Depois de ter criticado, devidamente, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve, no último dia 22, a taxa de juros (Selic) em exorbitantes 13,75% ao ano, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), atacou (dia 28) o texto da Ata daquele órgão que apresentou um conjunto de chantagens e ameaças contra o governo, inclusive, de que pode impor novos aumentos dos juros se a inflação e os gastos públicos não forem reduzidos.
Segundo a companheira Gleisi, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “atua em favor do mercado financeiro” e “devia pedir demissão” e a Ata do Copom mostra que a “arrogância do BC de Guedes e Bolsonaro não tem limites: querem desacelerar ainda mais a economia e manter os juros na estratosfera. O Brasil que se dane“.
Sob a presidência do bolsonarista Campos Neto, o BC se submete totalmente aos bancos e se junta à imprensa capitalista e toda a burguesia golpista para fazer pressão para que o governo Lula atue contra a vontade popular. Isso fica claro na discussão em torno do “arcabouço fiscal”, cuja proposta o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou nesta quinta-feira (30).
A proposta – que vai ser debatida e modificada (para pior) pelo Congresso Nacional – propõe a imposição de limite do aumento dos gastos públicos.
Mesmo derrotados nas eleições, eles querem, com o apoio de sabotadores infiltrados no governo, impor uma política de cortes de gastos contra o povo, por meio da limitação do aumento das despesas publicas a 70% do aumento da receita, dentre outras medidas. Isso em um momento em que há uma clara tendência de aprofundamento da crise histórica do capitalismo, no Brasil e em todo o Mundo.
A proposta apoiada pela maioria da direita e o “mercado”, não fala – por exemplo – em conter os trilionários gastos com o pagamento de juros, serviços e amortização da fraudulenta dívida pública, imposta pelo BC, com os maiores juros reais do mundo (13.75%) que só neste ano prevê destinar mais de R$2,56 trilhões do Orçamento Federal para os bancos.
É preciso realizar um amplo debate entre os trabalhadores e a esquerda, em torno desta roubalheira e de uma política independente dos trabalhadores e de suas organizações diante da crise, como propõe o chamado à III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, já assinado por mais de 800 entidades e dirigentes políticos, sindicais e populares e debater a necessidade de que se manifeste a vontade popular. Para enfrentar as chantagens e sabotagens da direita, realizar uma ampla campanha por um plebiscito pela revogação de todas as “reformas”, privatizações e outras medidas de ataque ao povo, impostas pelo regime golpista durante os governos de Temer e Bolsonaro.
Trata-se de fazer valer a soberania nacional, do povo que elegeu Lula não para “cortar gastos” com os pobres, mas para atender às reivindicações populares.