Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Editorial do Estadão

O “centro liberal democrático” da frente ampla é o mesmo do golpe

O Estadão publicou um editorial no qual promove uma tese, no mínimo, excêntrica

Há poucos dias, o Estadão publicou um editorial no qual promove uma tese, no mínimo, excêntrica. Segundo o jornal, Lula estaria governando com o “fígado”. A narrativa traz a última resolução aprovada pelo diretório nacional do PT como a prova cabal de que o presidente e seus correligionários não admitiram os erros cometidos no passado e querem “perseguir” os setores políticos que, “acertadamente”, levaram ao golpe de Dilma e à prisão de Lula. 

Diz a matéria:

“Seja pelo que se depreende do texto da resolução, seja pelos discursos do próprio presidente, que se recusa a descer do palanque mesmo tendo sido eleito para governar no interesse de todos os brasileiros, este terceiro mandato presidencial do petista, o quinto do PT, parece orientado a reparar as ‘injustiças’ que teriam sido cometidas contra o partido e alguns de seus próceres, e não a reconstruir o País e o tecido social após a tragédia que foi o governo de Jair Bolsonaro.” 

Essa linha editorial revela alguns pontos importantes para o leitor desavisado: 1º) a velha reivindicação golpista dos idos de 2016 de que o PT precisa fazer uma “autocrítica”, que seria, na verdade, uma admissão de culpa, uma capitulação; 2) o Estadão, um dos maiores veículos midiáticos do Brasil, enxerga que o PT está se encaminhando para posições mais radicais, de polarização não só contra o bolsonarismo, mas também contra a chamada “direita democrática”; 3) a repetição da negação do golpe de Estado sofrido pela presidente Dilma Rousseff.

Coincidências

Essa linha editorial que tenta demarcar fronteiras políticas muito bem definidas, em que o presidente não pode ultrapassar a fim de preservar um etéreo “pacto democrático”, é compartilhada também pelo jornal O Globo. Coincidentemente, tanto o Estadão, quanto O Globo, foram os fiadores políticos dessa “direita democrática”, “gestora”, “não radical”, “ecológica”, entre outros adjetivos vazios utilizados para esconder o caráter de classe fundamentalmente burguês.

Outra grande coincidência é que esses mesmos jornais também apoiaram o golpe de Estado contra a presidente Rousseff. Golpe de Estado que, muito bem articulado e arquitetado, desde Washington, com influência direta do FBI e CIA, conseguiram tirar do executivo brasileiro uma pedra no sapato dos EUA. Esse pavor advindo dos donos do Estado brasileiro, que também controlam os grandes jornais nacionais, só escancaram o que de fato houve: um golpe de Estado.

A direita democrática

Estadão, Veja, O Globo, CNN, entre outros jornais burgueses no Brasil e no mundo, vêm agindo como fiadores dessa tal “direita democrática” há muitas décadas. O objetivo final é a transformação dos conflitos políticos ao redor do mundo numa espécie de repetição da disputa entre democratas e republicanos em solo estadunidense. Um embate político estéril do ponto de vista popular, onde apenas os interesses da alta burguesia associada ao imperialismo (ou parte dele) possuem relevância política. 

No entanto, após o golpe de Estado de 2016, essa “direita democrática”, expressa pelo PSDB, evaporou. Como os votos em 2018 e 2022 demonstraram, a polarização política gerada com a crise institucional levou o Brasil a duas posições distintas: Bolsonaro, ou Lula. Sendo irônico que essa direita “democrática” foi a principal articuladora do golpe de 2016. 

O que a grande burguesia brasileira reclama, através do Estadão, é uma recomposição nacional, um apaziguamento político que permita a reabilitação de grupos como o PSDB. Com Lula, a esperança era de que o petista se dobraria à “governabilidade” e traria as condições para o fim da polarização que matou a relevância da centro-direita

Lula, no entanto, ainda não entregou essa recomposição política, apesar de ter Alckmin como vice e uma série de ministros, do segundo escalão, pertencentes a essa direita “PSDBista”, como Simone Tebet; além de uma esquerda liberal e “ONGueira”, como Marina Silva e Sônia Guajajara. A pressão sobre Lula será imensa, o objetivo é claro: garantir a manutenção das reformas neoliberais “modernizantes”, avançar com o desmonte do Brasil e garantir a reabilitação das instituições da República de 1988. Esse é o plano de fundo de todas as acusações infantis vindas dos grandes jornais.

Onde Lula se sustenta

É sempre importante salientar que o presidente ainda conta com amplo apoio dos trabalhadores, além de poderosas — apesar de adormecidas — organizações populares, como a CUT, o MST e o próprio PT, com seus quase 2 milhões de filiados. É nesse campo que o presidente se sustenta, e é através da ativação desses setores que Lula poderá encontrar uma saída política que não seja a capitulação.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.