O Estado de “Israel”, no dia 25 de dezembro, assassinou um general iraniano na cidade de Damasco, na Síria. O ataque faz parte da guerra que os sionistas travam contra diversas forças armadas, principalmente o Hamas, o Hesbolá e o Ansar Alá (Hutis). O Irã, distante de “Israel”, até então não havia sido diretamente atacado. O que significa que uma linha foi cruzada nessa guerra, de forma que o país mais poderoso militarmente do Oriente Médio certamente prepara uma reposta. Mas a questão é: o Irã irá finalmente entrar em guerra contra “Israel”?
O primeiro fator importante é que, na prática, o Irã já está na guerra contra “Israel”. O país é a principal força anti-imperialista, e, portanto, antissionista, no Oriente Médio. Sendo assim, ele está envolvido no armamento e no auxílio de inteligência de todas as forças do chamado Eixo da Resistência. O Hamas, a Jiade Islâmica, o Hesbolá, o Ansar Alá, as Forças Populares de Mobilização do Iraque, que estão atacando “Israel” e os EUA desde o dia 7 de outubro, todas têm algum apoio do Irã. E, no terreno diplomático o Irã também possui a política mais radical contra o sionismo. Foi o único país que defendeu na Cúpula Árabe Muçulmana, que aconteceu em novembro de 2023, o embargo de petróleo para “Israel”, dentre outras medidas mais enfáticas.
O Irã é, na verdade, o grande inimigo de “Israel” na região justamente por ser o maior inimigo do imperialismo. O atual caso do assassinato do general Saied Razi Mousavi relembra um caso mais grave, que foi o assassinato do general Qassem Suleimani em 2020, por um ataque dos EUA. O caso foi mais grave, pois Suleimani era uma figura das mais populares no Irã, era quase a segunda figura mais importante no governo, um verdadeiro herói da revolução de 1979. Houve gigantescas manifestações populares no país em seu velório, manifestações contra o imperialismo.
Naquele momento o Irã respondeu de forma semelhante à atual, não reagiu de imediato, apenas avisou que haveria uma reação. E então ela chegou, os iranianos bombardearam uma base norte-americana nos EUA, um ataque direto do Irã aos EUA. Os norte-americanos declararam que 100 soldados tiveram “ferimentos traumáticos cerebrais”. Um deles, em entrevista à imprensa, afirmou: “Ainda tenho pesadelos recorrentes com o ataque — apenas o som daquelas coisas se aproximando”. Mesmo com mais de 100 ataques dos iraquianos às bases norte americanos depois do dia 7 de outubro, nada se compara a esse bombardeio em 2020.
E ainda é preciso destacar que naquele momento, em 2020, a crise do imperialismo era muito menor, o que faz o ato parecer algo pequeno, mas um ataque a uma base norte-americana não pode ser menosprezado. Agora, após a derrota dos EUA no Afeganistão, na Ucrânia e a derrota militar de “Israel”, a resposta do Irã, dada a fraqueza do inimigo, tende a ser muito maior. Se em 2020 uma base norte-americana foi destruída, em 2023 é possível que a ocupação de um país seja colocada em xeque.
Um oficial israelense, o coronel da reserva Kobi Maron, afirmou que o Irã é capaz de responder ao assassinato do general Mousavi de diversos meios. Ele sugere um bombardeio de “Israel” por meio do governo da Síria, aliado dos iranianos; um ataque aos navios israelenses em alguma localidade; o assassinato de “altos funcionários israelenses fora de ‘Israel’”. O coronel, além de elogiar o país persa o considerando um inimigo “inteligente, racional e astuto”, afirmou que “o Irã pode surpreender Israel em várias frontes, utilizando vários métodos para isso”.
Além da frente da Síria há também os próprios palestinos, o Iêmen e os dois grupos com mais potencial de auxílio militar iraniano: o Hesbolá e a Forças de Mobilização Popular do Iraque. As forças palestinas estão sob um cerco pesado de “Israel” e dificilmente conseguirão receber armamentos do Irã. O Iêmen, por sua vez, é o país mais fácil de auxiliar, mas, ao mesmo tempo, é o mais distante. O Iraque está ao lado do Irã e possui diversos grupos armados, o que aumenta o elemento surpresa. No entanto, o principal alvo dos iraquianos são as bases norte-americanas da Síria e do Iraque. A retaliação assim teria como alvo os EUA e não “Israel”.
O Hesbolá, por sua vez, é que possuiu a maior capacidade de atacar “Israel”, e é quem de fato já está atacando. Os ataques no norte de “Israel” desestabilizaram completamente a região, mas o potencial do partido libanês é muito maior. Um fato interessante é que o secretário-geral do Hesbolá, Hassan Nasseralá já preparava um discurso para o aniversário dos 4 anos de morte de Qassem Suleimani, no dia 3 de janeiro. Isto poderia ser realizado em conjunto a ataques ao Estado de “Israel”. Nesse caso, o Líbano sofreria com um contra-ataque sionista. A hipótese da Síria, levantada pelo oficial israelense, pode ser a mais provável, mas como ele mesmo afirmou, o Irã é astuto e as frentes são muitas.
Ninguém sabe quais erão os próximos passos dos iranianos. No entanto, todos se preparam para o confronto. E, no quesito militar, o Estado de “Israel” não está obtendo nenhuma vitória real. Já o Eixo da Resistência, liderado pelo Irã, está sendo vitorioso em todas as frentes. Agora que o mais importante poder militar vai entrar em ação, o baque no imperialismo pode ser muito grande.