A invasão bolsonarista no último domingo (08) demonstrou que houve uma sabotagem contra o governo Lula. De dentro e de fora do Poder Executivo.
Por um lado, todos que acompanhavam as notícias da véspera já sabiam que os manifestantes tinham a intenção e tentariam invadir a sede dos Três Poderes. Mas os órgãos de segurança não se mobilizaram para impedir. Não era necessário reprimir ninguém, apenas mobilizar as forças de segurança para cercar o local e impedir o acesso. Nada mais do que isso.
Porém, não foi isso o que aconteceu. Após telegrafarem que invadiriam, os bolsonaristas cumpriram sua promessa. Mesmo quando a ação estava em andamento, inúmeros policiais foram flagrados dando cobertura ao ato, enquanto a corporação como um todo recusou-se a fazer qualquer coisa. Fosse um ato de esquerda, como muitos que já ocorreram em prédios públicos, incluindo no próprio Congresso Nacional, possivelmente teria havido uma carnificina. Mas a invasão ocorreu pacificamente e sem nenhum empecilho.
Mesmo depois da invasão, quando a polícia já estava mobilizada, o tratamento aos bolsonaristas foi melhor do que o de uma mãe com sua criança mimada. Ficou claro que a ação ocorreu com total conivência das forças de repressão. Até o próprio governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi suspenso de suas funções por 90 dias pelo “baluarte do antifascismo”, Alexandre de Moraes. Mas os verdadeiros responsáveis ainda não foram punidos, e nem serão.
Quem esteve por trás da invasão foi o alto comando das Forças Armadas. Seu objetivo é sabotar e possibilitar um futuro golpe contra o governo Lula. E os militares tiveram apoio de dentro do governo. Não é possível que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e sua equipe, não estivessem informados sobre a invasão iminente. Além disso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, demonstrou uma incompetência anormal para lidar com a situação, deixando o local completamente desprotegido e só pedindo a intervenção da Força Nacional de Segurança quando o estrago já havia sido feito, com o objetivo de limpar a sua própria barra após o vexame.
Eram algumas milhares de pessoas desarmadas, desprovidas de qualquer tipo de instrumento de violência, que tomaram conta tranquilamente dos prédios do Congresso Nacional, do Judiciário e do Palácio do Planalto. As Forças Armadas orquestraram uma sabotagem do governo Lula e o governo demonstrou uma fragilidade sem tamanho ao bater cabeça com essa situação.
O alerta está ligado. A situação é mais perigosa do que a esquerda acredita. Na verdade, ela pensa que a situação foi estabilizada e que impondo uma repressão de tipo fascista aos pés-rapados que participaram da manifestação estará desmantelando o golpe. Lula, o PT e a CUT precisam convocar imediatamente uma ampla mobilização dos movimentos populares, que precisam se organizar de maneira unificada e agitar os trabalhadores para defender o governo. Ao mesmo tempo, sobre a base dessa mobilização, Lula precisa começar uma verdadeira limpeza de grupos incompetentes (a começar pela substituição dos ministros Dino, G. Dias e José Múcio) e um combate verdadeiro contra o alto oficialato das Forças Armadas e do aparato de repressão.
Já ficou claro que não é possível confiar naqueles que protagonizaram o vexame do último domingo. Se depender deles, o governo Lula não vai durar até o final de seu mandato.