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Malabarismo teórico

O “Lula imperialista”, segundo esquerdistas fora da realidade

Portal chamado Primera Línea Revolucionária falsifica a realidade para convencer que Lula é imperialista

O sítio Primera Línea Revolucionária América Latina, que chamaremos de PLR, publicou uma crítica às posições políticas do PCO sobre a caracterização do governo Lula. Para ser mais justo, não são exatamente críticas, mas deformações e calúnias contra o partido.

O artigo, chamado “‘Nacionalista’ que é um poodle do imperialismo?”, resumidamente tenta provar que o novo governo Lula não é nacionalista e o PCO seria uma espécie de braço do governo Lula e, consequentemente, do próprio imperialismo.

Logo no início, o artigo tenta dar uma aula sobre a definição de nacionalismo. Realmente uma ‘inovação’ teórica:

“O nacionalismo responde a um movimento nos países atrasados de completar as tarefas que as burguesias nacionais não conseguiram fazer, principalmente por sua submissão às potências estrangeiras e pelo temor que têm dos próprios trabalhadores e do seu próprio povo.

As tarefas são:

  1. A defesa da soberania (independência) nacional, o que implica na luta efetiva contra o imperialismo;
  2. A luta pelas liberdades democráticas contra o brutal fechamento do regime imposto pelo imperialismo e seus poodles locais;
  3. A realização de uma ampla reforma agrária que acabe com o latifúndio;
  4. O nacionalismo se apoia nas massas, as mobiliza de maneira controlada, para se opor ao imperialismo.”

Vejamos brevemente se esses pontos cabem em dois casos clássicos de governos nacionalistas nos países atrasados: Getúlio Vargas, no Brasil, e Perón, na Argentina.

Nenhum dos dois realizou a Reforma Agrária, nenhum dos dois era grande lutador pelas liberdades democráticas, principalmente Perón, que era um admirador do fascismo e do nazismo. Há, inclusive, muitos casos na história de governos nacionalistas que são ditaduras.

Dizer que Getúlio Vargas se apoiou nas massas é outra completa falta de conhecimento. Diante do golpe, Vargas preferiu o suicídio do que a mobilização popular, mesmo que controlada, contra o imperialismo.

Por fim, sobre o primeiro ponto, pode-se dizer que a defesa da independência nacional é uma política relativa, em alguns ela é mais profunda, em outros, não. A característica geral dos governos nacionalistas não é uma luta efetiva contra o imperialismo, mas sempre uma busca pela colaboração de classes. É da natureza da burguesia nacional buscar esse acordo, não ter uma política mais revolucionária que entre em conflito o imperialismo.

Vimos, em poucas linhas, que as definições de nacionalismo do PLR não servem para nada. E essa definição furada vai ajudar (ou talvez o melhor seja dizer atrapalhar?) na análise totalmente fracassada que o artigo faz do governo Lula.

Ao comparar os primeiros governos de Lula com o atual, o PLR tenta provar que aqueles eram mais nacionalistas do que este. Mas falha miseravelmente na tentativa. Vejamos:

Primeiro, o artigo afirma que o atual governo não se enquadra em nenhum dos quatro pontos apresentados e depois explicam em quais desses pontos se enquadram os primeiros governos: 

“Por exemplo, ter se oposto à criação da ALCA, ter desenvolvido relações com Venezuela e Cuba, ter impulsionado as grandes empresas nacionais que investem no estrangeiro – em países secundários para o imperialismo – e, por fim, ter impulsionado os BRICS (…) manteve uma política de não enfrentamento em todas as questões importantes, principalmente sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão. Mas havia tendências nacionalistas ao fim.”

O autor do artigo está visivelmente desorientado. Se as relações com Cuba e Venezuela são um fator importante para definir o grau de nacionalismo do governo, então o governo atual cumpre esse requisito. O governo Lula mantém essas relações com Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Se impulsionar as grandes empresas nacionais, for um requisito, o governo Lula atual também afirmou que irá adotar essa política com o BNDES. Isso sem falar que estamos com apenas dois meses e meio de governo e é um pouco cedo para afirmar com exatidão como será essa política.

Sobre os BRICS, o governo Lula continua adotando uma política favorável a eles. Onde está a diferença essencial?

