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Donbas

‘Interferência russa’ ou libertação de um povo?

Esquerdista fantoche da OTAN considera luta do povo de Donetsk e de Lugansk uma farsa montada pelo exército russo

No artigo Líderes da Esquerda Europeia sobre a Ucrânia: Nem um vestígio de solidariedade, traduzido e publicado pela Revista Movimento, do Movimento Esquerda Socialista (MES), corrente interna do PSOL, o escocês Murray Smith nos explica que, apesar de todo o planeta saber que são os Estados Unidos quem financia o regime ucraniano, a guerra na Ucrânia é tão somente o resultado de uma agressão unilateral russa.

Em outras oportunidades, já debatemos a ideia, contida no mesmo texto, de que os Estados Unidos e a OTAN teriam uma postura “defensiva” diante da Rússia, bem como a tese absurda de que o imperialismo norte-americano não estaria interessado em dominar os países do Leste Europeu. Neste artigo, debateremos a ideia apresentada por Murray Smith de que o povo das regiões do Donbas, que declararam independência ao regime nazista de Kiev, seria tão somente marionetes de Vladimir Putin e seu exército.

Também chama a atenção – vale lembrar – que o mesmo autor, conforme apontado em nosso artigo Depois do ‘sionismo de esquerda’, o ‘nazismo progressista’?, afirma que os ucranianos “não são apenas vítimas, nem são simplesmente manipulados pelos malvados imperialistas ocidentais. O povo ucraniano sabe o que quer e está disposto a lutar por isso”. O que Smith não explica, no entanto, é por que o “povo ucraniano” vive hoje sob um regime nazista. O que é bastante simples de explicar: o povo ucraniano foi vítima de um violento golpe de Estado, com a participação direta de Organizações Não Governamentais (ONGs) financiadas pelos Estados Unidos e que só se tornou viável após a intervenção de milícias de extrema direita que, entre outras barbaridades, assassinaram dezenas de pessoas em um incêndio na Casa dos Sindicatos.

Não seria preciso dizer que o povo ucraniano é “manipulado”, mas é evidente que é um povo coagido pela extrema direita. Trata-se, contudo, do exato oposto do caso do Donbas.

Enquanto o movimento operário era derrotado em cidades importantes como Odessa e se estabelecia o regime que hoje tem Vladimir Zelensky em seu comando, na região do Donbas, os trabalhadores levaram adiante uma vitoriosa luta contra os nazistas. Ao longo do processo, Lugansk e Donetsk, que possuem maioria russa, acabariam se declarando repúblicas independentes do Estado ucraniano. Sobre esse belo processo de libertação nacional e luta contra a extrema direita, diz Murray Smith:

“Teria sido interessante ver como o movimento evoluiu, mas ele foi interrompido pela militarização da situação através de uma série de mini-golpes de Estado em cidades, uma após a outra. Isso foi a base das ‘repúblicas populares’. Toda a operação foi conduzida sob a liderança de agentes russos, com ‘voluntários’ russos, dinheiro russo e armas russas. Aqueles no Donbas que seguiram não estavam em maioria. De fato, nunca houve apoio majoritário para se juntar à Rússia no Donbas, nem em uma eleição, referendo ou pesquisa.”

Que a Rússia ajudou, de alguma maneira, os processos de independência das repúblicas do Donbas é algo óbvio – mas está longe de ser algo criminoso. Afinal, o povo daquele país é de maioria russa e estava sendo covardemente atacado pelo regime de Kiev. Se tivesse condições à época, a Rússia não deveria ajudar com o envio de “voluntários”, mas sim declarando guerra à Ucrânia.

A discreta participação da Rússia, no entanto, não muda em nada o processo. Até porque o golpe de Estado ucraniano não aconteceria se não fosse o apoio explícito dos Estados Unidos. A questão central aqui é: teria a Rússia “manipulado” os povos do Donbas, como alega Murray Smith, ou impulsionado um processo de luta nacional?

Não há dúvidas de que se trata do segundo caso. Em primeiro lugar, conforme foi constatado pelos correspondentes do Diário Causa Operária presentes no Donbas, quem estava levando adiante a luta contra as tropas ucranianas eram milícias populares locais, que eram apenas reforçadas pelo exército russo. Em segundo lugar, o processo de independência das repúblicas foi um verdadeiro processo popular, de tal forma que, em Lugansk, estabeleceu-se um governo operário.

Foi assim que Rafael Dantas, um de nossos correspondentes, caracterizou a situação em Lugansk:

“A República Popular de Lugansk possui um governo democrático, com representantes eleitos por local de trabalho e moradia, uma forma de representação direta da população. Trata-se de um governo operário, ao estilo do da Comuna de Paris de 1871. Embora o país não tenha nenhuma lei propriamente socialista, o poder em Lugansk é um verdadeiro poder popular, principalmente operário, apoiado no povo armado, que administra a produção, caracteriza a região como dirigida por um governo operário.

Os mais de 130 partidos do antigo regime foram proibidos com a independência em 2014. Deixaram de ser o único meio de acesso ao Estado. A proibição, no entanto, não possui um caráter repressivo. Consiste em que ninguém é eleito pelo partido, mas pelas bases, nos locais de trabalho e moradia.

Não há uma burguesia propriamente dita, o governo não responde aos interesses dos capitalistas” (Lugansk está sob controle operário, Diário Causa Operária, 22/5/2022).

Por fim, cabe destacar que a alegação de que não houve “eleição, referendo ou pesquisa” é simplesmente uma mentira de Murray Smith. Em 27 de setembro de 2022, a Rússia anunciou o resultado de um referendo feito junto à população de quatro regiões do Donbas. E o resultado? 96% foram a favor da anexação à Rússia.

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