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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Coluna

Jornalismo filtrado

Tragédia pessoal de Jéssica está sendo usada para defender a imprensa burguesa e seus métodos supostamente honestos de fazer jornalismo

Ficamos sabendo recentemente do caso de suicídio de uma moça de 22 anos, que teria sido vítima de uma publicação de conteúdo falso que lhe imputava um “affaire” com o influenciador Whindersson Nunes. Quem não tiver acompanhado o site de fofocas “Choquei”, no qual foi publicada a suposta conversa (tirada do ar), não saberá quão grave é para uma jovem ser acusada de ter um relacionamento com um influenciador social de sucesso na internet. Só nos é permitido saber que o site é culpado – ou parcialmente culpado – da morte da moça.

No “X”, a rede social de Elon Musk, todas as publicações do “Choquei” são agora seguidas do seguinte texto: “Com mais de 30M seguidores, a Choquei contribuiu com a morte da uma menina e está lidando como se nada tivesse acontecido, apenas apagou os posts. A morte da Jessica não pode ser esquecida”, cuja utilidade deve ser avaliada pelo leitor (segue um botão para que envie sua opinião). A campanha contra o site de fofocas ganhou uma pitada a mais de pimenta porque seus donos, entre os quais está Preta Gil, foram apoiadores de Lula nas últimas eleições.

No jornal Folha de S.Paulo, alguns colunistas aproveitaram a deixa para fazer propaganda de seu “jornalismo profissional”, supostamente imune a erros, e, com a mesma cajadada, acertar o governo.  Mais uma vez, cerram fileiras com a direita fascista, que, além de justificar as atrocidades de Israel, agora também quer ver arrasado o “site apoiador de Lula”.

Com algum esforço, é possível descobrir que a moça se sentiu ridicularizada pelos internautas “engajados” na história, que publicavam comentários desabonadores (quais nunca saberemos) a ela, que, a propósito, não era celebridade nem coisa do gênero. Em síntese, gente comum debochando de outra pessoa comum, que nem conhece, na internet. A mãe da moça revelou que ela sofria de depressão e que já tinha tentado o suicídio algumas vezes. É muito triste que, desta vez, tenha conseguido.

Também é triste, ou melhor, preocupante, que o episódio esteja sendo usado pelos apoiadores do controle de conteúdo das redes sociais. O caso guarda inusitada semelhança com o do tarado que agrediu crianças com uma machadinha numa escola e foi usado como argumento contra a venda de armas de fogo.

A imprensa burguesa, que jura que ouve o “outro lado”, como rezam seus manuais de redação, parece esquecida da Escola Base, rumoroso caso de destruição de reputação de donos de escola infantil erroneamente acusados de pedófilos. Também se esquece de quantos articulistas esgrimiram argumentos para defender que o golpe de 2016 não era golpe, mas “impeachment” (quando até o Michel Temer admitiu ser golpe), e que “pedaladas fiscais” eram um grave crime de responsabilidade (Dilma Rousseff, aliás, foi declarada inocente de qualquer crime). Foge à sua memória o tipo de jornalismo que fizeram em conluio com a “força-tarefa” e os juízes da malfadada Operação Lava-Jato… A lista é longa, mas fiquemos nesses casos mais rumorosos.

O fato é que a tragédia pessoal da moça está sendo usada para defender a imprensa burguesa e seus métodos supostamente honestos de fazer jornalismo. O filtro é tamanho que nem mesmo temos acesso ao conteúdo abominável que teria feito alguém desistir da própria vida. Temos de comprar a opinião unânime dos “jornalistas profissionais”, que, em uníssono, omitem os dados concretos, a partir dos quais se pode elaborar uma opinião. A esquerda pequeno-burguesa, feito um bando de escoteiros, está sempre prestes a embarcar na canoa furada do bom-mocismo, mas vamos ver se, desta vez, usa a cabeça para pensar.

 

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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