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Tensão no Oriente Médio

Israel se lança à “guerra santa” contra o Partido de Deus

As contradições do imperialismo se apresentam mais avançada na região do Oriente Médio. Para onde vai o conflito entre Hizbollah e a extrema-direita de Israel

Será que Netanyahu, atormentado pela crise, iniciará uma guerra para salvar sua pele?Esse é o título da matéria publicada quinta-feira (20) [1], por Jonathan Cook, em Antiwar [2], onde o autor traz uma caracterização da situação de Netanyahu e o estado de Israel. De acordo com Cook, o primeiro-ministro tem tanto a perder quanto a ganhar com as hostilidades contra palestinos e na questão do Líbano e dos ataques sistemáticos à Faixa de Gaza e Cisjordânia, além de mesquitas em Israel, aprofundando o apartheid.

Recuperando a situação do conflito entre Israel e Líbano, no final de 2022, Elijah J. Magnier, analista especializado em Oriente Médio, apresentou um panorama do final do governo da frente-ampla de Yair Lapid produzida artificialmente pelo imperialismo. De acordo com Magnier, diversas declarações vinham sendo manifestadas por intermédio da imprensa e comunicações oficiais dos dois governos, sobre assinatura iminente do acordo marítimo entre o Líbano e Israel para demarcar a fronteira após a mediação dos EUA. 

A retomada do potencial acordo marítimo só foi possível após a ameaça do Hezbollah (Povo de Deus), através de seu secretário-geral Sayyed Hassan Nasrallah, de impor a equação de “demarcação em troca da perfuração israelense”. Como oferecido por Sayyed Nasrallah, a alternativa era “guerra se Israel começar a perfurar sem demarcação”. No entanto, a questão permanece: Israel se atreverá a assinar um acordo com o Líbano sob ameaça do Hezbollah? Será que um novo governo israelense, sob o comando do líder da oposição Benjamin Netanyahu, que deve vencer as próximas eleições para o Knesset, reconhecerá um acordo assinado pelo governo cessante de Yair Lapid? [3]

A resposta que este Diário traz é, não!  A extrema-direita, que se desprende aos poucos do imperialismo, tem um projeto próprio de poder, a formação da Grande Israel, incorporando territórios ao seu próprio modo, ora acenando para o dinheiro do complexo industrial militar, ora avançando contra a política identitária de Tel Aviv. Com uma abertura no jornal Times of Israel, principal veículo de imprensa do país, sucursal do imperialismo, para depreender que novamente querem a cabeça de Netanyahu. Porém, Bibi tem as massas religiosas ao seu lado.

Essa é uma primeira contradição fundamental para entender o fortalecimento do Hezbollah no Líbano e a reação contra o movimento de invasão territorial por parte de Netanyahu, que escalou o conflito com o deslocamento militar para o Norte, se aproximando ainda mais da fronteira. Assim como nos Estados Unidos, em toda crise uma guerra visa salvar reputação de primeiros-ministros israelenses. A ideia é provocar conflitos, instigar confrontos, mobilizar o exército esperando uma união popular em torno da “questão judaica”.

Em meio ao processo judicial, Netanyahu mobiliza setores radicalizados da direita do país, e apoio de judeus do exterior, acríticos às contradições internas. Diante desse clima que o Hezbollah se fortalece e se coloca como força real de dissuasão. De acordo com Avigdor Lieberman, membro do Knesset, adverte que a dissuasão do exército israelense contra a resistência libanesa, o Hezbollah, se desgastou [4]. Essa caracterização é vinda de ex-ministro da defesa em 2016, atualmente na oposição, mas a situação não é tão simples, a declaração obtida pela HispanTV, imprensa estatal do Irã, também se lastreia essa questão no Times of Israel. Na realidade, o que se coloca é que há o fortalecimento dos dois lados da fronteira. O lobby sionista norte-americano se vê amarrado diante da crise. Por um lado não pode aparecer colocando água no moinho de Netanyahu, de outro, não apoia a Resistência islâmica libanesa.

Tanto Líbano quanto Israel dissimulam a situação real do conflito, em face de uma escalada aprofundar a crise. De acordo com matéria da HispanTV, a dissuasão contra [o secretário-geral do Movimento de Resistência Islâmica do Líbano, Hezbollah Seyed Hasan] Nasrallah foi completamente corroída, alertou Lieberman, antes de criticar a fraca resposta dos militares israelenses a um ataque lançado na quinta-feira do sul do solo libanês para os territórios palestinos ocupados em retaliação aos brutais ataques de Israel à mesquita de Al-Aqsa.

Lieberman tenta com isso promover a visão de que Israel precisa do imperialismo norte-americano para avançar suas ações contra o Hezbollah, numa frente ampla, não sob o controle da extrema-direita judaica. De qualquer modo, contra os territórios palestinos, Israel vem empreendendo e aprofundando o regime de terror, estimulando uma intifada por parte de diversos países islâmicos no Oriente Médio, como é o caso da Arábia Saudita, que começa a sinalizar contra o imperialismo norte-americano para tratar de questões geopolíticos sob os próprios interesses, que inclui a questão da Palestina.

A questão caracterizada por Lieberman, a partir do contra-ataque do Hizbollah em retaliação ao ataque da mesquita de Al Aqsa é o 3º lugar mais sagrado para o islamismo. Também é considerada sagrada para os judeus. Um acordo autoriza não-muçulmanos a visitarem a mesquita, mas não permite que eles rezem no local. Essa questão não resolvida é a pedra de salvação que Netanyahu visa, a fim de recompor o seu Poder e liderar a extrema-direita, mas por outro lado, radicalizou o Partido de Deus, o Hezbollah. Contradições do imperialismo.

Notas

[1] COOK, Jonathan. Will Crisis-Plagued Netanyahu Start a War To Save His Skin? Em: https://ejmagnier.com/2022/10/02/why-does-any-maritime-agreement-between-lebanon-and-israel-remain-fragile/ . 20-04-23

[2] Veículo de imprensa voltada às questões geopolíticas em crítica à política de intervenção dos EUA, da OTAN e à Israel. “Jonathan Cook é um escritor e jornalista baseado em Nazaré, Israel. Seus últimos livros são Israel e o Choque de Civilizações: Iraque, Irã e o Plano para Refazer o Oriente Médio (Pluto Press) e Desaparecendo a Palestina: Experimentos de Israel no Desespero Humano (Zed Books)”. Nota do tradutor: Biografia fornecida pelo autor.

[3] MAGNIER, Elijah. Por que qualquer acordo marítimo entre Líbano e Israel permanece frágil? Em: https://ejmagnier.com/2022/10/02/why-does-any-maritime-agreement-between-lebanon-and-israel-remain-fragile/ . 02-10-22 

[4] Lieberman: Israel perdió por completo su disuasión contra Hezbolá. https://www.hispantv.com/noticias/el-libano/563472/israel-disuacion-hezbollah-ataques

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