A classe trabalhadora começa a insurgir nos principais países europeus.
No Reino Unido e na França, os trabalhadores têm feito paralizações gigantescas que tem pressionado o governo.
No Reino Unido, na segunda-feira dia, dia 06 de fevereiro de 2023, profissionais de saúde pública fizeram uma paralização, uma das maiores já registradas na história do país. Na semana anterior, mais de meio milhão de pessoas fizeram uma paralização, que incluía profissionais de diversos setores como professores, trabalhadores de transporte e agentes da segurança de fronteira tanto aérea como marítima. A greve foi causada pela demanda pela melhoria salarial.
Entre os grevistas da saúde pública, uma das faixas tinha a frase: “Aplausos não pagam a conta”, uma referência aos aplausos que receberam do público durante a pandemia de coronavírus. Segundo os profissionais de saúde pública entrevistados, décadas de defasagem salarial tem causado abandono de cargo de profissionais qualificados, que estão migrando para a área privada por questões financeiras. Os grevistas denunciaram aos jornalistas que estão trabalhando em regime de 7 por 24, por três profissionais, e gerente de enfermagem precisa trabalhar também no lugar de operacionais, pois faltam funcionários.
Ninguém quer trabalhar por migalhas. A ministra de Saúde da Inglaterra, Maria Caulfield, que também é enfermeira, manifestou que simpatiza com a greve do setor de saúde pública, mas salientou que tem responsabilidade com os contribuintes. Já o primeiro-ministro inglês Rish Sunak pediu que o aumento salarial seja “razoável” e “acessível”, alegando que o grande aumento salarial poderia prejudicar as tentativas de controlar a inflação.
Já na França, a grande greve geral foi motivada por causa da reforma previdenciária que o Macron apresentou no mês passado. Mais de 1,2 milhão de pessoas participaram dos protestos no dia 31 de janeiro, sendo maior do que a primeira manifestação nacional que ocorreu no dia 19 de janeiro. O segundo dia de greve na França desequilibrou a posição do governo em relação aos itens decididos. Na reforma, que aumentava a idade de aposentadoria para 64 anos, fato inegociável, depois da greve alega que levanta questões e dúvidas.
Isso mostra que o governo francês ficou abalado. A greve é organizada pelo sindicato, o CGT (Confederação Geral do Trabalho – Confédèration Générale du travail), que falam em continuar com as paralizações. Os setores mais combativos como área química, elétrica, portuária e ferroviária, anunciaram novos apelos e diferentes iniciativas para golpear o governo. Os estivadores e o setor elétrico voltaram com a paralização no dia 6 de fevereiro, setor químico (petrolífero) nos dias 7 e 8, e os ferroviários no dia 8.
CGT lançou um processo de mobilização geral em ações coordenadas a partir de setores estratégicos da economia, identificando onde existe mais dano ao poder.
A opinião popular rejeita o aumento da idade da aposentadoria, mas o governo que possui o poder usa contra. Com a greve, os trabalhadores têm demonstrado que possuem capacidade de intervenção na produção da riqueza do país e nos lucros empresariais. Depois da segunda greve começaram a surgir debates em que reconhece que o aumento da idade de aposentadoria não se justifica, nem do ponto de vista demográfico nem econômico, e menos ainda do ponto de vista humano.