Desde o dia 7 de outubro, os militares israelenses assassinaram ao menos 82 jornalistas palestinos na Faixa de Gaza. As forças armadas colocaram em prática uma política de extermínio dos jornalistas palestinos, com o apoio da grande imprensa.
A jornalista Mnar Adley, ganhadora do prêmio Women and Media Award da entidade Women’s Institute of the Freedom of the Press, denunciou essa realidade em matéria de 14 de dezembro, publicada no MintPress News. Adley dedicou seu prêmio aos colegas caídos ou capturados por Israel.
“Cemitério para jornalistas”
O cenário criado pelo Estado sionista de “Israel” em Gaza é tal que o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários denominou a região de “cemitério para jornalistas”. Atualmente Gaza é o local mais perigoso do mundo para jornalistas.
Se em outros lugares do mundo, principalmente em conflitos armados, estar sinalizado como imprensa significa proteção, a situação se inverte em Gaza. Ser um jornalista palestino em Gaza corresponde virtualmente a ser um alvo prioritário para as forças israelenses. “Israel” está exterminando os jornalistas palestinos em Gaza.
Bombardeios e ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza, estão tão difundidos que 18% de suas edificações foram reduzidos a escombros.
Alaa Taher Al-Hassanat, apresentadora da AlMajedat Media Network, teve sua casa bombardeada por mísseis israelitas em 20 de novembro. Salma Mkhaimer foi morta junto ao seu filho em sua casa em Rafah, Gaza, por um ataque aéreo israelita.
Ayat Khadoura, jornalista freelancer, também foi executada em sua casa por meio de ataque aéreo israelense. Sua “última mensagem para o mundo” postada na rede social Instagram, foi: “costumávamos ter grandes sonhos, mas agora nosso sonho é ser morto inteiro para que saibam quem somos”.
Em 2022, Shireen Abu-Akleh, uma cidadã norte-americana, ganhadora do mesmo de Adley, foi assassinada por “Israel”. Em 2021, o edifício da Associated Press em Gaza foi explodido pelas forças israelenses.
Tudo demonstra haver uma política deliberada do Estado sionista de “Israel” para destruir os órgãos de imprensa que expõem a ocupação sionista. Essa política, somada ao recrudescimento da censura, são ações complementares às campanhas da máquina de propaganda sionista para imposição de sua política.
Assassinar o mensageiro
O regime de apartheid do Estado de “Israel” é de uma brutalidade injustificável. Não há como defender abertamente para o mundo a violência e a opressão praticadas por Israel.
Tempos atrás, a grande imprensa capitalista era basicamente o único canal de informação para a maioria da população. Diante disso, os regimes realizavam qualquer barbaridade e assim seguiam, com a verdade apenas aparecendo décadas depois.
Na atualidade, a internet alterou esse cenário: há diversos canais de comunicação alternativos com menor controle do imperialismo que acabam vazando as informações. É justamente essa a questão: para evitar esse vazamento, “Israel” tem como alvo todos aqueles que produzem conteúdo de comunicação, principalmente os profissionais jornalistas.
É uma política de destruir o mensageiro para evitar o julgamento público e consequente perda de apoio político. O sionismo deseja esconder o que é a sua ocupação, e como está realizando um genocídio para mantê-la.
Um ponto importante denunciado por Adley é o apoio da imprensa imperialista ao assassinato dos jornalistas. Essa imprensa oculta as ações do sionismo, ao mesmo tempo em que concede espaço a este para realizar sua propaganda.
Nas palavras de Adley: “e seria de esperar que os principais jornalistas corporativos falassem sobre os ataques a jornalistas em Gaza, mas não o fazem. Se os meios de comunicação tradicionais, como o New York Times ou a CNN, cobrem jornalistas palestinos mortos em Gaza, não têm a integridade jornalística básica para dizer quem os matou e não conseguem salientar que Israel os tem como alvo sistemático.”
“Os meios de comunicação social corporativos estão encobrindo os crimes israelitas e a fazer-se de tolos, fingindo não compreender de onde vêm os mísseis. Fingem não ouvir a retórica genocida que emana de Tel Aviv. E mesmo que Israel faça de Gaza o lugar mais perigoso do mundo para ser jornalista, eles ignoram o que está diante dos seus olhos, fabricando consentimento para a limpeza étnica”.