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Guerra na Ucrânia

Ou se é a favor dos EUA, ou se é contra: não há terceira opção

Segundo o sociólogo Murray Smith “para entender o mundo hoje, é necessário se afastar da ideia de que são os Estados Unidos e seus aliados que iniciam tudo”

O senhor Murray Smith, professor emérito de sociologia da Universidade de Brock (Canadá), em seu longo artigo “Líderes da Esquerda Europeia sobre a Ucrânia: Nem um vestígio de solidariedade”, traduzido e publicado pela Revista Movimento, nos informa que “para entender o mundo hoje, é necessário se afastar da ideia de que são os Estados Unidos e seus aliados que iniciam tudo”. O autor, então, desenvolve seu raciocínio afirmando que “existem contradições inter-imperialistas e anti-capitalistas se agravando. Isso cria lutas pelo poder e a criação ou reforço de blocos. Os principais atores são os Estados Unidos, China e Rússia”.

 

Até aqui, poderíamos considerar que o que Smith está dizendo é que nem sempre o imperialismo toma a iniciativa nos conflitos mundiais. Por exemplo, o escocês poderia alegar que o referendo consultivo de Nicolás Maduro sobre o território de Essequibo teria sido uma iniciativa da Venezuela, e não dos Estados Unidos. É um debate que pode ser feito.

 

No entanto, por mais que tal posição esteja errada, o que Murray Smith apresenta é ainda mais absurdo. Ao citar o caso russo, o escocês defende que não apenas os países oprimidos podem se mover na política mundial sem que isso seja uma reação direta a uma ação do imperialismo, como podem atuar de maneira marginal aos interesses e planos deste. Diz ele:

 

“o fato de a Rússia ter interesses econômicos a defender não significa que essa tenha sido a motivação para a guerra. Existe uma autonomia da dimensão política (ou geopolítica). A Ucrânia é fundamental para qualquer projeto imperial russo, mesmo a um custo considerável para a economia a curto prazo”.

 

Para sustentar tal tese, é preciso abandonar por completo qualquer ideia de que o imperialismo exista. Afinal, o imperialismo pressupõe justamente uma ordem mundial, uma ditadura de um condomínio de países sobre a política, a economia e as forças armadas da esmagadora maioria das nações do planeta. Se há um “espaço vazio” na política mundial, no qual o imperialismo não atua, então, necessariamente, o imperialismo não existe. Melhor faria, portanto, o senhor Murray Smith se não mais se apresentasse como “marxista”.

 

Vladimir Lênin, em sua obra Imperialismo: fase superior do capitalismo, é bem claro no assunto:

 

“Os países exportadores de capitais dividiram o mundo entre si, no sentido figurado do termo. Mas o capital financeiro também conduziu à partilha direta do mundo”.

 

“A época do capitalismo contemporâneo mostra-nos que se estão a estabelecer determinadas relações entre os grupos capitalistas com base na partilha econômica do mundo, e que, ao mesmo tempo, em ligação com isto, se estão a estabelecer entre os grupos políticos, entre os Estados, determinadas relações com base na partilha territorial do mundo, na luta pelas colônias, na ‘luta pelo território econômico’”.

 

O sistema econômico vigente no mundo hoje é baseado justamente na partilha do mundo pelos monopólios – partilha esta que é intermediada pelos Estados. Sem tal partilha, toda a ordem econômica e política se desmancha: não há como manter o regime político francês, por exemplo, sem que haja a incessante pilhagem dos países africanos. Se todos os países africanos rompessem por completo com o imperialismo francês, o regime entraria em colapso. Diante disso, fica, então, a pergunta: por que os Estados Unidos, que é o chefe de um sistema montado sobre a exploração dos povos, se absteria de influenciar na política e na economia de um determinado país, abrindo o caminho para que um concorrente seu se fortaleça? Não faria sentido algum.

 

E o próprio caso da Rússia e da Ucrânia comprova isto. Os interesses que a Rússia “tem a defender” não são secundários, mas o aspecto central do conflito. Os Estados Unidos, por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte, já armaram 29 países no mesmo continente em que está a Rússia! A Rússia, por sua vez, não instalou bases militares no México, no Canadá, nem mesmo em Cuba. Como poderia ser secundário que o governo de Vladimir Putin se preocupasse com essa ameaça iminente?

 

Enquanto existir, o imperialismo sempre estará presente em cada aspecto da política mundial. Seja atuando como xerife dessa grande máquina de exploração, seja como alvo da revolta dos países que se levantam contra ele.

 

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