Ocorrida entre 5 e 10 de junho de 1967, a Guerra dos Seis Dias (também conhecida como Terceira Guerra Árabe-Israelense) envolveu uma coalizão de países árabes e o Estado sionista de Israel, cuja criação artificial em 1948 representou uma grande ameaça do imperialismo aos demais países do Oriente Médio e do mundo árabe. Do lado árabe estavam Egito, Síria e Jordânia. Já Israel se apoiava nas potências imperialistas, contando não só com os EUA, mas também com aeronaves da França e tanques de guerra ingleses (“1967 war: Six days that changed the Middle East”, Jeremy Bowen, BBC, 5/6/2017).
Antes, em novembro de 1966, forças israelenses atacaram a Jordânia, alegando que os alvos eram grupos guerrilheiros palestinos localizados no país. Em abril de 1967, foi a vez de Síria ser atacada, sob o mesmo pretexto.
Contra as agressões israelenses, os países árabes citados assinam em maio daquele ano o Acordo de Cooperação Mútua. No dia 22 do mesmo mês, o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, anunciou que as tropas da ONU estacionadas no país seriam retiradas do território egípcio.
As forças imperialistas ocupavam o Egito desde a crise do Canal de Suez (1956) sob a justificativa de garantir o cumprimento do armistício de 1949. Nasser anunciou, ainda, que o Estreito de Tiran, localizado entre Arábia Saudita e Egito, e vital para a ligação de Israel com o Mar Vermelho, seria fechado para embarcações israelenses ou com destino a Israel.
Na obra “The Arab-israeli Wars – War and Peace in the Middle East” (1982, sem tradução para o português), o Major-General israelense Chaim Herzog destaca que a ação egípcia foi encorajada por um informe dado pela inteligência soviética, apontando a concentração de forças do regime sionista na fronteira com a Síria e que Israel se preparava para desferir um grande ataque contra os países árabes. Segundo Herzog, a informação era falsa. Não foi, no entanto, o que se verificou pela desproporção entre o preparo israelense e o total despreparo das nações árabes.
Em resposta às movimentações egípcias, Israel mobiliza mais de 264 mil homens e, antecipando-se aos eventos, já no dia 5 (14 dias após o Egito expulsar as forças da ONU do país), atacou a nação vizinha pelos céus, destruindo cerca de 90% das aeronaves da força aérea egípcia que, sem preparo algum para um conflito nas proporções que se seguiram, foram destruídas no asfalto. No mesmo dia, ataques do mesmo gênero foram desferidos contra Síria e Jordânia, garantindo às cerca de 300 aeronaves israelenses uma superioridade em relação às 959 máquinas das forças aéreas árabes coligadas, quase todas perdidas em condições similares às do Egito.
Apenas 46 naves israelenses seriam destruídas em toda a guerra, contra cerca de 500 só do Egito. Vinte e seis bases aéreas egípcias seriam inutilizadas no primeiro de confronto.
Com o sucesso da superioridade aérea conquistada no primeiro dia, o segundo foi marcado pelos ataques da força aérea israelense (IAF) às tropas terrestres da coligação árabe. Já no terceiro dia (7), a IAF seria empregada em destruir os tanques egípcios e também apoiar a ofensiva sionista contra as forças jordanianas em Jerusalém, que logo cairia nas mãos de Israel.
As Colinas de Golã seriam capturadas dos sírios no dia 9. A essa altura, porém, a ONU já convocaria as nações árabes e Israel a um cessar-fogo, que no dia seguinte seria aceito.
Combinadas, as forças árabes somavam 567 mil homens, porém, o suporte da IAF revelou-se decisivo para o desenrolar do conflito. Ao final, cerca de 15 mil egípcios, 2,5 mil sírios e 700 jordanianos seriam mortos, contra cerca de 983 vítimas do lado sionista.
De posse dos novos territórios conquistados, Israel entrou no conflito com 20.720 km² e saiu com 73.635 km², mais de três vezes maior. A península do Sinai, as Colinas de Golã, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza cairiam sob controle sionista, situação que permanece inalterada até os dias atuais.
A derrota criaria uma desmoralização avassaladora dos países árabes, levando à renúncia de Nasser no Egito (que seria reconduzido à liderança do país após grandes mobilizações populares) e à crise dos demais países envolvidos. Algo entre 350 a 400 mil palestinos seriam desabrigados com as novas conquistas israelenses, abrindo uma nova frente da crise com a população do país invadido pelo enclave imperialista.
A onda de refugiados palestinos gerou uma nova crise na região, impulsionando, ao mesmo tempo, uma guinada na luta armada do então partido revolucionário Al-Fatah, que, incapacitado de continuar promovendo a guerrilha para a libertação da Palestina, recorre ao terrorismo para se opor à ditadura sionista.