MDB, PSD e União Brasil se posicionam nesta semana por meio da imprensa burguesa para tacar o governo Lula e defender o parasitismo no Banco Central, em matérias publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo Estado de S. Paulo. As matérias, escritas pelo colunista Fábio Zanini e Eliane Cantanhêde, respectivamente, atacam ferozmente a correta posição adotada por Lula de ser contra a independência do Banco Central e querem reduzir a política do presidente a uma mera “picuinha”.
Fábio Zanini inicia sua coluna questionando se a ‘birra’ do presidente Lula é contra o Banco Central ou contra o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, que é um bolsonarista que fez questão de votar nas eleições com o uniforme bolsonarista verde e amarelo. A análise, típica da direita golpista, é destituída de conteúdo além de ser alegórica. Lula, na verdade, entende que a independência do Banco Central transfere o poder de governar o Brasil das mãos do Poder Executivo para as dos banqueiros e interesses capitalistas. E quem recebeu os votos do trabalhador para governar o País foi Lula, não o ‘mercado’.
Em seguida, Zanini afirma que Roberto Campos teria passado “praticamente ileso” do governo Bolsonaro, sem se envolver nas tragédias escabrosas promovidas pelo governo, e afirma que a independência do BC “foi considerada um dos raros acertos em meio aos escombros”.
O ponto que parece fugir à análise de Zanini é que os elementos não são dispostos na realidade de maneira isolada, sem se comunicar. A independência do Banco Central e a política sanguinária neoliberal de Bolsonaro e Paulo Guedes estão diretamente relacionadas ao projeto de transferência de renda da classe trabalhadora para os bolsos dos banqueiros. Roberto Campos é tanto um peão dos capitalistas quanto Bolsonaro e Paulo Guedes.
Adiante, Zanini alude uma crítica meramente moralista ao voto de Roberto Campos, e diz que o erro de Campos se torna “ainda mais grave” porque seu mandato no Banco Central vai até o fim de 2024, o que significa que ele terá de conviver com Lula por mais dois anos. A proposta seria, então, votar em Bolsonaro de forma velada como fez a direita e depois pular no barco que se encaminha ao naufrágio chamado “frente ampla”?
O colunista, em seguida, procura argumentar que Lula deveria ficar ainda mais “dentro da casinha”, dizendo que a “picuinha” do Presidente não serve para nada, insinuando que poderia ser apenas falar para a claque petista, sem resolver a economia de fato. Zanini afirmou também que Lula odeia ser contrariado, tentando colar uma imagem de autoritarismo no presidente.
Lula, de maneira firme e acertada, criticou a taxa de juros de 13,75% e disse que não há motivos para que a taxa fique onde está, e buscou sinalizar que tentará rever a independência do Banco Central, o que seria uma política fortemente progressista e contrária aos interesses do imperialismo.
Desta maneira, Zanini finaliza com uma alusão de um Lula pragmático (leia-se a serviço dos bancos) contrariando José Alencar, e também o compara com Dilma, que contrariou a política dos bancos e jogou a taxa de juros para baixo, implicando em um “deu no que deu”, – uma referência ao golpe.
O ponto mais importante da matéria é quando o colunista afirma que “Só para lembrar, o governo não é exclusivo do PT, é uma frente ampla que só atingirá seu principal alvo, democracia com sustentabilidade social, com uma sólida sustentabilidade econômica.”
Essa afirmação reflete fielmente a posição política do PSD, MDB e União Brasil, e de todos os demais infiltrados no governo através da frente ampla. Caso Lula não governe de acordo com a posição deles, trabalharão dia e noite para derrubá-lo.
A imprensa, que ecoa como o enfrentamento de Lula ao Banco Central não deve ter respaldo na ala centrista de sua coalizão de governo, também citou a posição de Gilberto Kassab, presidente do PSD, que disse que as críticas do presidente são esperadas, mas que sua legenda defende a manutenção da independência da instituição.
No MDB, partido da mulher que alugou a cabeça vazia de diversos ativistas da esquerda pequeno-burguesa, Simone Tebet, a manutenção da independência do Banco Central constou em seu programa de governo. Vale lembrar que Tebet é a atual ministra do Planejamento de Lula, cujo programa dizia que “combater a inflação de forma permanente, com política fiscal responsável, contribuindo de forma positiva para a efetividade da política monetária sob comando do Banco Central independente” era uma meta.
Por fim, temos o União Brasil, que não dá base para Lula mudar o formato do BC.
Lula vem defendendo uma política progressista de desenvolvimento que vai na contramão dos interesses imperialistas, afirma que o atual patamar da taxa de juros é uma vergonha, e que “Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50% [ela está na verdade em 13,75%]. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros”.
O que os posicionamentos da imprensa, na linha do MDB, PSD e União Brasil, nos revelam é que esses partidos são uma verdadeira quinta coluna do governo. Já tinham votado a favor do Marinho contra o candidato de Lula, Pacheco, na eleição pro Senado, e continuam agindo contra Lula.
O União Brasil tem uma ministra ligada aos milicianos e um ministro latifundiário envolvido em um escândalo, o MDB tem a Tebet, uma golpista e representante dos interesses dos latifundiários.
É um governo sitiado pelos quinta colunas, com 7 ministros que votaram pelo impeachment da Dilma. Lula não pode confiar neles e precisa expulsar do governo esses que trabalham contra de dentro de seu governo.
Se a situação da sabotagem se deteriorar e os militares decidirem dar um golpe, que provavelmente está sendo gestado nesse momento, essas figuras não farão nada pela defesa de Lula a não ser impedir que ele reaja e governe.