Trabalhadores se levantam

Crise europeia gera revolta cada vez maior de operários franceses

A poderosa classe trabalhadora francesa se levanta em um momento em que o imperialismo tenta despejar nas costas do trabalhador sua crise, agudizada pelos eventos na Ucrânia.

Desde 19 de janeiro, quando 1 milhão e 300 mil pessoas saíram às ruas para protestar contra a reforma de Emmanuel Macron, a França vive momentos que mostram o amadurecimento e a força da classe trabalhadora. A reforma da previdência, que traduz o pacote da burguesia para os trabalhadores, como aumentar a idade para aposentadoria, é o principal alvo das manifestações. Mas, a cada ocupação das ruas e praças, novas reivindicações são colocadas para superar os resultados negativos provocados pelo acúmulo dos ataques ao proletariado daquele país.

Os manifestantes pressionam o Parlamento para votar contra a reforma que tira direitos históricos dos trabalhadores e abre um caminho sem volta para desmonte das conquistas de várias categorias. A greve geral chamada para esta semana pelos sindicatos convoca todos os trabalhadores do país para as manifestações que acontecerão em várias cidades, com maior peso em Paris. O objetivo é “parar a França”. Metrôs e trens estão parados, professores já iniciaram a paralisação em várias cidades e voos domésticos foram reduzidos.

Macron, guarda-caça da burguesia, cogita recorrer novamente ao Artigo 49.3 da Constituição, que permite aprovar projetos de lei relacionados ao orçamento sem precisar do Parlamento. Essa medida impopular é um dos muitos subterfúgios engendrados na letra da lei que servem para manobras que recaem negativamente sobre os trabalhadores. O povo francês não deve permitir!

As paralisações e manifestações já duram quase uma semana sem sinal de arrefecimento. Ao contrário, o presidente do maior sindicado do país, o CGT, estima que mais de dois milhões de pessoas já participaram das atividades nas ruas. A meta é paralisar o país e colocar o “governo de joelhos”. E, sim! É a classe trabalhadora, unida e consciente de sua força, a única capaz de barrar investidas desta natureza em seu país.

Cabe lembrar que no Brasil, no período que o golpista Michel temer estava no poder, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Reforma da Previdência, que aumentou a idade de homens e mulheres para aposentadoria. Diante da letargia dos sindicados, não houve manifestações da população. Um silêncio sepulcral se estabeleceu no país e permitiu que o golpista destruísse a Previdência e esvaziasse, por exemplo, as chances de melhoria do Sistema Único de Saúde por meio de novos recursos com a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congelou o teto de gastos públicos por 20 anos. Estes são apenas dois pontos dos muitos que devem formar a pauta de reivindicação dos trabalhadores brasileiros no governo Lula.

A França, mais uma vez, manda mensagem ao mundo de como resistir frente às investidas do grande capital, que sobrevive da pilhagem de países e opressão de povos em todo o mundo. É preciso reavivar os sindicatos para a organização nacional dos trabalhadores, construir o apoio entre as categorias e apoiar o Presidente Lula quando suas propostas forem favoráveis aos trabalhadores.

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