No último 25 de fevereiro, os nigerianos foram às urnas para votar nas eleições presidenciais. O candidato do governo de Muhammadu Buhari venceu o pleito com 36,6% dos votos. Ahmed Tinubu concorreu no lugar do presidente anterior pois este não podia concorrer por atingir o limite de mandatos permitidos pela Constituição do país. O que chamou muito a atenção foi uma campanha massiva da imprensa imperialista em prol do candidato Peter Obi, que afirma que vai contestar o resultado eleitoral na justiça.
Além da defesa explícita a Peter Obi feita por porta-vozes do imperialismo como, por exemplo, os ingleses Financial Times e The Economist, também foi feita uma campanha contra o absenteísmo, estimulando os nigerianos a votarem. Dois dias antes da eleição, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield protagonizou um vídeo de estímulo ao comparecimento às urnas na Nigéria, acompanhada do Secretário de Estado, Antony Blinken, e da Administradora da USAid, Samantha Power. A justificativa é linda, segundo Thomas-Greenfiel “eleições livres e justas na Nigéria ajudam a criar um mundo mais livre e justo para todos”.
Na sua conta no Twitter, a publicação seguinte mostra a embaixadora ao lado de Zelensky dizendo que ele “tem mostrado ao mundo como se defende a liberdade e a democracia”. O Financial Times publicou a seguinte matéria no dia 22 de fevereiro: “Eleições na Nigéria: Como Peter Obi interrompeu uma corrida de apenas dois cavalos”. Na semana anterior, o The Economist soltou uma matéria intitulada “A Nigéria precisa desesperadamente de um novo tipo de liderança”, estampando uma foto de Peter Obi em destaque, além de colocar como subtítulo “Peter Obi oferece a melhor esperança disso”.
Na matéria do Financial Times, os jornalistas relatam uma conversa com A Igoni Barret, um humorista na capital Lagos, onde ele cita as apresentações de Mr Makati, que tem instruído seu público a obter seus Cartões Permanentes de Voto, documento necessário para votar na Nigéria. Segundo o entrevistado, 90% do público que acompanha essas apresentações no Memento Lounge apoiam a candidatura de Peter Obi. O banqueiro, empresário e político é apontado como um sucesso entre os jovens e muito popular nas redes sociais.
O The Economist aponta claramente o que agrada no programa dele: “Mr Obi fala de apoiar os negócios, comércio livre, e controlar as dívidas da Nigéria”. Ou seja, um programa de austeridade fiscal e de submissão aos interesses do capital estrangeiro na segunda maior economia da África, ligada principalmente à exportação de petróleo. Um exemplo de ingerência do imperialismo nas eleições nigerianas. Não por acaso, Peter Obi segue no ritmo de campanha eleitoral mesmo após a derrota nas urnas. Segundo ele, sua candidatura teria vencido o pleito e ele irá provar judicialmente isso, o que deve levantar as suspeitas de mais intervencionismo no país.
