O Primeiro de Maio é a data mais tradicional do movimento operário, da sua luta contra a burguesia e pela conquista das reivindicações mais sentidas dos trabalhadores. Dia de homenagear também os nossos mártires, os que tombaram na luta por nossas conquistas e pela emancipação do jugo do capitalismo.
Não foi isso, no entanto, o que se viu, em quase todo País, neste ano.
Em São Paulo, centro político do País, o ato nacional, no Vale do Anhangabaú, não refletiu essa tradição, não foi usado pelas direções do movimento para mobilizar pelas necessidades dos trabalhadores diante do avanço da crise e para a luta contra a direita, a ameaça golpista contra o governo Lula, a tutela militar, a CPI do MST, entre outras batalhas.
Lula e PCO criticaram
Os organizadores do ato foram até mesmo criticados, ironicamente, por Lula logo no começo do seu discurso:
Antes dele, no começo do ato, falando em nome do PCO e da Corrente Sindical Nacional Causa Operária, tivemos a oportunidade de protestar “contra o fato de companheiros terem convidado o Tarcísio, o governador bolsonarista, para estar aqui. Aqui não é lugar do Tarcísio! Hoje é dia de Luta da Classe Trabalhadora. Nesse palco não tem que subir inimigo dos trabalhadores“.
Ele também criticou cercas e revista dos que foram para o ato:
Na contramão
Durante o ato, o dirigente da Força Sindical, Juruna, foi devidamente vaiado quando agradeceu ao governador bolsonarista que não compareceu ao ato.
Essa política de colaboração que ditou a organização burocrática do ato e a falta de uma ampla convocação, com base em reivindicações concretas dos trabalhadores, espantou o público e fez o ato fracassar.
Da mesma forma, o que se viu por todo o País, foram atividades minoritárias, feitas fora dos locais centrais, mostrando uma enorme covardia política das direções para mobilizar os trabalhadores, quando isso é mais necessário do que nunca.
A verdade é que as direções sindicais da CUT se submeteram aos setores conservadores, sobretudo às centrais fantoches dos patrões como UGT e Força Sindical que não tem qualquer apreço pela mobilização e estão, inclusive, vinculadas a partidos de direita que estão sabotando abertamente o governo, como se viu nas votações na Câmara dos Deputados nesta semana.
Outra política
É preciso superar esta política de derrotas e desmoralização.
É preciso que os sindicatos e dirigentes que se opõem a essa política que pode levar a grandes derrotas dos trabalhadores, agravando ainda mais a situação atual, se mobilizem. É preciso adotar uma outra política: a mobilização dos trabalhadores e de suas organizações por suas reivindicações contra as pressões e o golpismo de toda a direita.
Um passo importante nesse sentido é o fortalecimento da III Conferência Nacional dos Comitês de Lutas, a ser realizada de 9 a 11 de junho, na Quadra dos Bancários em São Paulo, com a presença de milhares de ativistas e dirigentes, da CUT, movimentos de lutas dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude, partidos de esquerda etc.
Uma oportunidade para impulsionar uma perspectiva independente, de luta, pelas reivindicações centrais do povo trabalhador, conforme assinala seu Manifesto de Convocação, assinado por cerca de mil dirigentes e lideranças de esquerda:
*Aumento emergencial imediato do salário mínimo;
* Reestatização da Eletrobrás e da Petrobrás (100% estatal);
* Revogação de todas as “reformas” contra o povo dos governos Temer e Bolsonaro (“revogaço”);
* Reforma Agrária: terra para quem nela trabalha; atendimento das reivindicações dos povos indígenas;
* Abaixo a conspiração golpista. Fim da tutela dos militares sob o regime político.