores, utilizando a força para isso.

Não satisfeitos, ainda defenderam o aumento da repressão e prisão aos ‘bolsonaristas”. Me pergunto se eles realmente almejam colocar em reclusão metade da população brasileira e como pretendem fazer isso? Com a polícia bolsonarista pretendo os bolsonaristas?

Eles devem decidir se querem ser um partido que orienta a classe trabalhadora, ou um partido que reprime, as duas coisas não são antagônicas. Essa política repressora, pró Estado burguês, identitária, pró imperialismo, é uma verdadeira campanha contra a esquerda e o comunismo.

Mas a maior curiosidade do ato era como a disputa política local se refletiu nele. Aparentemente na Paraíba há um bloco, com posições relacionadas com os governos estadual e municipal.

Esse bloco reuniu várias forças políticas da esquerda, ex-parlamentares do PT, UP, parte do Psol, e grupos do PT. Esse parece ser o maior entrave para o desenvolvimento das atividades locais, é a correia de transmissão da burguesia para o movimento operário no estado.

No geral, a política desses grupos é substituir a mobilização massiva por performance. Uma prática vista com bons olhos pela burguesia, que na medida do possível a estimula dentro da esquerda, canalizando a tendência a mobilização dentro do espectro do Estado burguês.

Baile Amantes de Lula e Feria Luta Castelo

O Baile do Bloco Amantes de Lula tornou-se a atividade cultural com cunho político de maior importância no estado. É uma atividade que persiste apesar de todos os ataques da direita e esquerda.

Essa atividade serviu como um divisor de águas, sendo a primeira a defender a candidatura de Lula, sua posse e seu governo perante os capitalistas. Da pandemia até este momento, denunciamos os ataques golpistas da direita e a cobertura a essas investidas, por parte da esquerda.

Já a Feira Luta Castelo, é um laboratório de organização popular. Onde um grupo formado majoritariamente por mulheres da classe trabalhadora, se organiza para aproveitar o público dos bailes para expor e vender seu trabalho. Oferecendo em retorno uma infraestrutura de alimentação para os participantes do baile.

Na feira do mês de março um grupo de mulheres tomou ciência de um órgão municipal de apoio para atividades econômicas para mulheres, como a que estava realizando. Então procuraram a secretaria de mulheres para solicitar o atendimento da demanda de infraestrutura.

Solicitação atendida, foi retirado um peso imenso dos ombros de todos da organização naquele evento. Entretanto, durante o evento a secretária apareceu para divulgar seu apoio ao evento.

Não bastasse a indicação da instituição que apoiou o evento, aparentemente a mesma queria a sua divulgação pessoal. Por isso houve certo desagrado com a atividade e limosidade com os participantes.

Para abril, a solicitação já foi negada, que o critério para atendimento das demandas não é exatamente o técnico. Uma das mais importantes atividades econômicas independentes de mulheres da classe trabalhadora é refutada apenas pela discordância política, de não se passarem por cabo eleitoral em troca de favores.

Eleições 2024

Os acontecimentos locais e nacionais demonstram que as eleições de 2024, serão de extrema polarização. Eles também demonstram qual a política inicial da burguesia, prepara um ambiente propício ao golpe no Lula, contando com a ajuda da esquerda pequeno-burguesa.

A reprovação quase unânime do “mercado” à política econômica do Lula, demonstra o desacordo com a burguesia. Assim como os ataques da imprensa capitalista ao Lula indicam o preparativo de golpe.

Por outro lado, a polarização se acentua com a maior firmeza política do governo Lula, mantendo posicionamento cada vez mais à esquerda. Essas posições pela maioria da população, a exemplo a questão da independência do banco central, 80% dos brasileiros estão com Lula.

Embora ainda estejamos a pouco mais de uma ano das eleições todo o ambiente já está agitado. Seja pela direita numa sanha por obras que historicamente propiciam a elaboração de caixa dois para as eleições, e tentativa de corrupção da pequena burguesia. Seja pela iniciativa de combate, mesmo que tímida de parte da esquerda.

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