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Copa do Mundo

Por que os abutres fazem demagogia com o futebol feminino?

O futebol feminino é dominado pelo imperialismo norte-americano

A Copa do Mundo Feminina começou na última quinta-feira (20) e a imprensa começou com a demagogia em torno da competição. A esquerda pequeno-burguesa, que tem aversão ao futebol, virou comentarista e só tece elogios ao futebol feminino. O colunista Paulo Moreira Leita, por exemplo, no Brasil 247, relembrou o comentário do crítico teatral Sábato Magaldi que relacionou o futebol “aos movimentos do balé”.

Apesar de ser uma realidade a semelhança entre o futebol e a dança, Paulo Moreira Leite faz o comentário para apontar que o futebol feminino é superior ao masculino. “Futebol feminino tem mais gols e menos pontapés”, diz o título de seu artigo.

Segundo Paulo Moreira Leite, a única diferença entre o futebol masculino e o feminino é o fator econômico. “Não há dúvida que, do ponto de vista econômico, a força do futebol masculino mantém uma diferença gigantesca e previsível, num abismo sem comparação, que envolve fatores diversos, que favorecem o futebol masculino, uma máquina econômica de grande porte, que se traduz na remuneração das estrelas em campo”, escreve.

“O maior salário entre as craques do futebol feminino — Sam Kerr, do Chelsea, da Inglaterra — atinge o patamar de 525 000 dólares por ano, uma bela quantia em qualquer profissão. A brasileira Marta, eleita seis vezes pela FIFA como a melhor jogadora do mundo, embolsa perto de 400 000 dólares anuais no Orlando Pride, soma igualmente respeitável, mas distante do universo masculino”, destaca.

Ele continua demonstrando a diferença entre os salários do futebol masculino:

“O português Cristiano Ronaldo embolsa 75 milhões de euros anuais no Al Nassr, e, sempre em euros, cotação em torno de 10% superior ao dólar, o francês Kylian Mbappé ganha 72 milhões no Paris Saint Germain, mesma faixa salarial do argentino Lionel Messi no Inter Miami, onde assinou contrato até 2025. Trata-se de uma faixa só um pouco acima de Neymar, no Paris Saint Germain, primeiro brasileiro da lista”.

No entanto, para Moreira Leite, a diferença econômica não se justifica, pois “o espetáculo das mulheres com suas chuteiras agrada cada vez mais”. Segundo ele, do ponto de vista do desempenho, “a vantagem é feminina”. “Momento máximo do futebol, a média de gols marca uma diferença notável: 3,9 por jogo entre as mulheres, contra 2,3 entre os homens. O número de cartões amarelos, registro numérico da violência, é de 4,7 por jogo nos campeonatos masculinos, contra 2,6 nas partidas femininas”, argumenta.

No entanto, o colunista esquerdista não entende (pois não sabe nada de futebol) que esses números não dizem nada sobre a qualidade do futebol propriamente dito. Basta assistir a um jogo do futebol feminino para perceber que a modalidade está totalmente abaixo, em qualidade, do futebol masculino. Mas, já que o jornalista gosta de números, vamos aos fatos:

Para se preparar para a Copa, a Seleção Brasileira feminina fez um jogo-treino contra a seleção masculina sub-15 do estado de Queensland (uma província da Austrália, país sem nenhuma tradição no futebol) e perdeu por 3 a 1. Quer dizer, o time nacional do país futebol perdeu para os marmanjos de um compilado provinciano da Austrália. Isso porque a Seleção Brasileira é uma das melhores do futebol feminino…

Mas, o que significam os dados colocados por Paulo Moreira Leite?

O futebol feminino é uma modalidade nova que surgiu na década de 1990. Nesse sentido, a modalidade se assemelha a um esporte olímpico qualquer, onde o poder financeiro fala muito mais alto do que a tradição. No futebol masculino, países sul-americanos, como Brasil, Argentina e Uruguai, desenvolveram uma tradição que os permitem competir com os países imperialistas. Na realidade, permitiu que estes países ultrapassassem o futebol dos países imperialistas.

