A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), reconhecida pela imprensa tradicional como uma das primeiras pessoas públicas a se manifestar sobre a venda de ingressos por cambistas para a apresentação da cantora norte-americana Taylor Swift, encaminhou ofício ao Ministério Público solicitando investigação. Segundo Hilton, seria necessário garantir que práticas abusivas, ou “ilegais”, envolvendo a comercialização de ingressos não acontecessem, para assim proteger os direitos dos consumidores.
Além da deputada federal do Partido Socialismo e Liberdade, outro suposto defensor dos consumidores é o deputado federal Pedro Aihara (Patriotas-MG), que apresentou projeto de lei para criminalizar a venda de ingressos por valores superiores aos originais e ainda a tipificação do “cambismo digital”.
A “Lei Taylor Swift”, proposta pela deputada federal Simone Marquetto (MDB-SP), tem como objetivo criminalizar o “cambismo” para supostamente proteger a “economia popular”. O Projeto de Lei original sugere reclusão de até 4 anos e multa equivalente a cem vezes o valor de comercialização do ingresso para o infrator.
Essa proposta de Lei teria resultado de denúncias de fãs da cantora norte-americana que buscavam fazer aquisição de ingressos para a turnê de sua banda no Brasil. Após a venda de ingressos pela organização das apresentações se esgotar, teria se iniciado o comércio de ingressos com valores de até 10 vezes maiores que o original por cambistas.
O primeiro ponto dessa questão a ser tratado é a falsa defesa da “economia popular”, o MDB foi o principal partido a garantir a aprovação do teto de gastos, que foi sancionado pelo presidente golpista Michel Temer, e da “independência” do Banco Central, que foi sancionado pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. As medidas que resultaram do Golpe de Estado de 2016 garantiram enormes vantagens para os banqueiros e para o povo brasileiro: desemprego, miséria e fome.
O “cambismo” é parte da cultura brasileira, essa atividade está presente possivelmente em todos as partidas de futebol do país. Não dá pra levar a sério que alguém vai enriquecer por meio deste tipo de comercio e que esse tipo de atividade teria impacto decisivo na “economia popular”. O cambista busca sobreviver como parte significativa da população que revende bebidas, comidas, entre outros produtos em eventos públicos. Não se pode apoiar de maneira demagógica criminalizar o cidadão, que busca viver como pode diante do cenário de desemprego no país, como se isso fosse resolver o problema geral da economia.
Outra questão importante se refere à posição da Erika Hilton em defesa da repressão do Estado em conjunto com bolsonaristas e a direita golpista. Essa não deveria ser a política de um representante LGBTs, se tratando de um setor que já sofreu repressão estatal em virtude da criminalização da “homossexualidade”. Tampouco é uma política de interesse de uma deputada que se apresenta como representante do povo negro, tendo em vista que a repressão recairá obrigatoriamente sobre a população que diz defender.
Muito estranhamente pouco de se vê de luta contra os banqueiros pelos setores do PSOL, mas basta uma histeria da classe média para ver a apresentação de uma gringa no Brasil, para aparecerem com sua luta de “protocolar solicitações de repressão” junto às instituições do Estado. Na prática, se trata de uma política de ataque à população e que se alinha aos partidos de direita.