O cordelista José Pessoa Araújo, autor de vários livros entre eles “Florestan Fernandes, o engraxate que se tornou sociólogo”; “Lamarca, Herzog e outros Heróis”; “Lula, sua vida e sua Luta”, e de milhares de cordéis espalhados por centenas de publicações pelo País, vem sendo alvo de uma sórdida campanha de censura e perseguição política, que tem como pretexto um artigo literário, um cordel, intitulado “Cadeia é pouco para Moro e Dallagnol”, publicado no site Brasil 247, no último dia 27.
No texto, usando da sua criatividade e do direito constitucional de expressar sua opinião livremente, Pessoa tece críticas contra o atual senador Sérgio Moro (União Brasil – PR) – ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, cargo com o qual foi “premiado” por suas ações ilegais (posteriormente anuladas) na operação Lava Jato, que levaram à condenação e prisão criminosas de Luiz Inácio Lula da Silva, impedindo sua participação nas eleições de 2018, o que foi decisivo para a vitória do candidato fascista, Jair Bolsonaro.
Pessoa, filiado ao PCO, na Paraíba, também crítica no cordel o ex-procurador e, hoje, deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), parceiro de Moro nas medidas ilegais contra Lula, que levaram a condenações e processos anulados e a prejuízos irreparáveis ao presidente, seus familiares e a todo o povo brasileiro.
O autor faz uso da liberdade de expressão, que vem sendo brutalmente atacada, inclusive por decisões do judiciário, em aberta violação da Constituição Federal que estabelece que
Art . 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos têrmos da lei, pelos abusos que cometer.
Pessoa afirma em um dos seus versos que Moro “merece a sepultura”, com certeza, expressando o sentimento de milhões de pessoas que viram o ex-juiz pisotear a Lei para ajudar a impor ao País o governo que levou para a sepultura, de verdade e não em sentido figurado, mais de um milhão de pessoas durante a pandemia, e que foi decisivo para aprofundar o regime golpista que condenou à fome e à morte na miséria milhões de brasileiros e que fez tudo isso para defender seus interesses privados e dos grandes monopólios que se beneficiaram do retrocesso econômico e social que o regime golpista impôs ao País nos últimos anos.
Afirma também (sem necessariamente ter consultado o diabo) que Dallagnol “vai para o inferno”. Um pesquisa entre milhões de brasileiros, com certeza, apontaria o mesmo destino imaginário para todos esses senhores que comandaram os processos farsa da Lava Jato.
A expressão criativa do pensamento do cordelista deu lugar a todo tipo de iniciativa repressora, incluindo uma notícia-crime contra o site Brasil 247 apresentada por Dallagnol, que – cinicamente – alegou ser
Um dos “expoentes” do judiciário dos últimos anos de obscurantismo afirma ser uma “ameaça” e até “incitação ao crime” verso de cordel que expressam o desejo de que os lavajatistas sejam recebidos pelo demônio, evidenciando que a campanha reacionária em favor da censura e da cassação da liberdade de expressão e, no caso, de imprensa, (que se desenrola com apoio de setores da esquerda) parece não ter limites à direita.

A seguir assim, milhares de escritores poderiam ser condenados e poderia se levar à cadeia, quem sabe grandes nomes da literatura e da cultural nacional. Quem sabe, post mortem, o “Tremendão”, Erasmo Carlos, pudesse ser condenado por sua música “Para o diabo os conselhos de vocês“. Ou o poeta popular cearense Patativa do Assaré poderia ser levado às barras dos tribunais e quem sabe à cadeia por colocar em seus versos (de novo, sem autorização), palavras do próprio “coisa ruim”) agradecendo o culto que lhe teria sido feito, em seu famoso cordel “Brosogó, Militão e o Diabo”
“Eu sou o Diabo a quem todosChamam de monstro ruimE só você neste mundoTeve a bondade sem fimDe um dia queimar três velasOferecidas a mim“
É preciso denunciar esta politica reacionária e ilegal, e a campanha obscurantista em torno dela. Uma situação que evidencia que o regime de trevas imposto ao País com o golpe de Estado, está longe de ter sido devidamente “sepultado” com as eleições.