Uma das pessoas que vem tomando o centro da atenção como “defensor das mulheres” contra a República Islâmica do Irã é um cidadão chamado Gilad Erdan. Na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorreu no mês de setembro desse ano, Erdan aproveitou para fazer seu teatro por ocasião do discurso do presidente Iraniano, Ebrahim Raisi.
Simultaneamente à fala, o político sionista começou a andar de cima para baixo no salão em que estava sendo realizada a assembleia, carregando uma foto de Mahsa Amini (iraniana que morreu em Tehran em 2002) com a seguinte mensagem: “Mulheres iranianas merecem liberdade agora”.
Mas quem é ele? Embaixador do Estado Fascista de Israel nos Estados Unidos e, também, representante do sionismo na ONU.
Mais hipócrita do que isto, impossível. Afinal, trata-se de um representante oficial do Estado Fascista de Israel, uma ditadura que foi estabelecida sobre a limpeza étnica de palestinos que viviam na região anteriormente. Limpeza étnica esta que continua nos dias atuais, em especial através da política genocida de confinar 2 milhões de palestinos em 365 km², fazendo da Faixa da Gaza um verdadeiro campo de concentração, o maior da história (ultrapassando inclusive Auschwitz).
Obviamente, a opressão sionista contra os palestinos afeta profundamente os direitos e as liberdades das mulheres palestinas. A título de exemplo, recentemente, no mês de julho, mais de uma dúzia de soldados israelenses invadiram a casa da família ‘Ajlouni, com cachorros para uma busca de “rotina”. Cinco mulheres foram separadas de seus filhos e colocadas em um quarto, em que tiveram que se despir para serem revistadas. Ao final, levaram preso um dos membros da família.
E isto é apenas um caso dentre incontáveis.
O que dizer das dezenas de milhares de palestinos assassinados no decorrer de sete décadas de ocupação sionista? As humilhações diárias, as prisões arbitrárias, torturas e assassinatos de seus companheiros e filhos não constituem um ataque aos direitos das mulheres? Apenas a questão do véu é importante?
Apenas no recente bombardeio a faixa de casa, a Ditadura Fascista de Israel já matou cerca de 100 crianças. Isto não constitui uma violação dos direitos das mulheres mães? E as que foram assassinadas? Não tinha direito também.
Essa contradição serve para expor a demagogia da política identitária e de seus “ativistas” e defensores. É, no fim, apenas um disfarce para justificar a intervenção do imperialismo nos países oprimidos. Não se trata de uma defesa da mulher, seja ela iraniana ou de qualquer outra nacionalidade. Pelo contrário, serve, ao fim, para mais violações aos direitos democráticos das mulheres. Afinal, quando o imperialismo é bem sucedido em golpes de Estado, tudo o que se segue é destruição.
Assim Gilad Erdan fazendo “protesto” e demagogia com a defesa da mulher iraniana é uma personificação da hipocrisia do identitarismo, expondo-a claramente como algo a serviço do esmagamento dos povos oprimidos. No caso específico do Irã, a política identitária é voltada à derrubada do governo nacionalista dos aiatolás, para que seja substituido por algum serviçal dos EUA, que promoveria uma devastação sem precedentes sobre o país, esmagado o povo e privando as mulheres de absolutamente todos seus direitos.
A cada dia fica mais claro que toda a política identitária serve para dificultar a luta dos países oprimidos por sua libertação nacional. É uma política que vem direto dos Estados Unidos e demais países que conformam o bloco imperialista.
O que se faz é um aproveitamento oportunista das lutas de mulheres, negros, lgbts, índios etc. por direito democráticos. Elementos carreiristas desses setores sociais são promovidos para criar a ilusão de que direitos estão sendo conquistados, sendo que o que ocorre é apenas oportunistas galgando cargos e enriquecendo.
Outro aspecto dessa política é a política de dividir os oprimidos para mantê-los nessa situação, utilizando-se da “identidade”, de forma a apresentar o homem e a mulher como inimigos irreconciliáveis, os negros e brancos etc.
Nos países do Oriente Médio, a questão dos direitos democráticos das mulheres é de particular importância. Afinal, em praticamente todos os países, a religião islâmica ocupa um papel central da vida política. E, é claro, os costumes retrógrados acabam se sobressaindo sobre muitos direitos democráticos.
O imperialismo se aproveita disto para fomentar dissenso entre a população dos países oprimidos da região. A luta das mulheres por direitos democráticos é sequestrada pelo imperialismo (geralmente através de ONGs). Então, movimentos identitários “feministas” são criados para atacar governos nacionalistas.
No período mais recente, os principais alvos dessa política identitária no médio oriente são o Irã e o Afeganistão. Este último expulsou o exército ianque em 2021, através de derrota avassaladora. A principal força política que comandou aquele processo revolucionário foi o Talibã, uma organização islâmica fundamentalista. O imperialismo vem se utilizando de uma falsa defesa das mulheres contra o fundamentalismo para justificar quaisquer ações atrozes contra o país.
Em relação ao Irã, o país persa também vem sendo alvo da ação identitária do imperialismo. À medida em que o Irã vem se fortalecendo e o imperialismo enfraquecendo, à medida em que a luta dos países árabes para se livrarem da ditadura imperialista mundial avança, luta esta encabeçada pelo regime dos aiatolás, a imprensa burguesa intensifica sua propaganda identitária de defesa da mulher iraniana.
Nos últimos anos foram frequentes as notícias de mulheres iranianas tendo direitos democráticos violados.
Contudo, como se trata de jornais imperialistas, a propaganda é voltada a condenar a religião islâmica e pintar o Estado surgido da Revolução Iraniana como algo monstruoso, em que violações aos direitos humanos ocorrem sistematicamente. Apesar da demagogia, não há nenhuma real luta pelos direitos democráticos das mulheres; há apenas a utilização disto para que ativistas financiados por ONGs peçam a dissolução do governo nacionalistas dos aiatolás.
Mostrando que o imperialismo impulsiona essa política identitária para fins de dar um golpe de Estado no Irã, a mais recente ganhadora do prêmio Nobel da Paz foi uma ativista identitária iraniana, financiada indiretamente pela Open Society Foundations (Soros) e pela Freedom House (think tank norte-americano). Prêmio esse que sempre é concedido a imperialistas ou a lacaios do imperialismo.