Na última semana, a imprensa capitalista não conseguiu ocultar, e diversas chacinas foram notícias. Ao ponto do ministro Flávio Dino, pronunciar-se sobre o caso, como uma ação “desproporcional”.
Foram ao menos seis chacinas, com mais de 50 mortos no intervalo de uma semana. Essas chacinas são parte do dia a dia da periferia, principalmente dos grandes centros.
Estado fascista
A história do Brasil é a narrativa de opressão contra a classe trabalhadora, sem limites à força estatal. Pelo desenvolvimento econômico e histórico nunca tivemos um pleno Estado de Direito.
Nessa realidade, os agentes de poder do Estado, principalmente seu braço armado, costumeiramente sempre tiveram alguma ação na ilegalidade. Para estes, por regra os interesses econômicos dos capitalistas sobrepõem qualquer poder que emana do povo.
O limite é a correlação de forças
O limite para essa ação sempre foi a correlação de forças entre as classes em conflitos. Novamente o hábito da burguesia é não largar o osso, a exceção daquele que já tenha perdido, para evitar a completa derrota.
Foi assim em todos os momentos históricos importantes. A abolição da escravatura, ocorreu quando não era mais possível manter o antigo regime como estava. O mesmo foi com a Ditadura Militar de 1964, a burguesia alterou o regime porque não conseguia mais manter o anterior.
Tradição nacional
O Brasil tem tradições das quais não se pode orgulhar, uma delas é a atuação das polícias. As chacinas policiais, de tão presentes e antigas, são instituições nacionais objetos de diversas publicações.
Algumas dessas polícias militares estão próximas de completar dois centenários de opressão popular. Um ponto importante, é que com as ditaduras militares, esses mecanismos de opressão foram padronizados e aperfeiçoados para agir contra a classe trabalhadora.
Essas chacinas existem há décadas, não temos nenhuma novidade. É difícil de conceber a realidade de que se espantar com tais ações das polícias, elas sempre agiram assim.
Silêncio dos mortos
A esquerda pequeno-burguesa costuma manter-se em silencia, sempre que o Estado ocasiona alguma morte. Foi assim após o golpe, quando Bolsonaro está à frente do governo federal.
Milhares morreram frente à negligência, com sua política que priorizava apenas os lucros. Esse silêncio mudou apenas quando a população começou a sair às ruas, e até setores da burguesia começaram a questionar a viabilidade do que está sendo feito.
Novamente, essa parcela da esquerda está mais silenciosa que os mortos, assassinados pelas polícias.
Já passou-se uma semana e ainda não temos qualquer manifestação significativa, a Operação Escudo por exemplo é estimada para 30 dias, qual será o saldo final. Se não se comenta dos governos de direita como Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), menos ainda se faz do governo de esquerda como Jerônimo Rodrigues (PT).
Governo para os trabalhadores?
O pronunciamento de Dino, classificando a ação como “desproporcional”, por si só é vergonhosa. Fere a imagem do governo e do direito como um todo.
Nessa manifestação vemos que a prática cotidiana de assassinar, um, dois, seria aceitável, o problema seria o número desavergonhado de dezenove vítimas. Nessa fala Dino aceita, que a polícia seja, júri, juiz e executor, da penalidade de morte, uma sanção inexistente na legislação brasileira.
O silêncio do PT e até de Lula sobre a ação das polícias, desmoraliza e enfraquece os mesmo perante a classe trabalhadora. Todo trabalhador que conhece a polícia, não tem simpatia pelas mesmas. Essa omissão, permite que a situação perdure retirando uma base de sustentação essencial do governo Lula.
Fim das polícias
Essas entidades policiais estão condicionadas a oprimir a classe trabalhadora, são instituições naturalizadas à margem da lei. Não adianta desmilitarizar, reforma, essas forças precisam ser extintas.
Não há possibilidade de um estado de Direito, com respeito aos direitos democráticos, com as forças armadas estatais dissociadas da população. As forças repressoras devem ter um elo direto, contínuo com a população local.