O portal do Movimento Esquerda Socialista (MES), corrente do PSOL de Luciana Genro e Sâmia Bomfim, fez um artigo convocando para um ato no dia 8 de julho, em São Paulo, chamado “’Lutar não é crime’”, em defesa dos mandatos de seis deputadas de esquerda que estão enfrentando uma tentativa de intimidação machista no Conselho de Ética da Câmara”. É o que explica o texto, assinado pelo “Mandato Sâmia Bomfim”.
Segundo o artigo, além de ser contra a perseguição sofrida pelo MST, alvo de uma CPI juntamente com outros movimentos sociais, o ato também é contra seis deputadas que estão sofrendo com um pedido de cassação pedido pelo PL, partido de Bolsonaro.
O absurdo motivo do pedido de cassação é o de que as deputadas participaram de um protesto contra o Marco Temporal, quando este estava sendo aprovado pela Câmara. O alvo da direita são Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Juliana Cardoso (PT-SP).
É preciso denunciar a perseguição contra essas deputadas da esquerda. Mas é preciso também fazer um alerta: o que está acontecendo com essas deputadas não é por acaso. Desde o golpe de Estado, existe um vale-tudo no Brasil. Os direitos democráticos básicos não são respeitados.
Deputados são cassados simplesmente por emitir opinião política, seja ela qual for. O direto à imunidade parlamentar, por exemplo, não existe mais no País. Se não é a própria Câmara que cassa um deputado por motivos políticos, é o STF que interfere é faz o serviço.
A esquerda parlamentar infelizmente reforçou essas arbitrariedades defendendo a cassação de parlamentares sob o pretexto de serem bolsonaristas.
Defenderam que Daniel Silveira fosse cassado pelo STF. Pediram a cassação de Nikolas Ferreira por “transfobia”. Apenas para ficar em dois exemplos. Para que o golpe de Estado fosse concretizado, a burguesia teve que passar por cima de direitos. A esquerda ficou feliz quando a burguesia passou a usar os mesmos métodos anti-democráticos contra os bolsonaristas.
A esquerda caiu na ilusão de que o STF, por exemplo, está realmente combatendo o bolsonarismo.
Ao defender tais arbitrariedades, a esquerda reforçou o vale-tudo. Esse é o problema de uma política sem princípios, meramente de ocasião.
Agora, o PL quer usar os mesmos métodos que a esquerda apoiou contra os deputados bolsonaristas.
A esquerda, que se acha muito esperta, dirá: “mas a direita sempre vai perseguir a esquerda”. Isso até pode ser verdade, mas na medida em que todos os direitos democráticos são abolidos, torna-se muito mais fácil a perseguição. Se é possível pedir a cassação de um Nikolas Ferreira por algo que ele falou, também é possível pedir a cassação da alguém de esquerda por ter participado de um protesto.
Algum esquerdista dirá que: “lutar não é crime”, conforme o nome dado ao ato. De fato, concordamos com isso e devemos denunciar a política da direita. Mas o problema aqui é saber quem vai definir o que é crime. Falar também não é crime, mas está virando crime. Lutar pode ser muita coisa e pode se transformar em crime se depender da interpretação de alguém.