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“Todo apoio a Zelensky”

Morenistas lançam manifesto surrealista sobre a Ucrânia

O PSTU chegou ao nível de parecer uma sátira de si mesmo, é um fenômeno na esquerda que poderia até ser estudado, um caso clinico

O PSTU é conhecido por suas posições pró imperialistas e de apoio a golpes de Estado em todo o planeta. Os mais famosos são justamente os golpes de 2014 na Ucrânia e o de 2016, no Brasil. Ao se iniciar a Operação Militar Especial da Rússia, em 24 de fevereiro, ficou óbvio para todos que acompanham sua política que os morenistas se alinhariam com a OTAN. Chegaram ao absurdo de mandar a militância se mobilizar em defesa da OTAN na Ucrânia. Com o passar dos meses, tiveram dificuldade em manter sua posição; porém, com o aniversário de um ano do conflito, publicaram no Opinião Socialista um artigo que trouxe de volta toda sua política pró imperialista. Ucrânia: “Um ano de resistência operária e popular contra Putin”

O título é bizarro, bem como a tese que o texto sustenta: ”Em 24 de fevereiro de 2022, o ditador russo Vladimir Putin iniciou a invasão militar da Ucrânia. Seu plano era tomar, em alguns dias, a capital Kiev, toda margem oriental do rio Dnieper e todo o litoral, para impor um ditador vinculado a Moscou.” A primeira acusação que pinta Putin como ditador poderia ter saído das páginas da Folha de São Paulo ou do New York Times, é uma campanha clássica do imperialismo. Contudo, a tese sobre a guerra está totalmente fora da realidade. A operação de Putin desde o princípio tinha como objetivo desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, protegendo, e, se possível, anexando as regiões de maioria russa, no que obteve quase total sucesso, faltando apenas a região de Odessa. A Rússia poderia ter lançado uma invasão total, mas esse nunca foi seu objetivo.

A partir dessa tese, o PSTU acredita que o que impediu a invasão de Putin foi um levante operário: “Este plano fracassou devido ao levante popular contra a invasão, protagonizado pela classe trabalhadora ucraniana e a população em geral. No dia seguinte à invasão, cerca de 18 mil trabalhadores e trabalhadoras de Kiev se apresentaram para receber armas para combater a invasão.” Aqui existem dois erros, o primeiro é que a invasão total teria sido impedida, mas ela nunca foi planejada por Putin. Segundo, e mais importante, não há nenhum levante operário revolucionário, há o extremo oposto: um regime apoiado em milícias nazistas financiadas pelo imperialismo, principalmente pelos EUA. É difícil encontrar um erro maior na política, considerar uma milícia nazista como uma milícia operária revolucionária.

Para sustentar a tese, é interessante, os morenistas ignoram os nazistas: “As tropas russas deixaram um rastro de destruição, massacres de civis, estupros utilizados como “arma de guerra”, como relatados nas cidades de Bucha e Lyman. Além disso, sitiaram, destruíram e tomaram a importante cidade portuária de Mariupol, em 13 de abril.” Essa cidade era a capital do Batalhão Azov, a maior milícia nazista do planeta antes de ser destruída pelas tropas russas e as milícias operárias reais, de Donetsk. A revolução do Donbass também é ignorada pelo PSTU, a região ficou em guerra por 8 anos contra os nazistas ucranianos e não recebeu solidariedade nenhuma dos pseudo trotskistas. Os morenistas não enxergam a revolução real, apenas a revolução farsa criada pela OTAN.

Na tese surrealista do artigo: “A convocação de reservistas provocou novos protestos contra a guerra e a fuga de um milhão de russos do território nacional. Cada vez mais a população russa vê a invasão da Ucrânia como uma guerra de Putin e não como sua. E as nacionalidades oprimidas dentro da Rússia e nos países vizinhos se identificam com o sofrimento e a luta dos ucranianos.” De fato, convocar reservistas é algo que gera um desgaste, mais Putin ganhou muita popularidade não só na Rússia como em todo Planeta travando uma guerra aberta contra o imperialismo, ainda mais que a vitória parece que chegará mais cedo ou mais tarde. O PSTU não trabalha com a realidade, aceitou a farsa imperialista de que Putin seja um ditador e, para provar isso, falsifica a popularidade do presidente.

O texto fala da burguesia russa: “Além disso, a oligarquia russa vê seus negócios prejudicados pela perda de parte do mercado europeu de gás e petróleo e, também, pela desmoralização da indústria armamentista russa e de seus criminosos exércitos de mercenários, como o famoso grupo Wagner.” Os mercenário norte americanos, por sua vez são ignorados pelo PSTU. Já os “oligarcas”, a burguesia nacional da Rússia e as empresas estatais estão lidando muito melhor com a crise do que a Europa que atingiu uma situação tão ruim que está com um levante popular iminente. A Rússia está ganhando a guerra não só militar como economicamente, e por isso é um enorme fator de desmoralização para o imperialismo. Ao contrário do Afeganistão por exemplo, que venceu a guerra mas sofre com os brutais bloqueios econômicos.

O artigo tenta justificar o motivo da OTAN estar dando um apoio de mais de cem bilhões de dólares para a Ucrânia: decidiram alimentar o impasse, que lhes favorece. “Querem impedir tanto uma vitória ucraniana, quanto uma rápida vitória russa. Esta política de preparar uma derrota ucraniana limitada não se dá sem contradições na Europa. De um lado, os países limítrofes da Rússia, como a Polônia e a Lituânia, queriam entregar mais armas para derrotar a Rússia, já que sua população teve uma experiência amarga nos tempos da União Soviética, a partir de Stálin.” A tese absurda de que existe uma revolução na Ucrânia leva o PSTU a ignorar que ela é atualmente o país com mais apoio do imperialismo em todo o planeta. Nunca se viu tanta propaganda na imprensa burguesa como a que existe a favor da Ucrânia, que revolução operária seria defendida pela Globo e pela CNN?

A tese é muito extravagante: “O imperialismo norte-americano não quer derrotar Putin, mas aproveita a invasão da Ucrânia para fortalecer a OTAN e promover uma corrida armamentista que não beneficia a Ucrânia; mas, sim, o complexo industrial-militar norte-americano.” O imperialismo arma a Ucrânia, impõe as maiores sanções econômicas da história contra a Rússia, cancela toda a cultura russa, trava uma verdadeira guerra de propaganda contra Putin, faz pressão internacional na ONU para os países não se alinharem a Rússia, sabota gasodutos, etc. Mas ele não quer derrotar Putin. É impressionante a capacidade que os morenistas têm de fazer análises completamente sem lógica para ter no final a mesma política que o imperialismo, o apoio à Ucrânia.

O texto fecha com a palavra de ordem: “Pela vitória da resistência ucraniana! Fora Putin! Não à OTAN!” O PSTU se torna assim a organização mais reacionária da esquerda na questão da guerra da Ucrânia. Um pequeno setor da esquerda pede o fora Putin, uma política golpista e imperialista mas que é uma confusão esquerdista. Nenhum setor, no entanto, além do PSTU, pede a vitória da Ucrânia. Não importa que seja uma Ucrânia imaginária onde os nazistas são operários comunistas, pedir a vitória da Ucrânia é, na prática, pedir a vitória da OTAN. É difícil encontrar na esquerda um nível de falência maior do que atingiram os morenistas no atual estágio de decadência do imperialismo.

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