Não é de hoje que o identitarismo vem sendo impulsionado para omitir as reais necessidades da população. Dentre as tais “pautas” identitárias, uma que tem chamado a atenção é a dos transgêneros e transexuais e como esta vem sendo usada para desmantelar diretamente e rebaixar a luta das mulheres, até para retirar direitos, desde a participação igualitária em disputas esportivas até o uso do banheiro.
Isto porque para o identitarismo, uma ideologia da burguesia, um homem biológico que se identifica pessoalmente como mulher deveria ser tratado como qualquer mulher e as mulheres deveriam aceitar qualquer imposição.
Um caso que chama a atenção pelo absurdo é a tentativa de obrigar as mulheres a dividir o banheiro com homens que se identificam como mulheres, ainda que as mulheres não queiram isso. O episódio que aconteceu na Universidade de Brasília dá o tom da coisa: um homem usando vestido foi questionado por uma mulher sobre estar usando o banheiro feminino, situação que evidentemente a estava incomodando. O homem então, que se sente mulher, iniciou uma discussão com a aluna com direito a gritos e agressão física.
Outra situação ainda mais grave tem sido a participação de homens biológicos nas competições esportivas femininas, onde por questões óbvias possuem vantagem sobre as mulheres. As mulheres têm se sentido lesadas e rebaixadas por estarem sendo impedidas de competir em pé de igualdade dentro dos torneios, algumas campeãs em seus esportes estão chegando até mesmo a desistir da carreira pelo seguimento estar sendo tomado por transsexuais que ganham as competições por possuírem vantagem sobre as mulheres.
Estes dois casos demonstram como o identitarismo age e qual é o seu objetivo. Não se trata de trazer condições dignas para os transexuais, mas usá-los para minar a luta das mulheres. Por mais que se tente enfiar isso goela abaixo, “trans” não é mulher, no sentido de que não possuem as mesmas necessidades e reivindicações.
As necessidades das mulheres são completamente diferentes e sempre foram atacadas pela mesma burguesia que agora se diz defensora dos trans e até das mulheres, mas que sempre retirou seus direitos e é a responsável pela situação degradante da mulher até hoje. Há décadas as mulheres pedem direitos fundamentais como o direito ao aborto, direitos maternos, igualdade salarial, etc. Todas essas reivindicações são amplamente atacadas e a cada dia as mulheres sofrem mais e mais golpes, a infiltração do identitarismo é um deles.
Além de tudo, o identitarismo é histérico, usa de ataques e irracionalidade. Se as mulheres, que os identitários tanto dizem que tem o “lugar de fala”, expressam que não querem homens no banheiro e nas competições femininas, então essas mulheres são indignas, monstruosas, violentas, desumanas e transfóbicas.
O resultado disso é que as mulheres, sobretudo as mulheres trabalhadoras, do mundo real, se distanciam da luta por seus direitos, uma vez que o identitarismo confunde esta luta com questões que não tem nada a ver com a mulher e, pelo contrário a prejudica. Isto principalmente quando a esquerda faz coro com a histeria identitária, o que dá ainda mais razões para as trabalhadoras se afastarem até mesmo da esquerda que deveria ser um pilar para auxiliá-las na luta por suas necessidades.
As mulheres não devem ser obrigadas a aceitar o identitarismo, muito menos por seu próprio movimento. E isso não se trata de uma indisposição das mulheres com os “trans”. Ao invés de concentrar sua atenção na luta por direitos fundamentais, sua luta e seu movimento estão sendo rebaixados, sabotados por uma ação direitista e reacionária.