Um relatório divulgado pela agência oficial da Palestina, Wafa, afirma que autoridades do regime israelense confirmaram que 19 carcereiros dos Serviços Prisionais de Israel (IPS) estavam envolvidos no espancamento severo de Abu Assab, de 38 anos, que levou à sua morte no mês passado. Assab foi detido em 27 de maio de 2005 e condenado a 25 anos de prisão.
O cessar-fogo de sete dias que aconteceu no mês passado, onde vários prisioneiros foram libertos pelas forças militares de ocupação de “Israel”, trouxe à tona esse caso de Assab e centenas de denúncias de como são tratados os palestinos que estão no cárcere. Assab é da cidade de Qalqilya, na parte norte da Cisjordânia ocupada, e estava na prisão israelense de Ktzi’ot, que é o maior centro de detenção do regime localizado no deserto de Negev. .
Levando-se em consideração que se está falando a respeito de um Estado que já matou mais de 20 mil em Gaza desde 7 de outubro, sendo 70% destas mulheres e crianças, pode-se tirar a conclusão de que existem muito mais prisioneiros assassinados. Afinal, aproximadamente 5 mil palestinos estão presos nas masmorras israelenses.
Os prisioneiros libertados no acordo relatam todos os tipos de abuso dentro das prisões, inclusive revelando que ataques contra eles aumentaram depois do dia 7 de outubro. Omar Al-Atshan, que foi liberto da mesma prisão onde estava Assab, declarou que “ele morreu no chão porque os carcereiros se recusaram a permitir que um médico o visse imediatamente”.
O Wafa apontou que todos os guardas envolvidos no crime foram libertos em “condições restritivas” até o final da investigação. O ministro de segurança nacional de “Israel”, Itamar Ben Gvir, manifestou o seu firme apoio aos carcereiros, alegando que não eram culpados até provarem o contrário.
Uma criança libertada durante o cessar-fogo, contou um pouco como eram tratadas nas prisões pelos militares para o jornal Al Jazeera. Mohammed Odeh, de 14 anos, foi levado do bairro de Wadi al-Arayes, em Zeitoun, logo após o ataque do Hamas e foi liberto junto com alguns de seus vizinhos durante o cessar-fogo.

“Quando eles falavam conosco em hebraico e não entendíamos, eles nos batiam”, conta Mohammed Odeh.“Eles me bateram nas costas, onde estão meus rins e minhas pernas. Eles levaram minha família e não sei onde eles estão”. Antes de serem forçados a entrar no armazém, mulheres soldados israelenses vieram e cuspiram nos homens, afirma o jovem.
Outro caso que está circulando nas redes sociais é a imagem de Farouk Ahmad Khatib, 30 anos, antes e depois da sua detenção nas prisões israelenses. A Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS) afirmou que as autoridades de ocupação de “Israel” são totalmente responsáveis pelo grave estado de saúde de Khatib, libertado na quarta-feira, após quatro meses de detenção.

Khatib foi detido na prisão de Nafha, no deserto de Naqab, depois de ter sido transferido da prisão de Ofer, perto de Ramalá. Ele foi colocado na clínica da prisão de Ramlé. E finalmente, para o Hospital Soroka, onde foi liberto após ser diagnosticado com câncer de estômago em estágio avançado.
A ONG Save The Children, através de um relatório, apontou que até 20 de novembro do ano corrente 800 crianças teriam sido presas pelas forças militares de “Israel”, acrescentando que “são as únicas crianças no mundo que são processadas por tribunais militares”.
Outro relatório da mesma instituição mostra os abusos cometidos contra essas crianças durante a prisão, especificando que 86% das crianças são espancadas nas detenções israelitas, enquanto 69% são revistadas e 42% ficam sujeitas a ferimentos durante as suas detenções, incluindo ferimentos de bala e ossos quebrados.
Há ainda relatos de que os locais são totalmente desumanos, havendo prisioneiros que passam até 23h do dia em locais totalmente escuros. Ademais disto, relata-se falta água, alimentação, sendo as seções de torturas quase diárias, incluindo o uso de bombas de gás lacrimogêneo. De forma que muitos dos que saem das prisões têm traumas agudos e problemas psicológicos gravíssimos causados pelo cárcere.