Há uma esquerda lunática que afirma, sem medo de passar vergonha, que Lula é um grande amigo dos norte-americanos e do imperialismo. É a mesma esquerda que defendeu o golpe de Estado em 2016, usando uma desculpa muito parecida com essa, servindo de cobertura esquerdista para o golpe dado pelo imperialismo no governo do PT. Essa esquerda está apenas preparando um repeteco dessa política.
Se a política conciliadora de Lula pode confundir a análise, há ao menos uma prova cabal de que a ideia de um Lula pró-imperialista está totalmente fora da realidade: o comportamento do próprio imperialismo.
A imprensa golpista nacional, que não passa de uma sucursal da impressa imperialista, está com a artilharia sempre pronta para atacar Lula nas questões internacionais. A cada mínimo passo de Lula no sentido de um alinhamento com os países inimigos do imperialismo, uma montanha de críticas é despejada contra ele nos jornais da burguesia.
A declaração de Lula sobre o Tribunal Penal Internacional foi a deixa para nova investida dos jornais golpista pró-imperialistas. Nessa sexta-feira (15), o Estado de S. Paulo dedicou uma série de artigos para atacar a política externa de Lula.
William Waack, colunista do Estadão, publicou um artigo que é de um cinismo completo, chamado “Lula torna situação do Brasil delicada ao se comportar como ‘bagrinho’ que acompanha China e Rússia”. Já pelo título, é possível perceber a canalhice. Em geral, a ideia do artigo é que o Brasil – representado por Lula – seria um país sem importância, seguindo os pérfidos interesses de China e Rússia.
Logicamente que, segundo Waack, se o Brasil seguisse, como quase sempre seguiu, os EUA, o Brasil seria grande. Um grande país colonizado.
O bom mesmo é ser colonizado. Se o país quiser se livrar dessa situação que sempre nos jogou na miséria, aí nos transformamos em “bagrinhos”. Mas a perfídio não é só essa. Entre os países do BRICS o Brasil não tem nada de bagre. Entre os países, Brasil, China e Rússia são os países mais importantes do bloco, cada um com suas características. Se levarmos em consideração que Rússia e China são tubarões, o Brasil também é.
Outro artigo publicado pelo Estadão é a entrevista com o ex-presidente do Banco Central, o neoliberal, Armínio Fraga, um homem dos banqueiros norte-americanos. A chamada para a entrevista, uma citação de Fraga afirma: “Vejo o Brasil dando sinais com o Putin e o Maduro, o que não nos ajuda em nada” e o jornal complementa: “Ex-presidente do BC afirma que País tem tudo para se tornar uma ‘potência verde’, mas precisa mostrar ao mundo que as prioridades ambientais são para valer”.
Aqui, além de expressar a mesma preocupação de Waack com a aproximação com Putin, Maduro e o “eixo do mal”, Fraga revela de onde vem a preocupação ambiental; de Washington.
O recado é claro: o imperialismo norte-americano não quer Lula junto com Putin, quer Lula trabalhando para ser uma “potência verde”, o que significa preparar para entregar a Amazônia para o imperialismo. Significa o Brasil abrir mão do petróleo e preserva-lo para o momento certo, quando as petrolíferas do imperialismo tiveram a oportunidade de elas mesmas explorarem esse petróleo.
Esses são apenas alguns exemplos, mas todos os dias, seja na Globo, na Folha de S. Paulo, no Estadão ou outro órgão da imprensa golpista, há uma campanha incessante contra a política externa de Lula.
A campanha dessa imprensa revela bem seu capachismo diante do imperialismo. Revela que toda essa grande imprensa nacional é um “bagrinho” do imperialismo, bagre não, um cachorrinho poodle daqueles que abanam o rabinho e lambem a sola do sapato do seu dono.
