A cúpula de dois dias do G20 começou neste sábado (9), na cidade de Nova Délhi, na Índia. A reunião contará com a presença de todos os membros do grupo, que representam cerca de 90% do PIB global. Os convites foram estendidos a nove outras nações, incluindo Bangladesh, Egito, Maurício, Holanda, Nigéria, Omã, Cingapura, Espanha e Emirados Árabes Unidos. Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, não participarão da reunião, assim como o ucraniano Volodymyr Zelensky.
Sob a influência do imperialismo, o tema do encontro foi “Uma Terra, uma Família, um Futuro”, com os debates centrados em questões como mudanças climáticas, crescimento sustentável, igualdade de gênero e o conflito na Ucrânia. Apesar dos temas e da ausência de Rússia e China indicarem uma monopolização da reunião, um dos objetivos dos EUA e das nações desenvolvidas era que o bloco adotasse a política imperialista em relação à ofensiva russa contra a OTAN na Ucrânia, o que não aconteceu.
Segundo a agência Reuters, o parágrafo especial da declaração conjunta dedicado à “Situação geopolítica” permaneceu em branco, enquanto todos os outros parágrafos que abrangem tópicos que vão da dívida global e criptomoedas às mudanças climáticas foram devidamente preenchidos (“G20 draft declaration leaves paragraph on Ukraine blank”, Shivangi Acharya, Sarita Chaganti Singh, Nikunj Ohri, 8/9/2023). “Os negociadores do G20 não conseguiram resolver os desacordos sobre a redação da declaração da cúpula sobre a guerra na Ucrânia na sexta-feira, de acordo com um rascunho obtido pela Reuters, deixando qualquer possível avanço para os líderes do bloco durante a reunião de dois dias”, informa a matéria supracitada.
Expressando de maneira mais contundente o golpe, a Ucrânia criticou a falta de uma declaração conjunta cúpula contra a invasão russa, argumentando que os membros do G20 “não tem nada do que se orgulhar” a respeito dos termos que o documento reservou ao conflito no país. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko, lamentou que a Ucrânia não participasse da redação da declaração e considerou um golpe a manobra alegada pelos membros de declarar “nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”.
Representando diretamente o imperialismo, encontravam-se os presidentes, Joe Biden dos EUA, o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, e primeiro-ministro japonês Fumio Kishida. A reunião está prevista para se encerrar neste domingo (10), mas já traz conclusões importantes sobre os rumos da política mundial.
O imperialismo segue incapaz de dobrar as nações atrasadas aos seus interesses. Não conseguiu isolar a Rússia desde o início do conflito no Leste Europeu, em fevereiro do ano passado, e menos força ainda demonstra agora, no momento em que a dificuldade para disciplinar a África torna flagrante a fraqueza da ditadura global. Aliado à falta de coesão política para aventuras militares, a crise econômica que se alastra pelo bloco dominante os coloca em uma posição de grande debilidade, em proporções inéditas desde o fim da Segunda Grande Guerra.
Inevitavelmente, a crise em andamento no cenário global será refletida no interior das nações, levando a uma radicalização da luta de classes também nos países. Isto abre possibilidades importantes para o conjunto da classe operária mundial, que, tal como as nações atrasadas, devem impulsionar uma ampla mobilização para enfrentar seus opressores.