No futebol feminino isso não ocorre, pois é muito novo. Assim, é um esporte que depende de investimento e estrutura. É um esporte que depende do dinheiro. Por isso, países sem nenhuma tradição no futebol, como os Estados Unidos, são potências do futebol feminino. Na realidade, isso até o momento é uma lei: apenas países imperialistas ganharam Copa do Mundo. São quatro campeões até agora: Estados Unidos (4 vezes), Japão (1), Noruega (1) e Alemanha (2). Destes, apenas a Alemanha já conquistou uma Copa no futebol masculino. O resto dos países são reconhecidos mundialmente por serem pernas-de-pau.

Por isso, surgido já numa época em que os monopólios dominam o futebol, a disparidade entre um clube rico e outro pobre é muito maior. Assim, alguns poucos clubes dominam o futebol enquanto os outros são massacrados. É isso que explica um número maior de gols no futebol feminino. Por exemplo, é impensável uma goleada da Alemanha contra a Argentina. No entanto, uma das maiores goleadas da história da Copa do Mundo Feminina é Alemanha 11 x 0 Argentina.

A falta de “pontapés”, de catimba, entre outras coisas, é um resultado da falta de qualidade geral. Há poucas jogadoras realmente habilidosas para ficarem sofrendo falta o tempo inteiro — como ocorre com Neymar e Vinícius Júnior, por exemplo. Da mesma forma, a menor importância do esporte tira as manobras para se ganhar o jogo: a violência, a catimba, etc.

É justamente a falta de qualidade e importância da modalidade que dá ao futebol o aspecto de “jogo limpo”. Aliás, essa campanha, reproduzida por Paulo Moreira Leite, é uma campanha geral da burguesia. 

Em coluna no Uol, o ex-jogador e comentarista Walter Casagrande Jr. aproveitou a Copa do Mundo para divulgar os comentários venenosos da jogadora Sophia Kleinherne, da Seleção da Alemanha. Para enaltecer o futebol feminino, a alemã afirmou: “Não conheço nenhuma ‘Neymar feminina’, nenhuma jogadora que fique no chão dois ou três minutos”.

Casagrande, naturalmente, concordou com a jogadora. “A zagueira Sophia Kleinherne disse com toda clareza e coragem que as mulheres são mais honestas em campo do que os homens, e usou a fama verdadeira de Neymar como ‘cai-cai’ como exemplo, e aí mexeu com as(os) ‘Neymarzetes’”, escreveu Casagrande.

“Como se ela tivesse atacado, ofendido, ou ainda como se tivesse mentido, mas a Sophia jogou a real porque ela está certa […] Eu concordo plenamente com ela porque é uma chatice os jogos masculinos aqui no Brasil, porque a cada jogo tem pelo menos uns quatro ou cinco jogadores que caem no chão simulando que tomaram um tapa ou cotovelada no rosto, sendo que as imagens mostram que, na maioria das vezes, a mão do adversário bateu no peito sem força e algumas nem chegam a tocar no jogador”, argumentou.

“Essa é a falta de honestidade no jogo de futebol que ela está falando, ou seja, tentar enganar o árbitro mesmo sabendo que terá o auxílio do VAR se for necessário. Mas o problema não é se será expulso ou não, mas sim a constante encenação durante uma partida de futebol […] A Sophia não mentiu, falou a verdade. Não ofendeu, relatou um fato. Quem discordar do que falou é porque faz parte da turma que tenta mudar a realidade. O que se pode fazer é concordar ou não com ela, mas não dizer que ela está mentindo”, destacou.

Casagrande demonstra outro fator nocivo dos que fazem campanha a favor do futebol feminino: o uso das mulheres (inocentes, que nada tem a ver com a campanha feita pela imprensa) para atacar a Seleção Brasileira. 

Aí cabe a pergunta: por que Casagrande & Cia, que durante a Copa no Catar atacaram a Canarinho, não atacam a Seleção Feminina — ao contrário, defendem incondicionalmente (sem se perguntar se há jogadoras bolsonaristas, etc.)? A resposta é simples: querem estimular a competição porque sabem que está tudo dominado pelo imperialismo. A forçação de barra para impulsionar o futebol feminino só ocorre porque a modalidade é dominada, de longe, pelo imperialismo norte-americano, sem grandes concorrentes para vencê-lo. Caso contrário, Casagrande estaria destilando ódio contra a Seleção de mulheres, arrumando alguma desculpa para atacar a Marta, ou outro craque da seleção.

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