A China anunciou seu projeto de orçamento militar para 2023 na abertura do Congresso Nacional do Povo (APN), a mais alta câmara decisória do país. Ele deverá subir dos atuais 1,450 bilhões de Yuans para 1,5537 trilhões de Yuans (224,7 bilhões de dólares). Esse é o esforço de Pequim para atender à necessidade de modernizar sua defesa nacional para salvaguardar a soberania do país, a integridade territorial e os interesses do desenvolvimento frente às ameaças e instabilidades externas.
Analistas dizem que os aumentos com gastos militares, de apenas um dígito em 7,2% do PIB Chines, pelo 8º ano consecutivo, é “razoável e contido” comparado com os demais países do mundo, considerando o aumento das tensões que crescem por todo o planeta. A taxa de crescimento com defesa foi de 6,6% em 2020, 6,8% em 2021 e 7,1 por cento em 2022, sendo que o PIB cresceu 3% em 2022 e a expectativa para 2023 é 5% de crescimento.
O orçamento com defesa da China se mantém há anos abaixo dos 1,5% enquanto que a média mundial é de 2% e os EUA chegam próximo a 4%. Isso indica que a China está optando pelo caminho do desenvolvimento pacífico, já os EUA apostam na corrida armamentista colocando em risco de guerra os demais países.
A meta do centenário do Exército de Libertação Popular (PLA) é modernizar as forças da defesa nacional e das forças armadas até 2035, transformando-as em forças de classe mundial até meados do século XXI, ou seja, em cerca de 20 anos.
O PIB da China em 2002 era de 1,471 trilhão de dólares, o dos EUA era 10,93 trilhões e o do Japão 4,183 trilhões. Em 2020 o PIB da China foi de 17,73 trilhões, dos EUA 23,32 trilhões, do Japão 4,941 trilhões, os dados são do Banco Mundial.
A quantidade de dinheiro empregado no orçamento militar não diz muita coisa. As peças militares como aviões, navios, canhões e munições são produzidas na China com um custo bastante inferior ao que os americanos produzem e assim podem produzir maior quantidade que os americanos produzem. A quantidade se sobrepõe à qualidade.
Os EUA e seus aliados, incluindo o Japão, têm provocado a China na questão de Taiwan. Os americanos querem que Taiwan se desvincule da China, contrariando a política do estado Chinês de uma só China.
Desde o final da II Grande Guerra e a derrota imposta por Mao Tsé Tung ao então presidente pró imperialista Chiang Kai Shek, na guerra de libertação chinesa do domínio imperialista, no acordo entre os líderes devido ao esforço de guerra em conjunto para libertarem-se da invasão japonesa, Chiang Kai Shek ficaria com o domínio do território da ilha de Taiwan, que nem mesmo os americanos reconheceram como país independente.
Dizem que a China precisa aumentar o orçamento o suficiente para criar um exército forte e bem treinado para construir uma dissuasão capaz de evitar conflitos. Parece desconhecer que a China tem bombas nucleares, sendo este o mais potente “argumento” para evitar uma guerra contra ela. Parece que querem forçar a China gastar mais com armas, pensando em beneficiar a quem? A indústria de guerra imperialista? É o que parece.
Enquanto isso, a escalada de tensões pelo planeta segue em alta. O Imperialismo e seus aliados (Otan, Inglaterra, Alemanha e França) contra o resto do mundo, utilizando de primaveras árabes ou revoluções coloridas, que promovem nos países conflitos entre etnias, ideologias, identidades variadas como machismo, raça, religião, etc, dividindo o país.
Esse tem sido o gancho para que grupos formados através de ONGs financiadas pelo Pentágono e demais sócios do imperialismo atuem como agentes causadores de conflitos internos nos países, como sendo “defensores da democracia, de proteção do meio ambiente, contra a corrupção, contra cartéis de drogas, de ditadores, etc.”