Com relação à política de não enfrentamento, nada de novo. O PT e Lula, por suas características, procuram uma política de conciliação internacionalmente. Em geral, não adotam, como foi o caso da recusa de enviar armas à Ucrânia, uma política agressiva.

O PLR primeiro falsifica a teoria, depois falsifica a realidade. Tudo isso para dizer que o governo Lula é ruim e o PCO é agente do PT e, consequentemente, do imperialismo. Uma discussão de criança mimada que quer obrigar a realidade a se adaptar às suas conveniências.

Mais a adiante, o artigo do PLR acaba revelando bem aonde vai essa política. Acaba na caçapa da direita. Vejam só as acusações que o artigo faz contra os governos do PT:

“Durante os governos Lula, mais de 150 mil sindicalistas foram cooptados com cargos nas empresas públicas ou no governo. Com isso acabou o sindicalismo no Brasil, que foi transformado em um ‘negócio’ cartorial sob o controle de burocracias corruptas; ainda pior do que fez a Ditadura Militar.”

Nem vamos aqui entrar no absurdo número de 150 mil sindicalistas cooptados. De fato houve essa política nos governos do PT, que foi muito criticada pelo PCO, mas o número é um claro exagero, sendo que nem há número de sindicatos suficiente para uma cooptação desse tamanho no governo.

Mas o que chama muito a atenção é que o artigo considera a política sindical dos governos do PT como “pior do que fez a ditadura”. Aqui, revela-se novamente o vale tudo político e a desonestidade.

O direitismo do artigo não para por aí. Sobre o atual governo Lula, que para o PLR não tem nada de nacionalismo, o artigo diz:

“Os nossos programas sociais nem sequer podem ser considerados como nacionalistas. O Bolsa Família, por exemplo, foi criado por FHC e aplicado até por Bolsonaro.”

Só faltava essa mesmo. Na ânsia de criticar o governo, usar um argumento tipicamente da direita: “o Bolsa família, além de ser uma porcaria, foi criado pelo PSDB”. Um tucanismo explícito da PLR!

E aí, para atacar o PCO, mais falsificação:

“A mais obscena teorização a esse respeito foi realizada pelo PCO, com a visão de que Lula foi tratado de igual a igual pelo imperialismo na recente visita a Biden. Para isso, precisou realizar todo tipo de malabarismo para minimizar a gravidade da Declaração conjunta Biden/Lula e a votação do Brasil contra a Rússia nas Nações Unidas, sem sequer mediar consulta prévia com os parceiros do BRICS, do qual o Brasil é fundador. Na política exterior, o governo Lula/Alckmin promoveu um claro alinhamento com o imperialismo norte-americano.”

O artigo distorce a posição do PCO e não explica nada. O que o PLR chama de “malabarismo” é um argumento muito óbvio do PCO. Primeiro, Lula não é um revolucionário, portanto é da natureza de sua política, assim como é de muitos nacionalistas, a conciliação. Não levar esse problema em conta ao analisar o encontro com Biden é viver fora da realidade. Segundo, o PLR simplesmente oculta um fato relevante no caso Rússia que foi a negativa de enviar armas à Ucrânia. Por que o artigo oculta isso? Para nós, esse fato é muio mais relevante e concreto do que a declaração e a votação, justamente porque ele é mais concreto mesmo, diz respeito às relações econômicas do Brasil com a OTAN. Mais uma vez, o PLR ignora a realidade.

Para finalizar, a grande análise econômica que, segundo o artigo, provaria que Lula é um imperialista:

“Na política econômica é onde o caráter pró-imperialista do governo Lula/Alckmin fica mais evidente. A política econômica é a mesma aplicada por Paulo Guedes e foi determinada nas suas linhas centrais pela ‘equipe de transição’ controlada pelos pais do Plano Real, Pérsio Arida, Armínio Fraga e Malan.”

Primeiro, falar que a política econômica é mesma de Guedes, um neoliberal febril psicopata, é uma canalhice. Qualquer um sabe que não é assim. Segundo, a PLR oculta mais um fato para provar sua tese: a crítica aberta justamente desses economistas citados contra a política econômica de Lula. E há, agora, novo fato, a pesquisa que mostra que 95% dos representantes do mercado são contra Lula. Como seria possível isso se a política econômica do novo governo fosse igual à de Guedes?

A PLR não está vivendo em outro país, provavelmente está vivendo em outro mundo.

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