Publicado no portal Vermelho, ligado ao PCdoB, um artigo, assinado por Pedro Luiz Teixeira de Camargo, intitulado Entendendo um pouco da tensa situação entre Venezuela e Guiana procura analisar a crise envolvendo o território de Essequibo.
O autor conta um pouco da história da disputa, que remete ao século XIX. Segundo o texto, tal disputa pode originar um conflito “se não houver uma resolução diplomática”.
Embora reconheça o direito da Venezuela sobre Essequibo, o autor mostra uma ingenuidade infantil ao crer que a solução para a disputa deveria ser resultado de esforços da ONU:
“A resolução dessa disputa exige esforços contínuos da ONU, com uma diplomacia eficaz e um compromisso mútuo das partes envolvidas para encontrar soluções que respeitem o direito internacional e promovam a paz e a estabilidade na região.”
Se o governo venezuelano apostasse na saída proposta pelo autor do artigo, seria melhor nem mesmo tentar recuperar Essequibo. A diplomacia da ONU, ou seja, do imperialismo, já tem a sua posição: o território é da Guiana, ou seja, dos interesses imperialistas na região.
O autor comete esse erro porque não vê a situação de um ponto de vista realista e não conhece a relação de forças e os interesses entre as classes.
Em primeiro lugar, a única posição democrática possível no caso é a defesa incondicional da Venezuela sobre o território. A partir dessa consideração, pode-se discutir os meios para que esse direito seja conquistado.
Se uma guerra aberta contra a Guiana pode não ser a saída ideal a curto prazo – já que seguramente haveria uma intervenção imperialista na região -, isso não significa que o direito da Venezuela sobre o território seria conquistado com paz.
Ainda que a guerra possa não ser imediata, um conflito é inevitável. Para garantir seu direito, o povo venezuelano terá que se enfrentar com o imperialismo. Detrás da diplomacia estão os exércitos e são eles que vão garantir qualquer negociação, ou seja, a força militar é um fator presente, sem ela, não há conquista diplomática possível.
O autor do texto é ingênuo e acredita que é possível que o imperialismo aceite as negociações de bom grado.
Lendo o artigo, fica difícil saber se o autor é mais ingênuo por acreditar na diplomacia pacifista, ou por acreditar na ONU. Está mais fácil acreditar em Papai Noel.