Querem os imperialistas “justificar” que as forças armadas invada e controle o país, alegando falsamente que estão levando democracia e direitos humanos a essas populações. Na verdade a invasão tem como objetivo se apropriar das riquezas naturais dos países como gás, petróleo, minérios vários e raros, água, etc. Transferem o dinheiro do país invadido, normalmente subdesenvolvido, para os países desenvolvidos os imperialistas do planeta.
Por isso, desde a crise gigantesca do capitalismo iniciada em 2008, o número de conflitos tem aumentado progressivamente. A mais recente tem sido o conflito entre EUA/Otan contra a Rússia em solo ucraniano, a tal guerra por procuração, sendo a Rússia rica em recursos naturais diversificados, como gás, petróleo, ouro, diamantes e solo fértil.
Nem todos os conflitos são abordados pela imprensa oficial, que é uma das principais aliadas do imperialismo. Noticiam o conflito na Ucrânia 24 horas por dia devido aos interesses importantes para o patrão. E precisamos lembrar que a primeira vítima num conflito é justamente a informação.
Por exemplo, os conflitos na África não aparecem na imprensa e são muitos. Ao que parece os conflitos entre países do hemisfério sul não são tratados, mas sempre notamos a mão do imperialismo, e os objetivos são os mesmos, é esconder a verdade dos fatos que o imperialismo necessita adquirir maior riqueza para se manterem no poder devido à crise generalizada no sistema. E assim não transparecer que se trata de invasão para saquear os países que sofrem a invasão.
O conflito na Etiópia já dura mais de um ano e a base é disputa entre grupos étnicos. Ela é governada desde 1991 como uma Federação composta por várias etnias organizadas em quatro partidos. Desde então se tornou próspera e estável, porém sofrendo acusações de problemas com direitos humanos e a falta de democracia. Começaram as revoltas e isso levou à queda do governo, assumindo o 1º ministro Abyi Ahmed que criou um novo partido e destituiu os principais líderes com a acusação de corrupção e violência. Um golpe de estado.
Um desses partidos é a Frente Nacional de Libertação do Tigré, que percebeu a tentativa de acabar com a Federação, fez eleições locais não reconhecidas por Abyi Ahmed e iniciou o conflito.
O caso do Iêmen tem origem na primavera árabe em 2011 com a “Revolução Iemenita” que forçou o presidente Ali Abdullah Saleh a entregar o cargo ao vice Abdrabbuh Mansur Hadi com a acusação de ser um presidente autoritário e corrupto. O descontentamento com o golpe de estado gerou movimentos separatistas, como ocorreu na Catalunha-Espanha.
Com a fraqueza do novo governo, o movimento Houthi do norte de Saada conquistou sua região em 2014 e iniciou o avanço até o sul contando com inúmeras adesões ao movimento e assim partiram para tomar a capital Sanaa. Em 2015 o presidente Hadi teve que fugir para o exterior, completando a retomada do poder. Os Houthis tinham participado de combates contra adversários de Abdullah Saleh quando ainda estavam no poder.
Nesse conflito a Arábia Saudita apoiou o governo golpista de Hadi e em contrapartida o Irã passou a apoiar os Houthis que foram vencedores no conflito, embora a Arábia Saudita continue a bombardear o Iêmen tentando enfraquecer o regime. Mesmo assim, o imperialismo teme que os demais países da região sigam o exemplo do Iêmem prejudicando sua dominação regional.
Mianmar encontra-se em quase guerra civil com o golpe de estado. Após uma eleição vencida com grande margem pela líder do NLD (Liga Nacional pela Democracia) Aung San Suu Kyi, levou os militares a dar golpe de estado em fevereiro de 2021. Eles estão atacando minorias étnicas. Ativistas de oposição promoveram desobediência civil, greves e protestos em massa contra o golpe. A repressão violenta fez com que o movimento criasse a milícia Força de Defesa do Povo que assassina autoridades e ataca comboios militares. O país está em plena guerra civil. A ONG humanitária International Rescue Committee atua no país e informa que já evacuaram 220 mil pessoas. Vão precisar se livrar dessas ONGs se quiserem ter sucesso na retomada do poder.
