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Guiana e Venezuela

Guerra inter-imperialista de Essequibo, mais um delírio

A Organização Comunista Internacionalista usa a tese do “derrotismo revolucionário” para o caso Essequibo, ou seja, considera que Guiana e Venezuela são imperialistas

A questão de Essequibo se tornou mais uma questão internacional onde a esquerda pequeno burguesa de posiciona vergonhosamente a favor do imperialismo. Assim como no caso da Ucrânia os pseudo-trotskistas não compreendem a luta entre as nações oprimidas e os países imperialistas. No caso de Maduro, já é tradicional que esse setor da esquerda ataque o presidente venezuelano, ao invés de atacar o imperialismo. É o que faz a Organização Comunista Internacionalista no seu artigo: “Conflito Venezuela-Guiana: por uma posição internacionalista!”

O texto começa abordando a questão do referendo que votou a favor da anexação de Essequibo pela Venezuela. Logo no início ele afirma: “A votação ocorreu em meio a relatos de baixa participação nas seções eleitorais. Segundo os dados oficiais, os percentuais de aprovação foram: 97,83% para a primeira questão; 98,11% para a segunda; 95,40% para a terceira; 95,94% para a quarta; e 95,93% para a quinta. A participação oficial foi de 10,5 milhões, o que representa 50% do censo eleitoral.” Aqui já aparece a posição pró-imperialista da OCI que repete a propaganda da imprensa burguesa. Para um referendo 50% de participação é uma parcela bem alta, a própria eleição de Maduro em 2018 teve 46% de participação.

A OCI então coloca que a disputa em questão é o petróleo, algo que começou a partir do ano de 2015. O território de Essequibo tem uma enorme reserva que está sendo explorada pela Exxonmobil. É aqui que os pseudo-trotskistas falham completamente na análise. Eles consideram a Guiana como um país soberano que está sendo atacado pela burguesia venezuelana. Algo muito semelhante ao caso da Rússia e da Ucrânia. Não compreendem que a Guiana na prática se tornou uma base do imperialismo para atacar os venezuelanos.

Ao fim do texto o grupo até tenta se precaver: “prevendo que as nossas palavras podem ser manipuladas por algum chauvinista, nunca dissemos que os revolucionários venezuelanos de hoje também deveriam ficar do lado do governo guianense, que é subserviente ao imperialismo norte-americano.” A OCI portanto considera a Guiana como subserviente aos EUA, mas não conclui o principal: a disputa que existe é entre o governo da Venezuela, uma nação oprimida, e o imperialismo dos EUA. Eles escondem esse caráter colocando a guerra como entre a burguesia de dois países atrasados.

É idêntico ao caso da Ucrânia. A tese da burguesia da Ucrânia contra a burguesia da Rússia é uma farsa completa. Na guerra do leste europeu está claro que a luta se dá entre a Rússia, uma nação oprimida, e a OTAN, a aliança militar do imperialismo, que utiliza a Ucrânia como sua base. No entanto, organizações como a OCI também erram sua análise da guerra da Ucrânia e se posicionam contra o governo Putin. Em ambos os casos a disputa é entre a nação oprimida e o imperialismo e, ao se colocar de forma neutra, na prática se está apoiando o imperialismo, o lado mais forte.

Esse erro teórico se expressa na conclusão do artigo: “Com a mesma coragem de Karl Liebknecht em 1914, os revolucionários consistentes devem levantar a palavra de ordem: ‘Não à guerra, o principal inimigo está em casa’.” Aqui a OCI cita o caso da Primeira Guerra Mundial quando as nações imperialistas entraram em guerra. Naquele momento o chamado “derrotismo revolucionário” era a política correta pois não se pode apoiar o imperialismo de forma alguma. O texto tenta fazer essa correlação pois segue a tese de que a guerra se dá entre duas nações atrasadas, algo que como demonstrado acima está errado. Além disso ele coloca de forma clara “o principal inimigo está em casa”. Aqui a OCI se denuncia: Maduro é um inimigo maior que Joe Biden.

No caso da luta entre uma nação atrasada e o imperialismo a posição dos marxistas sempre foi clara: apoiar incondicionalmente a luta da nação oprimida.

Caso a OCI fosse de fato trotskista deveria entender isto com facilidade.

Em um texto de 1938 Trótski explica isto de forma muito clara: “Existe atualmente no Brasil um regime semi-fascista que qualquer revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto que, amanhã, a Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você de que do conflito estará a classe operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria do lado do Brasil ‘fascista’ contra a Inglaterra ‘democrática’.”

Ele explica então que nos confrontos contra o imperialismo não importa qual forma o imperialismo assuma, a nação oprimida deve ser apoiada. Na hipótese de Trótski seria uma guerra da Inglaterra contra o Brasil. No caso da Venezuela é um confronto da Inglaterra e dos EUA contra os venezuelanos que se dá por meio da Guiana. No caso da Rússia é uma guerra do imperialismo contra os russos que se dá por meio da Ucrânia.

Eles então atacam a própria reivindicação por Essequibo: “A reivindicação venezuelana sobre Essequibo é uma das bandeiras que a burguesia tradicional tem levantado historicamente para expressar as suas aspirações frustradas de poder e dominação regional. Também tem sido utilizada para desorientar e manipular a população, tanto em períodos de intensificação da luta de classes quanto em eleições.” Mas a questão é: derrotar a Inglaterra e roubar o território saqueado da Venezuela não é uma reivindicação da classe operária? O próprio referendo demonstra isto, as organizações da classe operária venezuelana todas defendem a anexação de Essequibo.

Então eles argumentam porque essa pauta deixou de ser legítima: “É importante compreender como esta reivindicação territorial passou de um protesto justo contra a expropriação colonial e imperialista a uma exigência reacionária contra o processo de libertação nacional do povo guianense”. Esse é o ápice da farsa. Quem oprime o povo da Guiana não é a Venezuela, é o imperialismo. A libertação nacional se dá por meio da luta contra a Exxonmobil.

A libertação nacional das nações latino-americanas não é impedida pelas fracas burguesias locais, como no caso da Venezuela. Em uma luta real de libertação nacional a tendência das nações é de unificação, principalmente das nações menores e mais vulneráveis. Nesse sentido, a luta da classe operária das Guianas e de Suriname tende a unificação com o Brasil e a Venezuela e não passa por lutar contra esses países. Afinal, ser um estado dentro de um país grande é algo muito mais favorável do que ser um pequeno país sujeito a agressão do colosso imperialista.

Mas se compreender que o certo é apoiar as nações oprimidas em sua luta contra o imperialismo é difícil para a OCI, deve ser quase impossível que compreendam a tendência à unificação das nações. Maduro no entanto é muito mais progressista, defende mesmo de forma incipiente a Pátria Grande latino americana. Já a OCI defende “uma posição internacionalista” nas palavras, mas na prática defende sempre o imperialismo.

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