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Consequência do bloqueio

Estantes vazias nas livrarias de Cuba por falta de papel

Ilha é impedida de importar papel e equipamentos gráficos devido a leis norte-americanas

Eduardo Vasco, de Havana

 

Não há uma única prateleira cheia de livros nas livrarias de Havana. Pelo contrário: muitas estão totalmente vazias. A maioria tem alguns livros só para não aparecer sem nada.

Uma funcionária da livraria Alma Mater diz que os estabelecimentos não recebem mais livros porque eles simplesmente não estão sendo mais impressos.

“Se você se der conta, vai ver que há livros amarelados”, afirma.

A maior companhia editorial de Cuba, a Casa Editora Abril, ligada à União de Jovens Comunistas (UJC), publicou 100 títulos em 2021 e apenas 42 em 2022 – uma redução de 58%.

“Há um ano, nossa editora tinha apenas 6 mil pesos cubanos no caixa (o equivalente a 33 dólares )”, conta seu diretor, Adonis Subit Lamí. “Ela quase chegou ao ponto de quebrar.”

A Abril também publica seis revistas voltadas aos públicos infantil, adolescente e jovem. Elas ficaram três anos sem poder ser impressas e agora voltaram a sê-lo. Contudo, isso demanda 403 toneladas de papel por ano e a editora só consegue obter 100 toneladas para publicar as revistas.

Como Cuba praticamente não produz papel, precisa importar quase tudo o que consome. No entanto, o bloqueio econômico imposto pelo governo dos Estados Unidos no início da década de 1960 estabelece que qualquer mercadoria que seja produzida ou tenha algum componente produzido nos EUA não pode ser vendida a Cuba, assim como uma empresa de qualquer país que tenha qualquer tipo de relações comerciais com os EUA não pode fazer comércio com Cuba, sob o risco de multas pesadíssimas.

Logo, Cuba não consegue comprar a quantidade de papel necessária, tampouco os equipamentos gráficos necessários. Todos os que a ilha produz estão defasados. Até mesmo os jornais tiveram a circulação reduzida. Não se vê nenhum tipo de periódico sendo vendido nas ruas de Havana, nem mesmo o famoso jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba.

“Há mais livros em sebos, porque são livros velhos. As livrarias, como no mundo todo, vendem livros novos e, como quase não se lança mais livros em Cuba, elas estão vazias”, declara Arelys Peña, dona de um sebo na rua Obispo, no centro de Havana. “O bloqueio dos EUA impede Cuba de importar os materiais necessários para imprimir livros”, completa.

A Abril tem o potencial de produzir até 300 títulos por ano, mas não poderia imprimi-los. Hoje, 100 títulos estão esperando na fila porque não podem ser impressos. “O que é impresso tem uma qualidade muito duvidosa”, reconhece Lamí. Uma edição da revista infantil Zunzun de 2023 se parece mais com alguma relíquia da década de 1960, em termos de qualidade do papel.

Apesar da escassez de livros, em Cuba há títulos que jamais puderam ser encontrados no Brasil e que são muito raros no resto do mundo. Toda livraria ou sebo conta com publicações interessantíssimas de história nacional e da América Latina, ciências sociais, política internacional, filosofia e marxismo, bem como livros de autoria dos líderes da revolução: Fidel e Raúl Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, dentre outros. Há também, obviamente, a riquíssima literatura cubana e latino-americana, infelizmente ignoradas pela maioria das editoras e livrarias brasileiras.

O preço é o grande atrativo. Muitos livros custam menos de um real. A maioria custa menos de 30 reais. Um livro pode ser até sete vezes mais barato que um copo de suco em um bar comum do centro de Havana.

A população cubana tem um nível de cultura acima da média. Mais de 99% dos adultos são alfabetizados. Logo, os cubanos adoram ler. O bloqueio norte-americano os impede.

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