O caso do Haiti já é velho conhecido nosso, pois teve a participação militar brasileira nas forças de ocupação da ONU em 2004. Em 07/072021 o presidente Jovenel Möise foi brutalmente assassinado com requintes de crueldade em Pétionville-Haiti, a primeira dama também foi baleada mas sobreviveu. A polícia alega que um grupo de mercenários composto por 26 colombianos e dois haitianos americanos fizeram parte do assassinato.
Ele estava sendo acusado de corrupção que se estendia a seu antecessor feita inclusive pelo Superior Tribunal de Contas do Haiti, que somado à grave crise econômica, falta de combustível, fome e excesso de criminalidade foram argumentos para estimular movimentos de oposição pedindo sua renúncia.
O 1º ministro nomeado por Möise, Ariel Henry, assumiu interinamente enquanto não aconteceram novas eleições. Mas ele sofre pressão de grupos e milícias que exigem sua renúncia, apesar do acordo entre facções para permanecer no poder até as eleições. Ele escapou de atentado contra sua vida.
O país passa por uma insurreição popular e qualquer tentativa do povo haitiano de sair do sistema neocolonial imposto pela ocupação militar estadunidense (1915-34) foi enfrentada com intervenções militares e econômicas para preservá-lo. As estruturas de dominação e exploração estabelecidas por esse sistema empobreceram o povo. Na verdade isso ocorre desde que a Revolução conseguiu a independência da França em 1804.
Temos o caso da Síria, que em 2011 teve início os movimentos contra o presidente Bashar Al Assad. Eles se transformaram em guerra civil em grande escala desde então. Em março daquele ano, inspirado nas primaveras árabes, os movimentos tomaram proporções enormes e Al Assad reprimiu fortemente as manifestações que exigiam a renúncia do governo e com isso os movimentos se espalharam por todo o país.
Ficou claro o envolvimento dos EUA, Inglaterra e França contra Al Assad. Diante disso, a Rússia tomou partido a favor do governo eleito, transformando-se num dos conflitos mais sangrentos do planeta. A Síria ficou completamente arrasada e o conflito não tem previsão de se encerrar. Como os EUA ainda tem o controle de regiões petrolíferas da Síria, temos observado a exploração do petróleo da Síria sendo desviado através da Turquia favorecendo os invasores imperialistas. Após a tentativa de invasão imperialista, a produção de petróleo sirio caiu de 400.000 barris/dia para menos de 50.000 e vários poços foram devastados pelos bombardeios. O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, explicou que as tropas americanas permanecem na região para proteger as instalações, não apenas dos combatentes do grupo extremista autodenominado Estado Islâmico, mas também do governo russo e do regime sírio. Apesar do confronto desigual, a Síria tem conseguido sobreviver frente aos ataques dos países imperialistas.
Com os frequentes fracassos do imperialismo, especialmente dos EUA, demonstram que o sistema está bastante enfraquecido e não conseguem mais se impor ao mundo, nem pela diplomacia feroz nem pelas armas. Haja visto a retirada vergonhosa que fizeram do Afeganistão, onde o exército mais poderoso do planeta não conseguiu fazer frente a um dos mais sem preparo e com poucas armas países orientais. A própria Arabia Saudita já percebeu o problema e está se aliando ao eixo oposto ao imperialismo. Ainda temos a visível falta de capacidade de enfrentar militarmente a Rússia, com orçamento militar bastante inferior aos EUA e Otan. Ao que podemos ver até aqui é que o imperialismo está com seus dias contados e por isso dão tiros para todos os lados enquanto caem, tentando sobreviver de alguma forma.