Nesta quarta-feira, 13 de dezembro, o portal Brasil 247 publicou uma coluna do articulista Moisés Mendes intitulada Extrema direita cerca Gonet para tentar salvar chefes e financiadores das milícias. Nela, Mendes afirma seu apoio total ao STF e ao judiciário. Vibrando frente à repressão ao bolsonarismo, Mendes se esquece que a esquerda não controla o regime político.
O colunista cita bolsonaristas e chamados ex-bolsonaristas, como Sara Winter e Allan dos Santos, perseguidos pelo Judiciário, para afirmar que o inquérito das fake news, uma verdadeira obra ditatorial e grotesca do ministro Alexandre de Moraes, seria “a investigação gigante do gabinete do ódio e das milícias digitais”.
O autor cita então senadores bolsonaristas e sua sabatina com o indicado a procurador-geral da República Paulo Gonet, que teriam perguntado o que Gonet irá fazer com o inquérito. Buscando garantir legitimidade a uma medida absolutamente inconstitucional e estranha a qualquer base minimamente democrática do direito, Moisés Mendes afirma:
“o bolsonarismo deseja que, depois da leniência de Augusto Aras, o inquérito seja engavetado para sempre por seu sucessor”.
Moisés Mendes então lista uma prolongada coleção de bolsonaristas, inclusive o próprio Jair Bolsonaro, incluídos no inquérito. Numa sanha e torcida repressiva de tipo lavajatista, o colunista declara:
“Muitos já sofreram busca e apreensão mais de uma vez. Vários sumiram e se aquietaram.”
Num trecho em que nada se pode tirar com relação à própria Lava Jato, diz Mendes:
“Por que a preocupação com o inquérito?” (!!!)
O expediente da Lava Jato foi exatamente o mesmo, ir atrás de uns direitistas para se legitimar e, na sequência, prender a maior liderança popular do País: Luiz Inácio Lula da Silva. Chega a ser uma aberração uma afirmação de tal tipo por uma pessoa que se diz minimamente progressista, e em nome de quê?
“Porque essa é a origem das investigações do golpismo, que mostra a cara desde antes de 2018 e prospera até a invasão de Brasília no 8 de janeiro.”
O golpismo, para Moisés Mendes, não é o golpe de 2016, que derrubou o governo Dilma Rousseff e instituiu seis anos de um Executivo capacho dos EUA, ao retirar Lula da eleição em 2018 na sequência, destruindo a economia nacional e jogando o povo na fome. Para Moisés Mendes, golpismo é o passeio dos “tiozões” em Brasília, que entraram nos prédios públicos vazios, defecaram na mesa de Alexandre de Moraes, e depois saíram.
Mais que isso, o colunista ainda omite uma informação fundamental: o inquérito já é usado para perseguir a esquerda. Um partido inteiro foi incluído nesse inquérito por denunciar o golpista STF: o PCO. E foi incluído no inquérito pelo ministro golpista Alexandre de Moraes, colocado no cargo pelo presidente golpista Michel Temer. O partido teve ainda todas as suas redes sociais cassadas em pleno período eleitoral, e a verba eleitoral retida por um período enorme do pleito.
O próprio Moisés Mendes, então, assume a impotência do inquérito para perseguir a direita: “o inquérito do fim do mundo, abandonado como pauta pela grande imprensa, tem o núcleo financiador do gabinete do ódio e das milícias. Um núcleo até agora impune.”
E: “até hoje, apesar de declarações de Moraes na direção da identificação dos financiadores, nada se sabe de concreto sobre o que foi apurado dos endinheirados que sustentavam as facções disseminadoras de mentiras, difamações e ódios.”
Ou seja, uma farsa total.
Moisés Mendes adere ao verdadeiro golpismo em sua coluna. O golpismo que instituiu o fim dos direitos à defesa, presunção de inocência e liberdade de expressão. O golpismo que perseguiu o PT quando do Mensalão, o golpismo que impediu Lula de concorrer em 2018, o golpismo que prendeu Lula, o golpismo que censurou o PCO. Moisés Mendes, em sua coluna, embora ataque o bolsonarismo, está na defesa, de fato, da perseguição jurídica e política à toda a esquerda.
Pior: hoje temos a censura empregada pelo Judiciário contra a defesa da luta Palestina, como o bloqueio de contas nas redes sociais, e a censura ao jornalista Breno Altman.
Enquanto a realidade da luta política aponta para a defesa das liberdades democráticas, em especial a liberdade de expressão, Moisés Mendes fecha os olhos aos direitos rasgados, aos perseguidos e encarcerados, e clama pela mão dura do Judiciário. Uma política como essa não se encontra no espectro da esquerda.